Tag: Emissões de GEE

Eficiência Energética e redução de emissões de GEE.

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Exemplo de Desenvolvimento Sustentável Difuso.

Energy Efficiency Is the Largest Contributor to Reducing CO2 Emissions | EMSEnergy Efficiency Is the Largest Contributor to Reducing CO2 Emissions | EMS

Energy Efficiency Is the Largest Contributor to Reducing CO2 Emissions

Energy-CO2

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According to the International Energy Agency (IEA), energy efficiency can deliver 38 percent of what is needed to keep our planet within the two degree scenario of global warming by 2050. Taking that into account, we should put energy efficiency first when we discuss solutions to climate change. The fact is that the technologies and solutions to make it happen already exist, and make good business sense. We just need to accelerate adoption of them. So, how do we do this?

Let’s start with the prerequisite — the technologies and the difference they can make in industry, buildings, and within energy supply.

The building sector accounts for approximately one-third of global energy use and is expected to contribute 45 percent of efficiency-related CO2 emissions savings by 2040 as a result of stricter building codes and the introduction and tightening of energy performance standards for appliances and heating equipment. Technologies like advanced variable-speed compressors, control valves and radiator thermostats can cut up to 40 percent of the energy used in the cooling and heating systems, and pay-back time is low. They have already helped make famous buildings more sustainable – such as Empire State Building, Shanghai Tower, and Tour Carpe Diem — and the potential globally is huge.

Regarding industry, there is also a lot to gain. Industry accounts for almost 40 percent of global energy use and is expected to contribute 21 percent of efficiency-related CO2 emissions savings by 2040. Electric motors account for the majority of the industrial electricity demand, which creates a strong case for optimizing electric motor systems – for instance, through variable-speed drives, which the IEA suggests be made mandatory. According to our experience, they can typically reduce energy consumption by 15-40 percent. Yet, 70-80 percent of new industrial motors worldwide are not fitted with these drives — and that number is greater among motors already installed.

Buildings and industry are, of course, part of a larger energy system with an infrastructure to distribute power as well as hot and cold water. Every day, more than half of the energy used for the generation of electricity vanishes into the air. This colossal energy waste spurs the development of district heating and cooling systems to capture the surplus heat from power generation, industrial and other processes to heat or cool buildings and supply domestic hot water. Actually, 58 percent of the CO2emission reductions required in the energy sector by 2050 could be achieved through a broad application of this type of solution. In Denmark’s capital Copenhagen, as much as 98 percent of the heat demand is covered by district heating, which is an important cornerstone in its vision of becoming the world’s first carbon neutral capital by 2025. Cities like Anshan, Dubai, Hamburg, Paris and Warsaw are also leveraging the potential.

Adding to this, energy efficiency provides an enormous opportunity to integrate any kind of renewable energy source into a smart energy system. For example, district energy networks as well as supermarkets and cold storage facilities make it possible to store energy and balance demand and supply according to the availability of renewable sources.

All this sounds great, right? However, back to my first question — how do we accelerate the adoption of the technologies and solutions? IEA projections reveal that only a third of the energy efficiency potential will be obtained under the existing and discussed policies — even though the potential climate impact from using less energy is enormous and pay-back time low.

COP21 would be a good place to start. World leaders should ensure that the new global agreement enables greater uptake of energy-efficient solutions to accelerate the use.

We need to create frameworks on global, national and regional levels that make it easier to overcome barriers such as funding, policy incentives, knowledge sharing and education. In short: we must make it easy to become energy-efficient.

Collaboration between cities and businesses – or private-public partnerships – should also be increased in order to deliver state-of-the-art, innovative solutions and secure necessary financing.

Energy efficiency is an obvious choice for combating climate change, and we are on track when it comes to technology. Let’s go for a strong agreement in Paris that can help realize the great potential.

 

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Mudança da Matriz Energética. – Parte I: Benchmark Alemanha

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Aspectos de exemplo de Mudança de Matriz Energética:  Energiewende da Alemanha.

Parte I:  Configuração de um benchmark.

 Introdução.

O progresso na transformação da matriz energética na Alemanha e as dificuldades enfrentadas são acompanhadas com interesse pelos demais países porque a Alemanha arrojou se adiantar e manteve por algum tempo uma liderança no desenvolvimento e na implantação da tecnologia da geração eólica, em conjunto com a Dinamarca, e da energia solar, que incentivaram seguidores no âmbito global.  A Alemanha cumpriu os compromissos do Protocolo de Kyoto.  Atualmente executa uma Política que deve ser entendida como um exemplo de Projeto de Mudança da Matriz Energética, ou Projeto de Desenvolvimento Ambiental Sustentável, como descrito a seguir:

Metas:                                                                                                                                              –  Redução de emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – no mínimo em 80% em relação a 1990, se possível em 95% em 2050.                                                                           –  Manutenção dos custos de energia elétrica próximo ao nível atual.                                        –  Em 2050, 80% do consumo de energia deverá ser provido por fontes renováveis.

 Abordagens:                                                                                                                                 –  Implantação da geração com fontes renováveis de energia em substituição às fontes fósseis carvão, petróleo e gás natural com simultânea eliminação da energia nuclear.  As principais fontes de energia renovável são eólica, tanto on-shore como off-shore, e solar, principalmente fotovoltaica.  Espaço para bioenergia e geotermia.                                             –  Aumento da eficiência energética na economia de forma a consumir em 2050 a metade da energia consumida em 2008, apesar de um crescimento da economia.

 Expectativa:                                                                                                                                  –  A Alemanha deverá ter uma das economias com mais alta eficiência energética e proteção do meio ambiente e ao mesmo tempo com competitividade reforçada.                    –  Em 2020 a Alemanha deverá ter um mercado e uma produção líder em veículos com acionamentos elétricos.  Deverá também ocupar uma posição de liderança na técnica e na fabricação de baterias – acumuladores – e células de energia.                                                     –  40 % do consumo de energia e 30 % das emissões de CO2 são causados nos prédios, por exemplo pelo aquecimento no inverno.  Em 2050 estas emissões devem estar eliminadas.  Isto significa que o consumo nos prédios precisa ser reduzido e estarem instaladas técnicas baseadas em energia renovável.                                                                                                           –  Terminação da dependência de importação de combustíveis fósseis.

