Mês: fevereiro 2015

Florestas x Desflorestamentos – FATOS

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Florestas x Desflorestamentos – Fatos

( < Problemas das Florestas )

Entre os fatores ambientais que influenciam o bem-estar talvez a presença de florestas e da arborização urbana seja o menos consciente da maioria dos cidadãos urbanos. Existem os exemplos do Center Park em New York, do Hide Park em Londres, do Tiergarten em Berlin e outros. Mas até hoje nenhuma cidade foi planejada “verde”, com exceção de Mendoza na Argentina. As árvores absorvem a poluição e refrescam o ambiente.

Florestas não pertencem à experiência normal de cidadãos urbanos, principalmente de grandes metrópoles. No sul e sudeste do Brasil a Mata Atlântica foi reduzida a minguados 7 % da extensão original. Por último o “desbravamento” do oeste do estado do Paraná para o cultivo de café, trigo e soja foi percebido como grande progresso. Cidades importantes com Maringá e Cascavel não têm mais de 90 anos. A floresta Amazônica é distante e “muito grande”. O noticiário elogia com orgulho os crescentes valores da exportação de grãos e carne.

DesflorestamentoMudanças ClimáticasDisponibilidade de água.

A vegetação escassa, a enorme massa de prédios e extensão de pisos asfaltados contribuíram para muda o clima de São Paulo: Praticamente a famosa garoa não existe mais. Somente ocorrência de uma falta prolongada de chuvas e de um risco de racionamento da distribuição de água provocou uma atenção para a necessidade do reflorestamento de árias próximas aos reservatórios e das margens dos mananciais, que os abastecem. Para que água fosse acumulada na solo e fluísse durante os meses menos chuvosos. A administração tem negligenciado uma série de aspectos mal percebidos pela população que contribuíram para o atual risco de desabastecimento, não só a falta de execução de projetos de captação: Uma é a destruição da vegetação e a parca arborização. (veja Comentário sobre plano em São Paulo) Outra é o maior progresso na despoluição dos rios, particularmente do rio Tietê, que facilitaria uma reciclagem de água usada.

Da mesma forma conviveu-se até agora com a redução do volume de água do rio São Francisco. Não existe ainda um projeto de reflorestamento de suas cabeceiras. Com os reservatórios das usinas hidrelétricas Sobradinho e Itaparica à míngua, o projeto da transposição da águas para o Nordeste, em si problemático, perde todo o sentido.

Estes são exemplos de conseqüências de desflorestamentos perceptíveis aos cidadãos observadores. Não percebidas, embora muito mais graves, são as Mudanças Climáticas em extensas áreas, talvez mesmo globais, causadas pela destruição de biomas como as florestas tropicais, cerrados etc., situados a grandes distâncias. Estes fenômenos são noticiados em publicações de cientistas, mas só encontram interesse pelos cidadão especialmente assim interessados e pelos ativistas chamados “ambientalistas”. Ocorrem forçosamente tanto no sul da Ásia, inclusive na Indonésia, na África e na América do Sul. É possível que o caso da Floresta Amazônica atualmente seja o mais dramático. Não pode ser comparado com a destruição da Mata Atlântica por suas conseqüências. Estas estão tratadas no Comentário “Alerta sobre a destruição da Amazônia, efeitos sobre o clima e sua correlação com a seca no Sudeste”.

Florestas, seqüestro de GEE e clima x Interesses agro-pecuários.

A ciência do clima e da previsão do tempo tem progredido significativamente a partir dos modelos de simulação desenvolvidos pelo IPCC do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. Os últimos relatórios eliminaram todas as dúvidas sobre a influência humana nas Mudanças Climáticas, causadas pelo aumento da concentração de GEE na atmosfera.

A vegetação das florestas seqüestra CO2 da atmosfera pelo processo de fotossíntese. Quando são derrubadas, não só deixam de prestar este serviço, como grande quantidade de GEE é liberada pela queima da matéria orgânica e por liberação do que está acumulado no solo. Também diminui a quantidade de água evaporada, que seria precipitada nas regiões para onde os ventos carregam a umidade, as nuvens. E o aumento do aquecimento do solo, antes coberto, altera a formação dos ventos.

A terminação dos desflorestamentos seria uma significativa contribuição para a redução das emissões de GEE pelo Brasil. Objetivamente, não há necessidade de maiores áreas de cultivo e de pasto para o desenvolvimento econômico nem para o desenvolvimento social. A produção pode ser aumentada via melhora da produtividade. Mas uma das formas mais fáceis de aumento do patrimônio continua sendo o apoderamento de patrimônio público não protegido. Um Comentário versa sobre a “tradicional” prática da “grilagem”. A representação no congresso dos interesses dos “agropecuaristas” tem influenciado a legislação e a operação dos órgãos públicos no sentido do perdão de más práticas, na redução as áreas de proteção e na apresentação nas conferências sobre a redução das emissões de GEE de metas prazos dilatados para a terminação dos desflorestamentos.

Da percepção da Responsabilidade pela conservação dos biomas no Brasil.

Sem margem de erro pode-se afirmar, que a sociedade brasileira ainda não está consciente da importância vital da preservação da Floresta Amazônica e de outros biomas e de sua Responsabilidade pela população nacional e pela humanidade. O tema nem sequer foi abordado durante a última campanha eleitoral pela presidência da república. Antes o próprio governo ridicularizou a meta Desmatamento Zero como utópica. Mesmo os contingentes mais instruídos da sociedade não sentem os riscos a que estão expostos.
Diz o ditado que “a oportunidade faz o ladrão”. Da falta de atitude, de indignação pública, ou seja, o conjunto de pouco conhecimento, alheamento, omissão e inércia resulta um ambiente que favorece aos interessados continuar investindo sobre as florestas. A rigor se trata de uma expressão de corrupção.

Projetos de Reflorestamento e Desmatamento Zero.

Por outro lado, grandes projetos de Reflorestamento de áreas degradadas tanto são o único recurso para mitigar os problemas apontados, como contribuiriam para ajudar na solução dos problemas do Desenvolvimento Social e ainda são economicamente rentáveis em prazos maiores que 5 anos. Poderão servir de base de sustentação para indústrias, inclusive siderurgias. Tratar-se-ia de projetos muito maiores que a indústria de papel e celulose tem capacidade de desenvolver. Por isso seria tipicamente componentes de Projetos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável, que só o Estado tem autoridade de promover. Na China existem projetos desse tipo.