Método:                                                                                                                                          –  Condução de um Projeto combinando metas, legislação, monitoramento, e incentivos / subsídios a investimentos além de condições para um desenvolvimento difuso.                      –   Intensiva atividade de consultoria para a redução do consumo de energia.                          –  Projeto nacional de desenvolvimento do sistema de transmissão de energia.                      –  Particular atenção no equilíbrio do sistema elétrico.                                                                  –  Pesquisa no campo de armazenamento de energia, sistema de rede, energias renováveis, sistemas de distribuição inteligentes etc.

 

Situação em início de 2015:                                                                                                     –  A implantação da geração com fontes renováveis criou 371.000 empregos.                       –  Em 2014 investiram-se 18,8 bilhões de Euros em energias renováveis.                                 –  Em 2014 investiram-se 44 bilhões de Euros em saneamento de imóveis.                              – Estima-se que em 2015 se investiram adicionais 6,5 bilhões de Euros em medidas para a redução do consumo de energia.                                                                                                          –  Em 2013 houve uma economia na importação de combustíveis fósseis de 9,1 bilhões de Euros.                                                                                                                                                         –  Redução do consumo total de energia em calor/aquecimento, energia elétrica e combustíveis em 12,4%.                                                                                                                        –  Capacidade instalada de geração com fontes renováveis no nível de 80 GW, dos quais 30 GW eólicos.  Há aproximadamente 1,4 milhões de instalações fotovoltaicas, somando 40 GW instalados.  10 GW instalados se dividem entre instalações hidrelétricas, bioenergéticas e geotérmicas.                                                                                                              –  O programa de saneamento de prédios já alcançou 3,7 milhões de domicílios, desde 2006, tendo-se investido 187 bilhões de Euros.  O programa garante 2,5 milhões de empregos.

 —  das circunstâncias:                                                                                                           Em cada país, sociedade, a redução das emissões de GEE, que é a motivação dos esforços para as mudanças das matrizes energéticas, está relacionada e condicionada às circunstâncias econômicas, ambientais e sociais vigentes.  Na Alemanha:                               –  A situação econômica é de baixo crescimento do PIB, pratica-se uma política fiscal de equilíbrio orçamentário, os juros básicos são baixos ao nível da inflação entre 1% e 2%, a situação de ocupação é de pleno emprego, a situação social com 80 milhões de habitantes é de satisfatório funcionamento dos serviços sociais e a ocorrência de pobreza insignificante – IDH acima do 0,9 (muito alto).  A condição de vida nas zonas rurais é comparável com as condições nas cidades.  As distâncias são curtas.                                        –  A balança comercial da Alemanha é positiva, com exportação de produtos industriais de reconhecida qualidade e importação de combustíveis e alimentos.                                             –  Vegetação original de floresta temperada, hoje sendo parcialmente recuperada, mas predominantes florestas industriais.                                                                                                  –  A política de mudança da matriz energética conta com o apoio e mesmo o interesse da sociedade.  O fechamento das usinas nucleares resulta de reivindicações da opinião pública.  O progresso na redução de emissões de CO2 é atentamente observado.  Existe um Partido Verde que já participou de uma coalizão de governo.

Com as reservas devidas ao tema, pode-se afirmar que a Alemanha está próxima da Situação Sustentável nas dimensões social e econômica.

Poluição atmosférica nas Cidades e emissões de GEE

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Poluição atmosférica nas cidades.

Mudanças Climáticas e cidades. Nova Dehli, na Índia, e várias cidades da China com ar poluído a ponto de dificultar a visão. Acontece que as cidades são vítimas das fábricas, da geração com carvão mineral e dos veículos. Processos industriais pouco poluentes existem; as usinas termelétricas com tecnologia moderna poluem menos, mas há fontes de energia renovável suficientes para substituí-las todas; acionamentos veiculares elétricos e híbridos com biocombustíveis se imporão num prazo de uma década. O céu voltou a ser azul sobre a região do Ruhr e o fog sobre London desapareceu. Porque Washington Novaes não se lembrou disso no artigo de hoje – 01.01.2016 – no OESP?  As cidades são vítimas e não causadoras de emissões de GEE.

 

Avaliação do INDC apresentado em New York pelo Governo do Brasil

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Avaliação do INDC apresentado em New York pelo Governo do Brasil.

As metas brasileiras

Objetivos que, segundo Dilma, o Brasil levará à próxima conferência da ONU sobre o clima, em Paris, em dezembro:

  • Entre 2005 e 2025, reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa em 37%. Até 2030, chegar a 43%
  • Acabar com o desmatamento ilegal
  • Restaurar 12 milhões de hectares de florestas
  • Recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas
  • Integrar 5 milhões de hectares de lavoura-pecuária-florestas
  • Garantir 45% de fontes renováveis no total da matriz energética
  • Ampliar para 66% a participação da fonte hídrica na geração de eletricidade
  • Ampliar para 23% a participação de fontes renováveis (eólica, solar e biomassa) na geração de energia elétrica
  • Aumentar em cerca de 10% a eficiência elétrica
  • Aumentar para 16% participação de etanol carburante e das demais biomassas derivadas da cana de açúcar no total da matriz energética

 

Auto-avaliarão do Governo.

O governo proclama que as metas publicadas são “ambiciosas” e que colocariam o Brasil na vanguarda dos esforços globais pela mitigação das Mudanças Climáticas.  E ainda aponta para as reduções alcançadas pela redução de desflorestamentos, que hoje estão estacionados em 5.000 km2, correspondentes à área de um quadrado com 70 km de lado.  Não encontra repercussão na sociedade, já pela simples razão de que poucos cidadãos estão em condições de avaliar um contexto dessa complexidade e diversidade.  Por outro lado é difícil entender o silêncio da Sociedade Civil Organizada das ONGs ambientalistas, mesmo daquelas que nas redes sociais se apresentam como defensoras do Desflorestamento Zero, que não consta nas metas oficiais.

As metas não explicitam valores para o nível de emissões nos prazos de 2025, 2030 e 2050.  Segundo interpretações publicadas em noticiários, as emissões do Brasil não mudariam significativamente até 2030.

 

Base de comparação para uma avaliação.

A visão defendida desde a redação de “Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável?” baseia na compreensão de que a contribuição para a realização da Situação Sustentável não é mais que o desempenho da Responsabilidade diante da humanidade pelas Condições de Vida no futuro.  Então também não cabem comparações com os desempenhos de outros países.  Sob esta perspectiva cada participante deve esgotar as possibilidades das ações que estiverem no seu alcance.

Por isso perguntamos:  (Vide “Mensagem a agentes políticos no Brasil”)

“O que deveria ser a proposta do Brasil na COP 21 – o “INPC responsável” – e que deve ser cobrado por COP 21 em Rede, pela Cidadania?”

Na Situação Atual as emissões de GEE do Brasil em 2011 foram de cerca de 1, 500 GtCO2equiv. compostas de 1/3 de desflorestamentos, 1/3 de geração de energia elétrica e transportes, e 1/3 de agropecuária, processos industriais e resíduos.  E possibilidades irrefutáveis de ações para o Desenvolvimento Sustentável são:                                                    –  Os Desflorestamentos podem ficar muito próximos a zero já em 5 anos com uma política de Desflorestamento Zero Já.                                                                                                          –  Com incentivo à geração eólica e à energia solar fotovoltaica além da reativação dos biocombustíveis e à cogeração com bagaço de cana, as emissões no setor de energia poderão ficar muito próximas a zero em até dez anos, quer dizer até 2025.                             –  A redução das emissões da agropecuária requer a adoção intensiva de práticas e tecnologias disponíveis.

Então as emissões de GEE com que o Brasil pode e deve se comprometer seriam:

em 2020 1,000 GtCO2equiv

em 2025 0,500 GtCO2equiv

em 2030 muitíssimo baixas

antes de 2050 nulas, o Brasil passaria a ser sumidouro de CO2 para o benefício da humanidade e de sua própria economia com drástica redução da pobreza.”

 

Avaliação com referência ao Desempenho de Responsabilidade.

De início há de se constatar que a retração da base de referência de 2011/12 para 2005, quando as emissões eram mais altas, é uma flagrante tentativa de escamoteação.  Tal atitude não contribui para a credibilidade e para a respeitabilidade da atuação do governo brasileiro.

A referência ao “desmatamento ilegal” significa que o desmatamento em larga escala continuará a ser tolerado.  Este posicionamento só interessa aos agricultores e pecuaristas desflorestadores.  Trata-se de uma irresponsabilidade flagrante diante da sociedade brasileira pela influência sobre os regimes de chuvas em grandes extensos do território nacional e diante da humanidade pelo retardamento da redução das emissões globais.

A citação de três metas de tratamento de áreas já desflorestadas deve ser entendida como uma manobra para o desvio das atenções do problema dos desflorestamentos.  Não constam indicações de locais onde e como tais ações seriam executadas.  Não houve uma discussão publica destes tópicos.

O anúncio do aumento da fonte hídrica na geração de energia significa a continuação da construção de usinas na região amazônica.  São obras insustentáveis sob aspectos econômicos, ambientais e sociais, como demonstra o exemplo de Belo Monte, que não encontrou no mercado interessados pelo financiamento.  O desenvolvimento do aproveitamento do potencial eólico e solar tornaria desnecessárias tais obras.

O aumento em 10% da eficiência energética é considerado uma meta modesta por especialistas.  O dobro não seria difícil de ser alcançado.

A meta da utilização de combustíveis fósseis seria melhor compreensível e monitorável se estabelecesse objetivos de eliminação do carburante gasolina e da redução do combustível diesel nos transportes.

 

Conclusão.

Comparadas com as metas possíveis e dissecadas na medida do possível na compreensão de um cidadão interessado, as formulações de INDC do governo em New York não podem ser identificadas de outra forma que serem uma esforçada obra de enganação pública.

Sobre Desflorestamento Zero e Código Florestal permissivo.

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Sobre Política de Desflorestamento Zero responsável e Código Florestal permissivo.

Da Situação Atual.                                                                                                           Atualmente:                                                                                                                                         1.  O desflorestamento anual da Floresta Amazônica publicado e reconhecido pelo Governo é de 5.000 km2, que correspondem à área de um quadrado com 70 km de lado. Não estão considerados neste valor o impacto da extração de madeira, predominantemente ilegal, nem os “pequenos desflorestamentos” cometidos por assentados.                                           2.  O bioma Cerrado está 50% extinto e continua sendo devastado, sem que a ocorrência se torne pública.                                                                                                                                     3.  Apenas 7% da Floresta Atlântica continuam de pé.                                                                 4.  A destruição da Caatinga e a redução de chuvas favorecidas por desmatamentos produzem o risco de desertificação.                                                                                                 5.  Acusa-se o risco de savanização na Amazônia.                                                                         6.  A redução das chuvas reduz a vazão em bacias hidrográficas do rio São Francisco, de tributários da bacia amazônica, do rio Paraíba do Sul, do rio Doce e de outras mais.

Atuação do Governo.

–  Apesar da absurda extensão, o desflorestamento da Floresta Amazônica é qualificado pelo governo de “pequena” por já ter sido muito maior ainda.  Trata-se de um sofisma desfaçado.  As emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – resultantes de desflorestamentos – mudanças de uso da terra – são um terço das emissões do Brasil em 2011/12, ocupando o país ainda uma posição de grande poluidor da atmosfera.