Na verdade, a iniciação de grandes projetos de reflorestamento é urgente. Como se lê no Comentário no Comentário “Alerta sobre a destruição da Amazônia, efeitos sobre o clima e sua correlação com a seca no Sudeste”, a terminação dos desmatamentos da Floresta Amazônica por si só não será suficiente para impedir as mudanças de regimes de chuvas. Fazem-se necessários os reflorestamentos de extensas áreas para sustar este desenvolvimento catastrófico.

Assim visto e entendido, os Projetos para Aceleração do Desenvolvimento Sustentável 1 inesperadamente assumem importância de “Segurança Nacional”. E não há como argumentar que o país Brasil não disponha dos recursos humanos, de conhecimento, materiais e financeiros para empreendê-los.

Conservação das florestas e conservação da biodiversidade.

A conservação das florestas – dos biomas floresta, cerrado, caatinga, pantanal, campos e mangues – é essencial para a preservação da biodiversidade. Espécies animais são extintas por perda dos habitats. Uma grande quantidade de espécies vivas animais, vegetais e micro-organismos nem foram ainda estudadas.  É precário o conhecimento da microbiologia.

Que o potencial de biodiversidade venha a se revelar um potencial econômico pode ser mais um mito sobre as riquezas da Amazônia. A importância da floresta em pé está na sua contribuição para as condições de sobrevivência no Brasil, na maioria dos demais países da América do Sul e, por extensão, no planeta.

Do problema da poluição das águas.

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Problemas das Águas.

Existem dois problemas:
1. O problema da disponibilidade de água potável e para a irrigação dos plantios.
2. O problema da poluição das águas dos rios, lagos e mares.

1. Do problema da disponibilidade da água.

Trata-se de um problema econômico e de um problema de sobrevivência.

Com alguma freqüência são publicados prognósticos de migrações das populações atingidas por escassez d’água e mesmo ameaças de conflitos. Os indícios para tanto são ocorrências de desertificação. As causas são mudanças climáticas – redução de chuvas – causadas por desflorestamentos, e exploração excessiva da terra e dos recursos hídricos por agricultura e pastagem. O secamento do mar de Aral é um exemplo assustador.

O crescimento da população agrava a situação no sul da Ásia – Índia e Paquistão- e na África subsaariana. As populações rurais dependem de poços artesianos cada vez mais profundos. Vozes apreensivas referem-se também à possibilidade da degradação da vegetação nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, em conseqüência da grande extensão de áreas desmatadas. Estas causam mudanças nos regimes dos ventos e das chuvas até em regiões distantes.

Possíveis medidas paliativas para a escassez d’água.

Dependendo das particularidades de cada região pode-se:

–  Praticar políticas de Desmatamento Zero
– Aplicar métodos aperfeiçoados de irrigação com redução das perdas por evaporação. A irrigação é o maior consumidor de água.
– Reduzir a intensidade da exploração das áreas cultivadas e dos pastos.
– Recompor a vegetação natural para impedir o avanço da desertificação.
– Reduzir o consumo d’água nos processos de produção e no âmbito domiciliar.
– Recompor a vegetação de proteção de nascentes e das margens dos cursos hídricos e lagos.
– Reduzir a captação d’água por aplicação de reuso, ou seja, de reciclagem.

Trata-se de uma combinação de ações sob Responsabilidade de órgãos púbicos – de desenvolvimento projetado – com atitudes pessoais dos cidadãos – desenvolvimento difuso.

2. Do problema da poluição das águas.

A alteração das características naturais das águas pela ação dos seres humanos a torna imprópria para o consumo. Agrava-se o problema da disponibilidade.

De início todos os dejetos industriais e domiciliares eram despejados sem tratamento prévio nos rios lagos e mares. Enquanto os volumes eram pequenos e degradáveis, a natureza os absorvia.

Com o crescimento da produção industrial, o surgimento de efluentes químicos perigosos, a produção de materiais sintéticos com longos tempos de decomposição esta condição foi superada. Os recursos hídricos foram deteriorados, não podendo mais servir ao abastecimento da população. Fauna foi duramente atingida, em alguns sítios mesmo aniquilada. Despejos causaram sérios acidentes. A poluição alcançou lençóis freáticos.

As sociedades reagiram. Estabeleceram redes de captação de efluentes, legislações sobre o tratamento de efluentes e despejos, estações de tratamento. Vários rios hoje estão recuperados amplamente. O Sena, o Tamisa, o Ruhr, e o Reno são exemplos conhecidos Noutras regiões esta reação ainda está pendente. Assim ocorre na China e na Índia e também no Brasil, com se observa no rio Tietê e na baía de Guanabara.

Os resíduos sólidos não degradáveis lançados nas águas acumulam-se nos mares e oceanos. Sujam as praias. E, sobretudo, constituem riscos de vida para a fauna aquática e os pássaros. São encontrados nas entranhas de pescados e de aves mortas.

Uma solução para este problema é a observação rigorosa e abrangente das regras de descarte de resíduos. A substituição dos materiais não ou pouco degradáveis de embalagens por materiais sintéticos “comestíveis”, que se procura promover agora, representaria um grande avanço. O processo de substituição demorará alguns anos. Regulações internacionais para a redução de materiais sólidos que chegam aos mares ainda não existem. É preciso propagar o problema e contar com as atitudes responsáveis dos cidadãos. Será um Desenvolvimento Sustentável difuso promovido por legislação e controle.

Da Responsabilidade pelo Desenvolvimento Social Sustentável

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Da Responsabilidade pelo Desenvolvimento Social Sustentável

Geral e cena global.

As características da Situação Social Sustentável são auto-explicativas:
– Ausência da miséria hereditária,
– Existência de oportunidades de ascensão social e
– Auto-sustentação das famílias através de rendas do trabalho.

Situações de grave pobreza

Miséria é associada à fome, à fala de abrigo, à moradia em casebres e condições sanitárias precárias, a farrapos como vestimenta, a ignorância e assim por adiante. Tem-se como certo que as pessoas melhorariam as suas condições de vida se tivessem oportunidades, a menos que se tratasse de “enfermos sociais”. Cabe então ao Estado, no desempenho de sua Responsabilidade Social, resgatar os contingentes pobres e miseráveis da população provendo as oportunidades de trabalho e renda.  Embora reconhecida, esta Responsabilidade Social do Estado ainda precisa ser praticada de forma mais adequada e intensa em muitos países.

No entanto houve recursos criados pela iniciativa privada, como o microcrédito. Observação: (Extraída de Wikipédia www.pt.wikipedia.org/wiki/Microcrédito)

“MuhammadYunus começou a conceder, em 1976, em Bangladesh, empréstimos de pequena monta, inicialmente com seus recursos próprios, para famílias pobres de produtores rurais, com foco nas mulheres e utilizando um sistema revolucionário de garantias morais mútuas, formando grupos de cinco pessoas que ficam moralmente responsáveis umas pelas outras.

O sucesso da operação em termos de recebimento dos empréstimos concedidos – o Grameen Bank recebe de volta 98,85% dos empréstimos que concede – e da melhora da condição de vida dos beneficiados levou à expansão das operações.
O projeto do Grameen Bank, a primeira instituição financeira do mundo especializada em microcrédito, surgiu em 1976 na cidade de Jobra, em Bangladesh. Em1983 o Grameen Bank adquiriu seu status de Banco, através de uma lei especial, feita para sua criação.”

Sociedades nativas não são consideradas miseráveis

Nas sociedades “originais”, que vivem de extrativismo – esquimós, índios, polinésios – nas tribos nômades em desertos, não há pobreza apesar da austeridade da forma de vida. Pode-se dizer que tenham uma condição de vida sustentável.  Este julgamento é válido enquanto as formas tradicionais de sustento não forem destruídas.

Sociedades desenvolvidas

Pobreza – e escravidão – sempre existiu nas sociedades agrárias e com urbanizações (no Egito, na Mesopotâmia e na China). Hoje ela está extinta nas sociedades desenvolvidas. Não se entende que no “estado do bem-social” os órgãos públicos estejam praticando filantropia ou paternalismo quando protegem os cidadãos na base da pirâmide social. Entende-se que se pratica “justiça social”.

Nas sociedades desenvolvidas a escolaridade mínima para o aprendizado de um ofício é garantida e gratuita, ou seja, financiada pelos contribuintes. Em tese, enquanto não ocorrem crises, há trabalho. Desempregados são amparados. Indigentes são exceções.

A transferência deste modelo para sociedades não desenvolvidas é uma tarefa humanitária de execução difícil. Os contingentes de pobres e muito pobres – miseráveis – são numerosos. Somente os Estados dispõem de autoridade e recursos. Cabe-lhes promover políticas de desenvolvimento através de Projetos de Desenvolvimento Econômico e Social.

Exemplos de atuação de Desempenho de Estados

O grande exemplo é o desempenho da China, que já resgatou 600 milhões de seus 1.300 milhões de habitantes da pobreza com da urbanização e desenvolvimento econômico acelerado através da industrialização e obras de infra-estrutura. Evidentemente, as remunerações inicialmente foram baixas na comparação com as remunerações nas sociedades mais desenvolvidas. Isto permitiu o financiamento do desenvolvimento através de exportações. O nível do consumo cresce paulatinamente. A população se empenha com grande disciplina na melhora de suas condições de vida. Existe a tradição milenar de trabalho e disciplina sob regimes autoritários.

A Índia, a democracia mais populosa do mundo, progride na mesma direção, mas num ritmo mais lento. Existem ainda grandes contingentes que vivem vegetando no limite da subsistência física desnutridos.

A metade dos 186 países monitorados pelo PNUD no relatório de IDH ainda apresenta índices médios – inclusive Índia, China, Indonésia e África do Sul – ou baixo – inclusive Paquistão, Bangladesh e a maior parte da África. Mas não se tem notícias de outras iniciativas de Projetos para o Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável. A tendência é que as populações continuem a viver com os hábitos tradicionais.

Das possibilidades de Desenvolvimento Social Sustentável no Brasil.

O Brasil com um IDH de 0,730 (2013) está entre as sociedade com IDH “alto”. No entanto, abriga contingentes com as características de pobreza acima lembradas. Estima-se que este alcance 40.000 milhões de habitantes, correspondentes a cerca de 8 milhões de famílias, de um total de 200 milhões de habitantes, dos quais 80% estão urbanizados. Considerando o desempenho da China, haveria de se estimar que fosse possível eliminar esta pecha humana num prazo de 5 a 10 anos.

Como as circunstâncias variam entre extremos de habitação concentrada em metrópoles e habitação muito dispersa na Amazônia, é difícil mensurar a qualidade de vida pelas estatísticas de renda. Mas a experiência indica que as obras, por exemplo, de estradas ou de usinas hidrelétricas atraem as populações da Amazônia ou da caatinga do nordeste. Por isso é muito provável que Projetos para o Desenvolvimento Sustentável nas regiões Norte e Nordeste terão grande apelo para as populações pobres. O reflorestamento das cabeceiras do rio São Francisco seria outro exemplo. O crescimento da produção induzido por tais projetos, mesmo que inicialmente as rendas fossem subsidiadas, traria reflexos positivos em grande parte do país.

Conclusão.

A extinção sustentável da pobreza só pode ser realizada através de Políticas de Desenvolvimento com Projetos para o Desenvolvimento Sustentável. Tais projetos atrairiam as populações interessadas para áreas e atividades urbanas. Ficaria a critério e decisão dos cidadãos de aderir ou de continuar a vida como de hábito. Mas a criação e pesca de pirarucu, como ocorre na reserva natural de Mamirauá, no alto Amazonas também é um pequeno Projeto Sustentável.

Os empenhos de empresas, ONGs e voluntários nas causas sociais, motivados por percepções de Responsabilidade Social, devem ser prestigiados, mesmo que o alcance de suas ações seja, por natureza, limitado. Talvez este alcance possa ser alavancado através da colaboração da iniciativa privada com os órgãos públicos.

Políticas para o Desenvolvimento Sustentável até 2024

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Políticas para o Desenvolvimento Sustentável exequíveis num período de dez anos (até 2024)

Alguns dos obstáculos a serem vencidos para uma mobilização mais forte das sociedades pelo Desenvolvimento Sustentável são relativos às percepções dos riscos ambientais, às percepções das causas sociais e a idéias falsas sobre os recursos a serem empenhados. Mas de imediato é preciso agir com base nas percepções vigentes e com os recursos disponíveis. Uma avaliação da cena presente permite afirmar com alguma segurança, que num futuro imediato de dez anos as seguintes realizações são possíveis:
– Uma redução considerável das emissões de GEE resultantes de aumentos da eficiência energética, de uma maior participação de fontes renováveis de energia nas matrizes energéticas principalmente na Europa e nos Estados Unidos, uma divulgação global de meios de transporte menos poluentes.
– A finalização de desmatamentos e progressos na recomposição de biomas.                           – A redução radical da poluição dos recursos hídricos e dos oceanos e mares.                           – Uma redução da pegada ecológica global via redução de desperdícios e aumento da                produtividade das atividades agrárias e na pecuária.  Uma contribuição para tal                     desenvolvimento resulta do fato de que na China, no Japão, na Rússia e na União Européia   as populações começaram a decrescer.                                                                                          –  A regulação da pesca marítima.                                                                                                    – Crises financeiras e econômicas resultantes de excessos de endividamentos de Estados ou de transgressões de “boas práticas” serão improváveis, pois as instituições de prevenção estão sendo criadas.                                                                                                                            – Políticas para a ocupação e a renda na base da pirâmide social.                                                –