–  Sustentada pelo Código Florestal, o governo distingue entre “desflorestamentos legal” e “desflorestamento ilegal”.  Segundo esta diferenciação, entre 1.500 km2 e 2.000 km2 seriam desflorestamentos permitidos aos proprietários de terras.  Em tese estes “desflorestamentos legais” terminariam, caso não ocorressem privatizações adicionais de áreas florestadas.

–  Entretanto o governo pretende incluir nas INDC – Intended Nationally Determined Contributions – para a COP 21 apenas a terminação dos “desflorestamentos ilegais” até 2030.  Isto significa que                                                                                                                     —  até 2030 imensas extensões da Floresta Amazônica simplesmente desapareceriam e que                                                                                                                                                         —  mesmo depois de 2030 os desflorestamentos poderiam continuar ao ritmo de áreas equivalentes a de quadrados de 40 km de lado.

Esta atuação do governo só pode ser julgada e absurdamente irresponsável.

Falta de percepção pela Sociedade.

O cidadão urbanizado não se dá conta do desmatamento.  Historicamente a ocupação de terras foi percebida como progresso.  A biodiversidade e sua extinção são categorias abstratas.  Os biomas estão longe do alcance de seus sentidos.  O cidadão não percebe que propriedade da Nação está sendo privatizada sorrateiramente, ou seja, roubada, porque a ocorrência não atinge as suas condições de vida.  Apenas com a emergência da estiagem que põe em risco o abastecimento d’água emerge uma maior atenção às causas.

Fatos.

Todavia:  (O crime de)  A apropriação indevida, o roubo, não deixa de ser ato criminoso quando a vítima não percebe.  E isto vale mesmo quando é perpetrado com apoio de uma forte bancada ruralista no Congresso.

Esta mesma bancada é autora do Código Florestal que preserva aos interessados representados – os agricultores e os pecuaristas – a possibilidade de se apoderar de mais espaços de floresta e de destruí-la.

Todavia:  A Ministra do Meio Ambiente reconhece em entrevista que para a causa da redução das emissões causadoras das Mudanças Climáticas, que ameaçam a humanidade inclusive a população do Brasil, não faz nenhuma diferença se o desmatamento é ‘apelidado’ de “legal” ou “ilegal”:  Trata-se apenas de um sofisma ardiloso.   Por que  a exigência aprovações de EIA/RIMA não se aplicaria à atividade agro-pastoril?

Sobretudo:  Os desflorestamentos não trazem nenhuma contribuição para o resgate da pobreza das populações da Floresta e da Caatinga.

A falta de percepção não isenta o cidadão da culpabilidade por omissão de protestos e reivindicações ao comportamento do Poder Público.

Conseqüências e conclusões.  

A reivindicação de uma Política de Desflorestamento Zero não é de forma alguma ingênua, mesmo que requeira uma modificação de um Código Florestal enganoso.  Trata-se da ação de menor custo para o desempenho da Responsabilidade da sociedade brasileira pelas condições de vida futuras da humanidade.  E determinaria o fim de práticas criminosas tradicionais.  A execução requer apenas “vontade política”.

A extensão das áreas degradadas e a urgência de medidas de restauração de vazões fluviais estabelecem a obrigatoriedade de extensas ações de reflorestamento na Floresta Amazônica, na Floresta Atlântica e no Cerrado.  Tais projetos ofereceriam um grande número de ocupações remuneradas para os contingentes de base da pirâmide social.  Promoveriam um Desenvolvimento Social Sustentável.  Também ofereceriam novas atividades na condução desses projetos tanto em órgãos públicos como em ONGs e na iniciativa privada.  Isto significa que impulsionariam o crescimento do mercado interno e do PIB.

Isto significa que a Cidadania – o coletivo de “Cidadãos por Responsabilidade” – engajada no Desenvolvimento Sustentável do Brasil não pode deixar de reivindicar as metas possíveis nos INDC para a COP 21, que se realizará em dezembro de 2015, nem vacilar de insistir no desempenho das respectivas ações.

COP 21 > Humanidade x Interesses no curto prazo. Parte II

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COP 21  >  A Humanidade confronta Interesses Nacionais & Privados.                                                       Parte I:  Na COP 21 em 2015

Evolução da cena e de posicionamentos esperados em 2015 na – COP 21.

Desde 2012 ocorreram algumas mudanças nas percepções.  Agora os investimentos na geração de energia elétrica com fontes renováveis superam os investimentos com fontes fósseis.  Os custos competem com a energia termelétrica e hidrelétrica.  Mesmo a geração fotovoltaica progride em instalações com centenas de MW, como na geração descentralizada pelos usuários domésticos e industriais.  A tecnologia de acionamentos híbridos e elétricos para automóveis aproximou-se da expansão nos mercados.  As tecnologias estão acessíveis em todos os países.  E o exemplo pioneiro da Alemanha comprovou que a mudança da matriz energética não compromete a competitividade da economia.

A meta adotada de limitação do aquecimento global a 2oC implica numa concentração máxima de GEE na atmosfera.  A discussão passou a girar em torno da parcela que caberia a cada participante num volume de emissões “ainda admissíveis”.  Neste volume todas as causas estão integradas, inclusive as emissões causadas por desflorestamentos, ou “mudanças de uso de terras”.

Como as ações serão sempre soberanas, estabeleceu-se que até início de outubro os países apresentarão metas voluntárias de redução de emissões – Intended National Determined Contributions (INDC) -.  Desta forma ocorrerão pressões para que na soma as contribuições caibam no volume de emissões máximas consideradas.

Assim sendo, os participantes não poderão mais se eximir de compromissos com metas e prazos.  Todavia isto não significa uma prontidão a desempenharem a Responsabilidade pelas condições de vida da humanidade com as melhores contribuições, que estiverem ao alcance.  Muitos países – entre eles o Brasil, Estados unidos e China – ainda não apresentaram o INDC e os conhecidos estão sendo julgados insatisfatórios.