Este cenário de ações realizáveis de imediato parece bastante otimista. Conta-se com uma “contaminação” das sociedades no espaço global pelo exemplo prestado por iniciativas pioneiras. Acaba-se instalando uma “instituição informal” pressionando por “bons comportamentos”. Monitoramentos globais contribuem para o fortalecimento de percepções. Assim acontece com a crescente aceitação das fontes de energia eólica e solar e a prática da disposição seletiva de resíduos sólidos e a eliminação de lâmpadas incandescentes.

As políticas são nacionais. No Brasil a eliminação a auto-sustentação de todas as famílias e o posicionamento do país como sumidouro de GEE até 2024 é possível.

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Responsabilidades do Desenvolvimento da Matriz Energética no Brasil

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Responsabilidades do Desenvolvimento da Matriz Energética no Brasil.

Introdução: Responsabilidades.

A Responsabilidade do Desenvolvimento da Matriz Energética no Brasil é dupla:

1. Prover a energia necessária para o desenvolvimento da economia e do bem- estar público nacional.

2. Contribuir para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – no âmbito global, a fim de limitar as Mudanças Climáticas.

A primeira corresponde à visão tradicional e é óbvia. Trata-se de uma responsabilidade de qualquer governo. A segunda ainda não está sendo percebida com a clareza necessária. O desenvolvimento do Brasil deveria estar sintonizado com o Desenvolvimento Sustentável, que é uma Responsabilidade global.

Situação Atual da Matriz Energética nacional.

Há de se diferençar entre Matriz Energética e Matriz Elétrica. Além da energia elétrica a Matriz Energética contempla a energia dos combustíveis necessária para os acionamentos nos transportes, a queima de lenha, a energia de combustíveis consumida em todos os processos industriais.

Segundo o Balanço Energético Nacional de 2014 da Empresa de Pesquisa Energética – EPE -, órgão do Ministério de Minas e Energia, a Matriz Energética do Brasil se compõe da seguinte forma: www.epe.gov.br
Petróleo e derivados                                                        39,3 %
Gás natural                                                                        12,8 %
Carvão mineral                                                                   5,6 %
Lenha e carvão vegetal                                                      8,3 %
Biomassa em indústrias                                                   16,1 %  exceto lenha.
Hidráulica                                                                          12,5 %
Nuclear                                                                                 1,3 %
Eólica                                                                                    0,5 %
Outros renováveis                                                              4,2 %
Obs.: O consumo de etanol não é visível nesta composição.  Corresponde a 4,8 %.

A EPE aponta que a Matriz Energética é 41 % renovável, comparados aos 13 % mundiais.

“Pelo segundo ano consecutivo, devido às condições hidrológicas desfavoráveis observadas ao longo do período, houve redução da oferta de energia hidráulica. Em 2013 o decréscimo foi de 5,4%. A menor oferta hídrica explica o recuo da participação de renováveis na Matriz Elétrica, de 84,5% em 2012 para 79,3% neste ano, apesar do incremento de 1.724 MW na potência instalada do parque hidrelétrico.”

Nas comparações internacionais costuma-se apontar para os baixos valores de emissões de GEE na geração de energia no Brasil, resultante da alta participação da geração hídrica.  Trata-se mais de uma dádiva da natureza que de um mérito.

Perspectivas do desenvolvimento.

Os principais vetores do desenvolvimento da Matriz Energética podem ser resumidos sendo:
– A continuação de um significativo crescimento da demanda por energia elétrica dos domicílios em conseqüência do desenvolvimento social.
– O aumento da atratividade do investimento na geração eólica, já competitiva com a geração hídrica e sem necessitar de longas linhas de transmissão, particularmente em áreas de floresta. No Brasil os reservatórios das usinas hidrelétricas servirão de acumuladores de energia eólica produzida em períodos de baixa demanda. O potencial de energia eólica, estimado em 140.000 MW, é superior a capacidade de geração hoje instalada no país. Isto sem considerar a possibilidade da geração eólica off-shore.
– Seguindo à tendência mundial, um considerável aumento da geração solar fotovoltaica. Esta opção pode contribuir para a redução do uso da lenha, sem requerer a instalação de linhas de distribuição em regiões com povoação dispersa.
– O aumento considerável do uso veicular dos biocombustíveis etanol e biodiesel. O etanol seria utilizável também em veículos com motores híbridos. A adesão aos acionamentos elétricos deve acelerar em 5 a 10 anos. O consumo da gasolina seria praticamente reduzido a valores mínimos, resultando numa considerável redução da poluição por GEE.
– O aumento da cogeração com bagaço acompanhará o aumento do consumo do etanol. O potencial é estimado comparável à potência da UHE Itaipu e a geração se situará próxima aos centros industriais na região Sudeste, onde as linhas de transmissão já existem.
– Deverá se sedimentar a percepção de que usinas hidrelétricas na região Amazônica são dispensáveis.

Conclusão quanto ao desempenho da Responsabilidade pelo Desenvolvimento Sustentável.

Do cenário acima esquematizado se depreende que não existe um conflito no desempenho das duas Responsabilidades simultâneas para o Desenvolvimento da Matriz Energética no Brasil. Tanto as circunstâncias naturais, como os desenvolvimentos das tecnologias, como o interesse da economia nacional contribuem para que as emissões de GEE do Brasil na área energética venham a ser minimizadas.  A Responsabilidade pela política do desenvolvimento da matriz energética cabe ao Estado.  Neste sentido se trata de um desenvolvimento sustentável projetado.  A execução deveria ser confiada á iniciativa privada.

Desenvolvimento da geração de energia com fontes renováveis

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Desenvolvimento da geração de energia com fontes renováveis.