As expectativas por ajudas financeiras nunca foram realistas e na atual situação de crise econômica o serão ainda menos.

 

Contribuição – INDC – possível e desejável do Brasil.

Considera-se inquestionável que os desflorestamentos de todos os biomas – amazônico, atlântico, cerrado, caatinga, mangues, campos – haverão de ser terminados no espaço de tempo mais curto possível.  O prazo de três anos é considerado factível, desde que haja engajamento dos Poderes Públicos.  Isto vale particularmente para a Floresta Amazônica e o Cerrado.  Acontece que a percepção da importância das florestas para a manutenção dos regimes de chuvas e a estabilidade dos fluxos nas bacias fluviais aumentou com a experiência recente de riscos de abastecimento d’água em São Paulo.  Por outro lado, projetos de recuperação de áreas degradadas, inclusive de regiões de fontes na bacia do rio São Francisco, ofereceriam numerosas oportunidades de trabalho remunerado na para contingentes pobres contribuindo para o desenvolvimento social.

É difícil prever as atitudes do atual governo diante da pressão destas realidades.  O atual discurso se vangloria de reduções de desflorestamentos até agora alcançados, embora a floresta amazônica ainda diminua no ritmo de 5.000 km2 por ano, área correspondente a um quadrado com 70 km de lado.  Propala-se a intenção de eliminar o “desflorestamento ilegal” até 2030, intenção considerada imoral pelas ONGs.  Infelizmente as ONGs também não assumiram uma posição convincente na proposta do Observatório do Clima.  Todas estas reticências são causadas por interesses particulares de ruralistas e madeireiros.

Evidentemente as emissões no Brasil se reduzirão por conta do aumento da eficiência na indústria, na iluminação e nos eletrodomésticos, na expansão da geração eólica, solar e na cogeração com bagaço e outros biocombustíveis, na retomada do etanol e na introdução de acionamentos elétricos para veículos.

Considerando conjuntamente todos os efeitos de ações programadas e difusas é possível admitir emissões no nível de 1.000 GtCO2eqiv em 2020 e de 500 GtCO2eqiv entre 2025 e 2030.  A rapidez das reduções também contribui para a limitação da concentração de GEE na atmosfera.

 

Importância da Cidadania.

Uma multidão acorrerá a Paris nas duas semanas da COP 21.  Pode-se contar com cinqüenta mil participantes na Conferência e em eventos paralelos, alguns bastante ruidosos.  Mas é pouco provável que o público influirá nos procedimentos oficiais, que serão blindados.

Preocupa que, malgrado as circunstâncias estabelecidas, critérios de interesses percebidos no curto prazo continuem a se sobrepor aos de Responsabilidade.  Diplomatas sempre negociaram tendo em vista interesses.  Uma ruptura cultural teria de ocorrer para mudarem o foco para a Responsabilidade pelas condições de vida da humanidade, que cada participante desempenha voluntária e incondicionalmente.  Terá amadurecida a percepção de que foi superada a hipótese de haver uma contradição entre as necessidades atuais e as necessidades futuras?

Caberia à Cidadania, ao coletivo dos Cidadãos por Responsabilidade de cada país, articular esta percepção.  A Cidadania brasileira haveria de se mobilizar, enérgica e enfaticamente, pela meta do Desflorestamento Zero Já e Reflorestamentos Intensivos Imediatos antes e durante a COP 21.

COP 21 > Humanidade x Interesses no curto prazo. Parte I

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COP 21  >  A Humanidade confronta Interesses Nacionais & Privados.                                                       Parte I:  Na Rio+20 em 2012.

Conferências internacionais.

As caracterizações de José Goldenberg no Estado de S.Paulo em 16.07.2012 são irretocáveis:  “Conferências internacionais são convocadas quando se torna evidente que cada país, isoladamente, não consegue resolver um determinado problema.  A vantagem de ações multilaterais, em que as nações atuam em conjunto, é que os países que relutam em cumprir os seus compromissos são coagidos a fazê-lo. (isto porque) Delas, em geral, resulta um tratado, uma convenção ou um protocolo que, uma vez ratificado pelo Parlamento dos países participantes, se torna lei nacional.”  Exemplo: A Convenção do Clima, adotada no Rio de Janeiro em 1992, durante a Rio92.

“O problema, neste caso são as emissões de gases de efeito estufa – GEE -, responsáveis pelo aquecimento da Terra, que nenhum país pode resolver sozinho.  É preciso que todos – ou a maioria deles – cooperem para reduzir as emissões.  O Protocolo de Kyoto, em 1997, reforçou a Convenção do Clima e teve sucesso relativo em reduzir as emissões globais.  Ainda assim é considerada uma convenção “leve”, porque não existem nela sanções para os que não cumprem suas determinações (como ocorre no Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares)”

Em 2012, “a Rio+20 poderia ter dado um novo impulso às negociações sobre o tema do desenvolvimento sustentável, mas não foi o que aconteceu”.

“Nenhuma decisão substantiva consta dos 289 parágrafos (!) do comunicado final, tendo sido removidos todos os que faziam recomendações concretas sobre erradicação da pobreza ou a redução do uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) e o aumento do uso de fontes renováveis de energia.”  E também não houve compromisso para a finalização de desflorestamentos.

Isto significa que não resultou nenhuma coação para ação.  Ou melhor, os participantes tiveram êxito em impedir que houvessem.  A Conferência Rio+20 foi um fracasso.  Por quê?  Uma resposta imediata é que os diplomatas se esforçaram por defender o que entenderam ser ‘interesses nacionais’ imediatos.

 

Interesses Nacionais presentes em 2012.

Na véspera da Conferência Rio+20 um artigo na Revista Veja, de 20.06.2012, apresentou interesses defendidos por blocos econômicos:

Questões em pauta:                                       Grupos:  

                                                     União Eur    EEUU          G77         Coréia do Sul                                                                                             Canadá       Brasil        Japão                                                                .                                       Austrália    Rússia                                                                                                                                                  China                                                                                                                                                    Índia

– Assumir compromissos             a favor        contra             contra          contra                              com metas e prazos

– Acabar com subsídios               a favor     em termos      em termos      contra                                ao petróleo.