Ao lado da redução das emissões de gases geradores do efeito estufa (GEE) por acionamentos no transporte, principalmente de veículos e aviões, das emissões de indústrias, das emissões causadas pela agro-pecuária e pelos desflorestamentos a redução de emissões de GEE pelos processos de geração de energia elétrica é o principal objetivo do combate às Mudanças Climáticas. ( > Problemas no Desenvolvimento Ambiental Sustentável )

Aplicam-se duas abordagens:
Primeiro a redução do consumo de energia.
Segundo o abandono da geração de energia a partir de fontes fósseis, não renováveis – carvão, gás natural e petróleo – substituindo-as por fontes renováveis – solar, eólica e biomassa.

Deixamos fora desta abordagem a geração nuclear, devido ao problema não solucionado dos resíduos radioativos, e o recurso a fontes marítimas e geotérmicas, por considerá-las complementares.

As fontes renováveis de energia para a geração de eletricidade se tornaram competitivas com as fontes “tradicionais” em data recente. Pela primeira vez em 2013 os investimentos globais em geração com fontes renováveis superaram os investimentos em geração com fontes de energia fósseis. A geração fotovoltaica permite a geração mais descentralizada, mesmo em áreas distantes de linhas de distribuição. A geração fotovoltaica pode ser oferecida nas habitações dos contingentes pobres, de forma que o seu acesso a melhor conforto não causaria um aumento das emissões. A geração pelo próprio consumidor por módulos fotovoltaicos instalados nos telhados dos domicílios oferece a oportunidade da troca de energia com a empresa distribuidora local; surgem as redes inteligentes de distribuição. Esta configuração favorece a opção por veículos com acionamentos elétricos ou hídricos, de forma a favorecer também a redução de emissões de GEE pelos transportes.

O potencial de energia do sol e dos ventos, que pode ser aproveitado, é maior que a demanda global por energia elétrica. Diante deste fato, deve-se considerar que depende apenas de vontade política para as sociedades superarem resistências de interesses ligados ao carvão mineral e ao petróleo para alcançar fortes reduções das emissões de GEE sem prejudicar a economia e o desenvolvimento social, através de uma política de mudança da Matriz Energética. Trata-se de um desenvolvimento projetado.

Da Situação Econômica Atual

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Da Situação Econômica atual – 01. 2015.
Observações de um cidadão.

A cada transição de ano se fazem retrospectivas e previsões sobre o desenvolvimento econômico tanto para o âmbito global como para o âmbito nacional, neste caso para o Brasil. O desenvolvimento global tem impactos importantes sobre as economias nacionais. O observador preocupado com o desenvolvimento do bem-estar nacional então procura captar sinais e comentários de economistas e depois estimar as possibilidades para o seu próprio espaço mais próximo.

O registro da Situação Econômica atual servirá também como referência para o acompanhamento do desenvolvimento econômico global na direção de uma Economia na Situação Sustentável. Neste primeiro registro selecionamos os principais atores – “players”.

Situação Atual

Nos Estados Unidos.
População                          PIB                      PIB/h          IDH
308 milhões (2010)  US$ 17,4 trilhões  US$ 54,7/h  0,937 (2011)

A economia dos Estados Unidos voltou a crescer em surpreendentes 4% a 5% em 2014, dizendo-se que a estagnação causada pela crise financeira de 2008/9 tenha sido superada. Atribui-se este desenvolvimento à injeção massiça de recursos financeiros nos bancos pelo FED, resgatando-os dos títulos “podres” acumulados e do excesso de alavancagem. Não tão facilmente observável o aumento de concessões de créditos para investimentos seja da iniciativa privada, seja de órgãos públicos. A crise gerou desemprego e redução dos salários, resgatando a competitividade da indústria americana, que agora se beneficia também da redução de custos de energia. Os Estados Unidos passaram de dependentes de importações de petróleo a exportadores com a exploração do xisto. Esta nova posição econômica e política – estratégica incentiva uma repatriação parcial de produções deslocadas para o exterior. Noticia-se uma redução do desemprego e um fraco aumento do consumo. Espera-se que o FED venha a reduzir ou mesmo a terminar a emissão de moeda.
Para os países que dependem de exportações de petróleo esta situação tem sérias conseqüências. A redução de renda é suportável pelos países árabes, mas danosa para a Venezuela e a Rússia.
Nos países importadores de energia a baixa dos custos de energia tenderá a favorecer a produção e o consumo. Isto vale tanto para a Europa, como para a China e o Japão.
Todavia projetos de exploração de petróleo de alto custo estão com as condições de rentabilidade prejudicadas. Esta constatação se aplica à exploração em grandes profundidades como, por exemplo, para o pré-sal no Brasil.
Não há previsões para a duração desta situação de baixos custos dos combustíveis fósseis petróleo e gás. Mas há de se considerar que os avanços da geração com fontes renováveis e da tecnologia dos acionamentos híbridos e elétricos começam a se refletir na demanda global de petróleo. Pela primeira vez em 2013 os acréscimos globais em capacidade de geração com recursos renováveis superaram os acréscimos de capacidade de geração com recursos fósseis.
Este observador estima que os esforços de transformação das matrizes energéticas para fontes “verdes” continuarão, uma vez devido às pressões das sociedades e, por outro lado, por questões de segurança / independência dos suprimentos.
É difícil prever a continuação do crescimento do PIB dos Estados Unidos – e do consumo –. Não é improvável que uma pesquisa sistemática viesse a acusar uma saturação do consumo para uma grande parcela da população nos Estados Unidos.

Europa.
População
730 milhões

Alemanha

População           PIB                       PIB/h          IDH (2011)
80milhões   US$ 3,62 trilhões   US$ 47,2/h       0,920

Da discussão sobre a política econômica de ajustes fiscais.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, em artigo para Project Syndicate (OESP 01. 01. 2015, pág. B5), aborda os problemas do desenvolvimento da economia global de forma abstrata e genérica. Em termos globais o crescimento da produção – PIBglobal – teria de ser maior que o crescimento da população para melhorar a prosperidade. É óbvio. Mas ninguém sabe quantas pessoas estão sem uma ocupação cuja renda as resgate da pobreza, mesmo da pobreza extrema. Então não há meta para um crescimento global da produção. É verdade que muitos países ou regiões não conseguirão se desenvolver satisfatoriamente sem a colaboração dos países mais avançados. Todavia “50 anos atrás os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento respondiam por cerca de um quarto do PIB mundial. Hoje geram metade da renda global – aumentada -, fatia que continuará aumentando.” Transparece que a autora confia, pelo menos basicamente, que as “forças do mercado” impulsionarão o desenvolvimento. Mas alerta para a necessidade de uma mudança na cultura do setor financeiro. Lembra que “o principal propósito da ‘indústria financeira’ é oferecer serviços a outras partes da economia”….”A restauração da confiança deve começar com um grande esforço geral para promover e vigiar o comportamento ético em toda a ‘indústria’.” Não há o que objetar.