– Fundar uma agência                  a favor     em termos        contra            contra                            Internacional independente.

– Criar um novo conceito              a favor       a favor            a favor          a favor                            de PIB.

– Ajuda financeira dos ricos      em termos  em termos        a favor         em termos                      para países em desenvolvim.

 

Deste quadro se depreende que

1. Todos são a favor de uma questão acadêmica, que não resulta em ações,                                    a criação de um novo conceito de PIB, cujo valor prático é duvidoso.

2. Os países do grupo G77 aceitariam de bom grado subsídios. É evidente.

3. Só a União Européia é a favor de assumir compromissos, de uma gestão                                    global com maiores poderes e da finalização a subsídios ao petróleo.

4. A expressão “em termos” é uma formulação diplomática de uma posição contrária.  A            terminação de subsídios ao petróleo aumentaria os preços nos países importadores                incapazes ou não dispostos a substituir o petróleo por fontes de energia renováveis.  E          contraria também os interesses privados das empresas produtoras, defendidos por seus      representantes diplomáticos.

5. Reduções de desflorestamentos e reflorestamentos sequestradores de GEE não constam     – explicitamente – na pauta de questões.

 

 

Considerações sobre a COP 21 – segunda de quatro.

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Considerações sobre a COP 21  – II

Evolução das percepções – e dos recursos – desde a Conferência Rio 92.

–  Na Conferência Rio 92 foram produzidos documentos importantes para o tratamento do Desenvolvimento Sustentável.  Consolidou-se a percepção das três dimensões a sustentabilidade:  Ambiental, Social e Econômica.  Mas estabeleceu-se também o conceito de “responsabilidades compartilhadas, porém diferenciadas” que contribuiu para o retardamento do progresso do desenvolvimento, particularmente quanto à redução das emissões de GEE.

De uma maneira geral as três dimensões da Sustentabilidade vêem sendo abordadas em separado.  Na dimensão social o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – criou o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – e propagou, a partir de 2000, as Metas do Milênio.  Uma das metas foi a extinção da fome até 2015.  Houve progressos parciais, sobretudo na saúde.  Agora as Metas do Milênio serão atualizadas nas “Sustainable Development Goal” – Metas do Desenvolvimento Sustentável.  De forma integrada as dimensões ambiental, social e econômica foram abordadas da Conferência Rio 92+20 em 2012, no conceito Economia Verde.

–  Em 1995 foi assinado o Protocolo de Kyoto, homologado em 2017.  Estabeleceu metas de redução de emissões de GEE para os países do “Anexo 100”, que são os países desenvolvidos.  Os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores, não aderiram.  Apenas a Inglaterra e a Alemanha alcançaram as metas.  A Inglaterra principalmente por substituir o carvão mineral pelo gás natural na geração de energia.  A Alemanha ao criar um projeto de mudança da matriz energética promovendo investimentos em geração eólica, solar e com biomassas, além de estabelecer a terminação gradual da geração nuclear.  O protocolo de Kyoto deverá ser sucedido por um acordo mais amplo, como está exposto acima em “Objetivos da Conferência”.

–  No quarto relatório do IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change – de 2004 foram definitivamente dissipadas dúvidas sobre a influência das ações humanas – antrópicas – no aquecimento global, nas mudanças do clima.

–  A meta de limitação do aquecimento global a 2o C já vem sendo discutida desde os anos 1990, mas só agora foi adotada como parâmetro para as tratativas.  Ela infere que a concentração de CO2 na atmosfera não pode ultrapassar 450 ppm.  Haveria então um volume de emissões ainda “toleráveis” a ser dividido entre todas as sociedades – países.  Um fator agravante a ser levado em conta é a permanência do CO2 na atmosfera por um período longo de 100 anos.

–  Todos os participantes devem apresentar até 1o de outubro as suas propostas INDC – Intended National Determined Contributions – de ações para redução das emissões de CO2.

–  A realização da meta está condicionada tanto à intensidade das ações, como à velocidade da execução.  A finalização de desmatamentos e a execução de reflorestamentos são mais fáceis e mais rápidas de serem executadas e ainda teriam efeitos econômicos e sociais positivos.

–  Desde 1992 houve um considerável progresso no desenvolvimento tecnológico em particular na geração de energia com fontes renováveis solar e eólica, resultando numa grande redução de seus custos.  Hoje os investimentos em geração com fontes renováveis já superam os investimentos em geração com fontes fósseis.  Na área dos transportes os acionamentos elétricos e híbridos se disseminarão até 2020.

–  A percepção dos problemas ambientais pelas sociedades tem aumentado consideravelmente.  Recentemente o Papa Francisco publicou a encíclica ‘Laudato Si’, dedicada ao empenho pelas condições futuras de vida.  Este posicionamento fortalece as posições de pressão das Sociedades Civis Organizadas – ONGs – e das Cidadanias.

 

Recursos para a redução das emissões de GEE – estabelecimento de uma “economia de baixo carbono”.

Podem-se distinguir duas componentes no Desenvolvimento Sustentável:  Um desenvolvimento difuso e um desenvolvimento projetado.  No contexto das reduções das emissões de GEE para estabilizar o clima o desenvolvimento difuso resulta do desenvolvimento tecnológico quando as lâmpadas incandescentes são substituídas por lâmpadas mais econômicas no consumo de energia e mais duradouras e quando as indústrias racionalizam o consumo de energia, água e matérias primas, além de reduzir os resíduos.  O aumento da eficiência energética de um país – PIB/kWh – pode ser entendido como desenvolvimento difuso, ainda que o Estado estimule tais procedimentos através de normatizações, subsídios ou penalizações.  A emergência dos acionamentos elétricos, híbridos e dos biocombustíveis também está neste contexto.  Os cidadãos decidem suas ações segundo as vantagens econômicas.