Já o economista Joseph Stiglitz polemiza que “a estagnação quase global vista em 2014 é resultado de ações políticas e de politicagens que acabaram por sufocar a demanda” (OESP, 02. 01. 2015. pág. B5). Em resumo Stiglitz argumenta a favor de investimentos públicos na estrutura dos países, omitindo que para tanto teriam de se endividar ainda mais. A política econômica defendida na Europa – UE – dá prioridade para a redução das dívidas, a começar pela prática de gestão de orçamentos equilibrados, sem comprometimento com novos empréstimos. Esta saudável lógica caseira é adjetivada de “austera”, porque antes não era a prática, o que produziu as dívidas não honráveis. Houve uma implosão da demanda quando exageros de gastos públicos foram eliminados. E é óbvio que “baixos juros não poderão motivar as empresas a investir se não houver demanda por seus produtos”. Pode-se considerar que o saneamento fiscal deverá induzir uma redistribuição da indústria na Europa para regiões em que os salários se ajustaram às reais condições locais. Stiglitz parece impaciente na aplicação de métodos Keynesianos, visando o curto prazo. Há de se considerar que os saneamentos fiscais impactarão o mercado financeiro e manterão os juros em baixos níveis. Aparentemente, a UE e a zona do Euro já superaram as fases mais difíceis do processo de saneamento sem sofrer as débâcles prognosticadas por comentaristas e economistas. Provavelmente a UE terá um crescimento de produção baixo, mas compatível com o seu desenvolvimento demográfico. Há de se considerar que o número de pobres é baixo, e que as instituições sociais funcionam, por exemplo, resgatando desempregados. Além disso, em parte relativamente significativa – Escandinávia, Alemanha, Países Baixos, Áustria, França, Inglaterra e, parcialmente, nos demais países as demandas principais de consumo são atendidas, havendo então, regionalmente, mercados em estado de saturação. Aparentemente, a Alemanha se configura como a âncora de consolidação da EU, em virtude da força da economia e do exemplo da de gestão.

Aparentemente, o Banco Central Europeu – BCE – ainda não encontrou um conceito de gestão integrada, que seja condizente com esta situação. Os investimentos em estrutura identificáveis como necessários, que gerariam demanda por absorver mão-de-obra ociosa, se localizam na mudança da matriz energética – na geração e nos transportes – e na educação. O aumento da eficiência energética já é procurado pela iniciativa privada. É possível, ou mesmo provável, que as medidas de aumento da liquidez pretendidas pelo BCE – “para socorrer a EU” (OESP, 03. 01. 2015, pág. B6) – não produzam os efeitos visados, da mesma forma como ocorre no Japão.

Japão – Singapura, Coréia do Sul, Taiwan.

Japão
População             PIB                        PIB/h            IDH
127milhões    US$ 5,85 trilhões   US$ 42,8/h   0,911 (2011)

O Japão é o melhor exemplo atual de uma sociedade economicamente saturada. Isto significa que: A estrutura econômica está estabelecida, não há pobreza, são providos educação e saúde, a produtividade é alta os cidadãos não têm como aumentar o consumo e a poupança é alta. A economia só poderia crescer via exportação. Pergunta-se: Para que? A função da economia não é suprir as necessidades, o bem-estar, da sociedade? É sintomático que os esforços do governo para ‘fortalecer’ a economia, significando ‘retomar o crescimento’, até agora tiveram resultados decepcionantes (OESP, 03. 01. 2015, pág. B6). Acontece que a economia saturada não consta nos compêndios da disciplina econômica. A estagnação da economia – o crescimento próximo a zero, acontece simultaneamente com uma redução da população e o aumento da produtividade induzido pelo desenvolvimento tecnológico.
Será interessante observar como a população e a economia no Japão se comportarão diante da redução dos custos de energia.
A alternativa para um crescimento da produção no Japão seria a produção em países que ainda têm problemas com o bem-estar de suas populações.
Nos países asiáticos acima citados a situação é semelhante.

China – Índia e Sudeste Asiático.

China
População (2010)       PIB (2014)                  PIB/h           IDH (2013)
1,338 bilhões           US$ 17,638 trilhões   US$ 12,9/h        0,719
ainda 60% rural

Índia
População           PIB (2014)                 PIB/h         IDH (2013)
1,210 bilhões   US$ 7,277 trilhões   US$ 5,77/h        0,556

Ao lado da África estas são as regiões em que se aglomeram os maiores contingentes humanos pobres e extremamente pobres. Justificam-se os esforços desempenhados para resgatá-los, o que se tem presenciado, sobretudo na China e também na Índia, onde os crescimentos da produção alcançaram taxas surpreendentemente altas. A China é, ou será em breve, a maior economia nacional em função de sua população. A Índia tem necessidades semelhantes, mas progrediu em ritmo mais lento.
A China financiou o seu crescimento através de exportações, principalmente para os Estados Unidos, o seu maior devedor. E criou uma demanda enorme por commodities – minérios e alimentos – que beneficiaram as exportações do Brasil. Era previsível que o crescimento do PIB a taxas superiores a 10% não seria sustentado indefinidamente. Já arrefeceu para uma ordem de grandeza de 5 a 7%, havendo-se de considerar que se aplicam a bases mais elevadas do PIB. Além do problema do melhor atendimento ao mercado interno, progressivamente mais exigente, a China enfrenta sérios problemas de poluição do ar, dos recursos hídricos e de solos. O carvão é a principal fonte de energia. Mas a China já é a maior produtora e operadora de recursos de geração eólicos e solares além de sustentar grandes projetos de florestamentos. Justifica-se a expectativa que a China continuará sendo um grande importador de alimentos, mas que a demanda por minério de ferro se reduzirá. No mercado global a China desponta como concorrente no mercado de produtos industriais.
O processo de urbanização e de aumento da produção da Índia foi mais lento que na China. Ainda existem grandes contingentes de muito pobres. Ao menos por enquanto o impacto da produção indiana no mercado global, seja na importação, seja na exportação é bastante menor que a chinesa. Fazem se sentir sérias ameaças climáticas e de escassez de água.

Brasil – América Latina.

População           PIB                                 PIB/h            IDH
202 milhões    US$ 2,242 trilhões    US$ 11.099/h      74
(Dados de 2013)

Como o Brasil e, por extensão, a América Latina, se inclui na cena acima composta dos principais atores na economia global?
O Brasil tem ainda um grande contingente de cidadãos pobres. A pobreza no Brasil é perceptível pelos seguintes índices:
– 46% das famílias têm renda familiar até R$ 1.576,00, ou dois salários
mínimos.
– aprox. 24% da população, 49 milhões de pessoas recebem subvenção de consumo na forma de Bolsa Família, que atinge famílias com renda per capita inferior a R$ 77,00.
– aprox. 13 milhões de pessoas com 15 anos ou mais são analfabetos 8,3% da população; 68% da população são analfabetos funcionais.

O alívio de sofrimentos da pobreza constitui um objetivo inconteste. Todavia é preciso considerar que os contemplados ficam numa posição de dependência comparável à mendicância. O resgate desta situação requer que sejam criadas oportunidades de trabalho com renda que supere o critério de recebimento de subsídio ao consumo, ainda que os salários tenham de ser subsidiados – inicialmente? -. Há uma necessidade de crescimento da produção, que até é quantificável. Mas não existe – ainda – um projeto correspondente.

Efetivamente, o crescimento do PIB do Brasil nos últimos anos tem sido pífio.
Mal acompanhou o aumento da população. Políticas equivocadas teriam contribuído para tanto. Como se depreende da cena da economia global, não existe uma expectativa para um aumento significativo da produção para exportação. O efeito do baixo preço do petróleo no mercado internacional na economia do Brasil é difícil de ser avaliado. A rigor o país poderia ser autônomo da importação de combustíveis líquidos se não tivesse negligenciado a produção de etanol e biodiesel nos últimos anos. A exportação de commodities de minérios e grãos deve ter chegado a um patamar máximo e pouco emprego gera. Mas no Brasil existe a necessidade de muitas obras na estrutura econômica – logística, energia, saneamento, educação, reflorestamentos etc. – de forma que não faltam potenciais oportunidades de trabalho. O aumento de renda de trabalho induziria um aumento da demanda, que seria atendida principalmente por produção nacional. Os recursos poderiam ser mobilizados de uma racionalização dos gastos públicos de custeio. A sua disponibilização requer vontade política. Atualmente o governo está mais inclinado a aumentar os já inflados os gastos para satisfazer as ambições de sua ‘base de apoio’. Levanta-se a questão da necessidade de uma mudança de paradigmas culturais na sociedade para obrigar que ocorram mudanças comportamentais e de gestão na administração pública e no Estado – Governo.

Economistas e comentaristas argumentam que o Brasil precisa atravessar um período de ajustes fiscais, inclusive a fim de restabelecer a competitividade da indústria. Outro elemento complicador das perspectivas econômicas são as expectativas envolvendo a situação da Petrobrás e a praxe de corrupção exacerbada que se instalou no governo. Não se pode excluir a possibilidade da ocorrência de problemas políticos: Aparentemente a sociedade ainda não compreendeu que o partido governista persegue um projeto adjetivável de “socialismo tardio”, diferente das percepções generalizadas numa parte da sociedade de uma ordem orientada nas democracias ocidentais. Mas a paciência até agora praticada com o comportamento do governo poderá se esgotar.

Conclusão: No momento atual não existem fatores que justifiquem um prognóstico melhor para a economia no Brasil que uma continuação vegetativa das precárias condições atuais.

Condições semelhantes existem na maioria dos países latino-americanos. Infelizmente julgamentos, planejamentos e ações objetivas são dificultados por percepções de natureza ideológica.

Comentários:

1. Este extrato da economia global demonstra que para o entendimento da situação os números selecionados não são suficientes para que se entenda o desenvolvimento. Cada região passa por um desenvolvimento próprio

2. Para acompanhar o desenvolvimento na direção da Situação Sustentável será necessário anotar indicadores adicionais como:
As emissões de GEE, a eficiência energética, a parcela de fontes renováveis na Matriz Energética, a área desmatada e a área reflorestada, cotas de reciclagem de resíduos, o número de pobres e muito pobres…..

Cultura na Situação Sustentável

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Cultura na Situação Sustentável 2.
[2 > Situação  Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográficas]

O que é cultura?

Nestas considerações, entende-se por cultura um conjunto de percepções, hábitos e comportamentos resultantes de valores compartilhados por uma maioria dominante numa comunidade. A cultura induz na comunidade atitudes – comportamentos – e ações consistentes, através das quais ela é observável. A cultura contém as instituições informais, isto é, as percepções de “deve” e de “não pode” ser feito. A cultura também induz sensações de coesão entre os participantes de uma comunidade; se expressa por hábitos e gera expectativas tanto do lado dos participantes como por parte dos “observadores externos”.

É comum identificar culturas nacionais e regionais.

Cultura na Situação Sustentável e sua formação

Sendo obrigatório que uma Situação Sustentável tenha de ser vivida, desejada e suportada pela comunidade global, a humanidade, impõe-se que então existirá uma cultura compartilhada por todas as sociedades, ou pelo menos por uma maioria das sociedades mais numerosas. Entre as percepções compartilhadas constará a da Responsabilidade pela conservação da Situação Sustentável. Trata-se de uma autêntica inovação social na história universal: Todas as culturas nacionais incorporarão uma “Cultura da Sustentabilidade”, motivadas pelo interesse na sobrevivência.

Aspectos comuns necessários das culturas nacionais e regionais.

Podem ser identificadas ao menos:
– A conservação do Meio Ambiente, inclusive a manutenção de baixas emissões de GEE..
– O reconhecimento da renda adequada na base da pirâmide social global.
– A moderação dos hábitos de consumo.
– A consciência de Responsabilidades pela Sociedade e pela Humanidade através da
presença de um número considerável de Cidadãos por Responsabilidade.
– O respeito às boas práticas nos negócios.
– A rejeição à corrupção.
– A convivência de cidadãos de diversas origens, religiões, hábitos pessoais, etc.
– A liberdade democrática de expressão.
– O engajamento pela Paz.

 

Desenvolvimento de Matrizes Energéticas

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Desenvolvimento das Matrizes Energéticas.

O desenvolvimento das Matrizes Energéticas é uma função da política econômica. Os Governos têm a tarefa de orientar a disponibilidade de energia para a demanda futura de forma que este recurso esteja disponível com preços, que favoreçam a competitividade da produção dos respectivos países. Portanto o Desenvolvimento da Matriz Energética e da Matriz de Energia Elétrica é um exemplo de desenvolvimento projetado.

Vetores do desenvolvimento.