Por outro lado só os Estados têm autoridade e poder para impor aos agentes do mercado uma mudança da matriz energética, a finalização de desflorestamentos e projetos de reflorestamento intensivos.  Cabe então o conceito de Desenvolvimento Ambiental Projetado.

São próprias de cada país as possibilidades para reduzir suas emissões e operar uma economia de baixo carbono.  Em princípio as ações alcançam:

Abordagem                                  Exemplos de intervenções

–  A geração de energia elétrica:…….por substituição de fontes fósseis por fontes renováveis                                                          [mudança da Matriz Energética]

–  A produção industrial            :…….racionalização dos processos, reciclagem, reutilização

–  O consumo doméstico e nos serviços:  eletrodomésticos e aparelhos mais eficientes,                                                                    isolamento térmico, arquitetura “verde”,                                                                                        comportamentos adequados como para redução de                                                                        desperdícios.

–  As emissões agrárias e pastoris:  adaptação de procedimentos como o plantio direto,                                                                 dosagem de adubação, dos herbicidas e dos defensivos,                                                                 cultivo das espécies, aumento da produtividade do solo.

–  Transportes                           :…….biocombustíveis, acionamentos elétricos, transportes                                                               públicos.

–  Florestas                                 :……terminação de desflorestamentos e reflorestamentos.

–  Resíduos                                 :…….redução e manejo adequado.

 

Comentários sobre as abordagens da redução de emissões.

Antes de considerar as INDCs que se podem e se deveriam esperar dos diversos países, cabe observar que as abordagens de redução de emissões de GEE têm qualidades diferentes.  Assim:

–  As reduções de demanda por eletricidade e água, assim como o encaminhamento de resíduos para a reciclagem e cuidados contra desperdício no domínio dos consumidores e dos serviços são efeitos de desenvolvimentos difusos.

–  As reduções de emissões na produção industrial, embora possam ser incentivadas por normas, resultam do desenvolvimento tecnológico e da concorrência nos mercados.  São também desenvolvimentos difusos.

–  Na produção agrária e pastoril a situação é análoga.  Soma-se o ainda enorme desperdício – perdas – durante o trajeto da colheita ao consumo.

–  No setor dos transportes somam-se obras de estrutura pública, como o de transportes sobre trilhos, regulações sobre combustíveis e emissões, com evoluções tecnológicas e comportamentos.

–  Quanto às emissões causadas por resíduos somam-se aspectos de redução dos volumes pelos causadores e os tratamentos e depósitos sob cuidados de órgãos públicos.  Esta parcela de emissões é pequena diante das demais.

–  A configuração da matriz energética é nitidamente responsabilidade do Estado.  Trata-se de um desenvolvimento projetado.  Só o estado tem autoridade de poder para orientar os investimentos.  Em princípio a iniciativa privada não está interessada em alterar a estrutura do seu negócio.  Os investimentos em substituição de tecnologias reduzem os lucros no prazo imediato.  A migração para as energias limpas tende reduzir e até a extinguir as atividades e os mercados ‘tradicionais’ com as fontes fósseis – carvão, petróleo e gás natural -.  A redução de consumo de combustíveis fósseis causará o desenvolvimento difuso da diminuição de seus transportes.

–  Em muitos países, entre os quais o Brasil, a importância da influência das florestas sobre o clima – regimes de ventos e de chuvas em muitos países, não é percebida desde  muito tempo.  O progresso foi identificado com “abertura de fazendas” para culturas café, cana de açúcar e alimentos ou formação de pastagens.  A extração de madeira não era contestada.  Na Europa as florestas virgens temperadas foram praticamente extintas.  Estão substituídas por reflorestamentos bastante extensos tanto industriais, como de reservas naturais, que ainda progridem.  A gestão dos biomas foi incorporada às responsabilidades dos Poderes Públicos pelo bem-estar das populações.  Trata-se da destinação de grandes extensões de terra, no Brasil em grande parte pertencentes à União.  E trata-se também da proteção de nascentes, de vegetação ribeirinha, de prevenção de erosão e assoreamentos.  Está envolvido o suprimento de água, a vazão de rios e a conservação da biodiversidade.  A diversidade dos aspectos, as extensões dos territórios alcançadas e suas diferenças além da gravidade das conseqüências das ações ou omissões inadequadas para populações nacionais e globais implicam que os desenvolvimentos da cobertura vegetal precisam ser programados e gestados pelos Estados com projetos regionais ou nacionais.  A terminação de desflorestamentos não causa custos ou retardamentos de desenvolvimento social significativos.  Projetos de reflorestamento são produtivos em prazos maiores de 10 anos e geram oportunidades de trabalho e de integração social na base da pirâmide social.

Esta diferenciação das abordagens da redução das emissões de GEE esclarece porque as tratativas na COP 21 se concentrarão sobre as ações possíveis no Desenvolvimento Projetado geração de energia e conservação de florestas.  Limitações de exigências serão relacionadas a condições de resgate da pobreza.

 

 

Considerações sobre a COP 21. Introdução e primeira parte de quatro.

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Considerações sobre a COP 21 em 12. 2015.

Introdução.

Como entender a Conferência UNFCCC COP 21 – United Nations Framework Convention on Climate Change Conference of Parts – que ocorrerá em dezembro próximo em Paris?  O propósito destas considerações é oferecer uma base de informações para facilitar o entendimento do cidadão.  Abordar-se-ão os objetivos da conferência, oferecer-se-á uma referência para avaliações, será relatada a formação do ambiente da conferência, serão apresentadas as possibilidades da atuação de cada parte, a formação de pressões das Sociedades Civis, e finalmente as proposições esperadas de alguns participantes importantes, inclusive o Brasil.

 

Objetivo da Conferência.

Segundo o comitê de organização, o objetivo de maior alcance da conferência é alcançar, pela primeira vez depois de 20 anos de negociações, um acordo universal de compromissos sobre as Mudanças Climáticas.

Em março de 2015 foi acordado que os esforços conjuntos de todos os países deverão limitar o valor máximo do aquecimento global a partir do início da era industrial a no máximo 2o C.

De acordo com o IPCC, reduzir as emissões até um nível que limite o aquecimento em 2oC, até 2100, custaria ao planeta 0,06% de seu crescimento econômico anual, em um cenário no qual a economia mundial cresce entre 1,3% a 3% ao ano.  Para os cientistas do Painel há uma janela de oportunidade de uma, talvez duas décadas, para se limitar o aquecimento global em 2oC, porém é preciso agir desde já, por meio de investimentos reais e substanciais. Ademais, os custos da inação aumentam conforme os investimentos são postergados.

Comentários críticos:

1.  A estabilidade das condições climáticas será alcançada quando a concentração de GEE na atmosfera não aumentar mais.  Então as emissões serão equivalentes à capacidade de seqüestro pela natureza.  Este critério não está sendo articulado.  A sua observação implicaria que as emissões além de reduzidas precisam ser reduzidas no prazo mais curto possível.

2.  A preocupação do IPCC – e dos países participantes – com o crescimento, reflete o pensamento ainda dominante dos economistas na continuidade obrigatória do crescimento econômico.  Esta visão é duvidosa quando aplicada às sociedades – países – com IDH muito alto.  As suas economias podem ser consideradas “saturadas”.

 

Formação de uma referência para a avaliação de contribuições.

A estabilidade do clima é uma das características da dimensão ambiental da Situação Sustentável.  Por sua influência abrangente e pelas conseqüências sobre as condições de vida da humanidade é a principal.  Estando em jogo as condições de vida – de sobrevivência -, todas as pessoas individualmente e coletivamente, através das organizações de que participam, e todas as sociedades – países têm Responsabilidades a desempenhar pela limitação das Mudanças Climáticas.  Algumas já são irreversíveis.  A humanidade se encontra pela primeira vez diante de um desafio universal:  A sobrevivência conjunta.

Responsabilidade é uma atitude de “querer fazer”.  Assim sendo é sempre individual, não transferível e não negociável.  O desempenho é sempre unilateral e voluntário, por natureza.  E o pleno desempenho da Responsabilidade pela Vida significa a contribuição com os esforços e recursos que estiverem ao alcance e passíveis de exigência.

Em conseqüência da observância destes conceitos, nenhuma “negociação” de contribuições seria necessária; em princípio nem seria cabível.  Acontece que a constatação das contribuições possíveis, cabíveis, possíveis e exigíveis é, muitas vezes, difícil.  As contribuições são ações para reduções das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE.  Temem-se conseqüências econômicas imediatas, principalmente porque implica na substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis.  Os países retardatários no desenvolvimento social e econômico receiam obstáculos ainda maiores para realizar avanços no bem-estar nacional.  Diante das incertezas percebidas, países com maiores emissores de GEE, como os Estados Unidos e a China, não aderiram ao Protocolo de Kyoto, firmado em 1995.  E desde a Convenção do Clima Rio 92 adotou-se o conceito sofista de “responsabilidades compartilhadas, porém diferenciadas”, por iniciativa da diplomacia brasileira.  Segundo esta abordagem os países desenvolvidos teriam uma responsabilidade maior pelo aquecimento global, porque já contribuíram há mais tempo pela acumulação de CO2 na atmosfera.  Todavia, hoje as emissões dos países com desenvolvimento atrasado já equivalem às emissões dos países desenvolvidos e a concentração dos GEE na atmosfera continua aumentando.

Isto significa que a situação hoje requer as medidas mais rigorosas e urgentes de todos os países participantes na COP 21.

 

Políticas para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil.

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Políticas para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil.

A compreensão de uma política nacional de desenvolvimento como uma Política de Desenvolvimento Sustentável representa uma inovação social.  Até pouco tempo uma política de desenvolvimento era equivalente a uma política de crescimento econômico nacional.  Assim ainda consta nos compêndios da disciplina Economia.  A meta era o aumento do bem-estar público nacional em termos de consumo / conforto.

Desde que se identificou a Responsabilidade pelas condições de sobrevivência das gerações futuras, a rigor todas as política teriam de ter o objetivo do Desenvolvimento Sustentável ou seja, a realização da Situação Sustentável nas dimensões social, ambiental e econômica além da dimensão institucional.

No caso do Brasil as ações na dimensão institucional compreendem o aprimoramento da prática da democracia e da observação das “boas práticas recomendáveis” no comércio e na produção.

Na dimensão social a sociedade brasileira ainda deve a criação de condições para o resgate da pobreza a cerca de 40 milhões de concidadãos, ou seja, a 25% da população.  O resgate sustentável não será alcançado pelos programas de subsídio ao consumo – o Bolsa Família – hoje praticado.  Cabe a criação da oportunidades de trabalho com renda adequada para financiar um nível de vida eticamente aceitável.

Na dimensão ambiental a sociedade brasileira deve à humanidade o desempenho da Responsabilidade pela condições de vida da gerações futuras.  Figurando hoje – em 2015 – ainda como uma das sociedades maiores poluidores da atmosfera com gases produtores do efeito estufa – GEE -, a finalização imediata dos desmatamentos mediante a execução de uma política de Desflorestamento Zero, a terminação do extrativismo de madeiras, sempre predatório, e a intensificação do emprego de biocombustíveis poderá conduzir o país para próximo a uma condição de sumidouro de CO2 até 2020.  Estas medidas não embargariam o crescimento econômico – a geração de oportunidades de trabalho – se forem incorporado em Projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável.

Ao contrário do que se acreditava e temia ainda por ocasião da Conferência Rio 92, Políticas de Desenvolvimento Sustentável não conflitam com objetivos de “desenvolvimentistas”.  E hoje os recursos tecnológicos para o aumento da produtividade agropastoril e para a geração eólica e solar estão disponíveis com custos competitivos à geração hidrelétrica.