Atualmente se impõem, no mundo todo, a Responsabilidade da redução das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – como meta adicional para o planejamento. Esta obrigação vem sendo facilitada por inovações tecnológicas tanto na geração de energia, quanto nos acionamentos de veículos, principalmente, com o aproveitamento da energia eólica e da energia solar. A energia solar e a energia eólica são “limpas” – não causam emissões – e estão, em teoria, disponíveis em volumes maiores que o total de energia até agora produzidas e consumidas. São classificadas também como “energias renováveis”. Adicionalmente está-se dando maior atenção ao aproveitamento de bioenergia para os mesmos usos. A combustão produz emissões que são seqüestradas pelos plantios, num processo de reciclagem. A geração hidrelétrica, embora limpa e altamente desenvolvida, só desempenha um papel complementar na grande maioria das sociedades, com exceção da Noruega e do Brasil, por falta de oportunidades de aproveitamento.

Fontes com menores potenciais de aproveitamento são a energia marinha, das ondas, correntes e marés, e a energia geotérmica. A expansão da geração nuclear enfrenta forte rejeição.

A preocupação com as emissões e pressões da sociedade civil intensificou os esforços das empresas de reduzir as emissões e outros efluentes poluidores das produções. Via de regra constataram que estes esforços resultaram também em reduções de custos.  Por exemplo, os gases de processos siderúrgicos estão agora sendo aproveitados na geração ou cogeração de energia.

Tanto no âmbito da produção, como no âmbito do consumo comercial e doméstico intensificou-se o esforço de redução do consumo de energia. Adotam-se hábitos mais conscientes para reduzir desperdícios. Aumenta a eficiência na iluminação, dos aparelhos eletrodomésticos e dos equipamentos fabris, reduz-se a necessidade de aquecimento e refrigeração dos prédios.  Resulta um aumento da eficiência energética das sociedades, isto é, a relação entre a produção e o consumo de energia – PIB/kWh.

Da evolução histórica.

Do domínio da transformação da energia do calor em energia mecânica resultou um acelerado aumento da produção na Revolução Industrial.  No princípio o combustível foi  o carvão; em menor escala a lenha. Ao desenvolvimento da máquina a vapor seguiu o desenvolvimento das turbinas a vapor e da geração elétrica, que permitiram a geração concentrada de grandes volumes de energia. O desenvolvimento das máquinas de combustão interna e a exploração e destilação do petróleo possibilitou uma rápida expansão do transporte rodoviário a custos decrescentes.  Turbinas a gás fóssil possibilitaram aumentos de eficiência dos processos e reduções da poluição atmosférica pelos efluentes. Hoje turbinas a gás alimentadas por destilado de petróleo dominam no transporte aéreo. Por mais bem sucedidos que fossem os esforços de redução das emissões de GEE resultantes da combustão de combustíveis fósseis, o aumento da demanda por energia resultou num aumento da concentração de GEE na atmosfera e, em conseqüência, o aquecimento antrófico e o início de mudanças climáticas.

O desenvolvimento das células fotovoltaicas de silício abriu a possibilidade do aproveitamento da energia solar para a geração de energia elétrica.  E o desenvolvimento das turbinas o aproveitamento da energia dos ventos em grande escala.  Estes desenvolvimentos tecnológicos ainda não eram previsíveis em 1992, quando se realizou a Conferência Rio 92.  A iniciativa privada e a globalização as tornaram acessíveis em todo o mundo. Em data recente pela primeira vez os investimentos globais em geração com energias limpas superaram os investimentos em geração com energias fósseis.  A disponibilidade de energia solar e energia eólica para serem aproveitadas é maior que a capacidade de geração hoje instalada.

Da geração com fontes renováveis / limpas / verdes.

A expansão da geração eólica teve de superar alguns obstáculos.  Inicialmente, as unidades de geração tinham pequena capacidade; por isso não eram econômicas.  Hoje uma capacidade standard têm de 3 a 5 MW com maior rendimento, existindo unidades de até 10 MW.  Segundo, existe uma estrutura de produção de energia elétrica com tecnologias “convencionais” e uma estrutura de fornecedores de combustíveis. Estes interesses resistiram e ainda resistem à inovação. Alguma sociedade, através de sua política e administração pública teve de tomar uma decisão de fomentar a geração limpa para que adquirisse escala e fosse competitiva.  Estas iniciativas foram tomadas pela Dinamarca e pela Alemanha.  Quando os ventos são fortes, hoje toda a demanda de energia na Dinamarca é atendida por geração eólica. Durante alguns anos a Alemanha liderou a instalação de geradores eólicos em terra – on shore – e no mar – off shore -.  A gestão dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia precisa ser adequada para absorver a variação de geração eólica em conformidade com a força dos ventos, dando prioridade para o consumo de energia limpa e economizando combustíveis fósseis.

Hoje a China lidera a instalação de geração eólica, seguida dos Estados Unidos e da Alemanha.

Na geração solar existem duas abordagens: A geração por concentração dos raios através de espelhos e a tecnologia fotovoltaica.
Diversas concepções de projeto de geração por concentração encontram-se em estado experimental.  Prevê-se a acumulação do meio aquecido para geração durante a noite.  O meio aquecido transmite o calor a um circuito térmico de vapor convencional.  Existe uma visão da instalação de numerosas unidades no norte da África para transmitir à Europa por cabos submarinos a energia produzida .

A tecnologia fotovoltaica permite o maior grau de geração elétrica descentralizada, quer dizer, no próprio consumidor. Os painéis instalados nos telhados das casas podem ser vistos em toda a Alemanha.  A energia gerada em excesso durante o dia é armazenada em acumuladores e (ou) “vendida” à rede.  Quando o consumo supera a geração própria recorre-se à distribuidora. Este sistema de conexão conhecido como “rede inteligente” precisa ser aceito e promovido pela distribuidora.

A geração fotovoltaica de energia se aplica à eletrificação de pequenos consumidores não alcançados por redes de distribuição e a aplicações especiais na sinalização de trânsito e na comunicação. A combinação com a utilização da tecnologia de leds na iluminação amplia o seu campo de aplicação. Na Índia um projeto de geração fotovoltaica beneficiará um grande contingente de pobres na zona rural.

Não pode deixar de ser lembrado, que a utilização da energia elétrica para aquecimento é a forma mais ineficiente e dispendiosa do uso deste recurso.  Outra vez a China hoje é o maior aplicador de coletores solares térmicos e de coletores fotovoltaicos, de produção própria.

Do transporte com energia elétrica.

Para quem dispõe de energia elétrica própria, produzida no telhado de sua casa, deve ser imediato alimentar o seu veículo com acionamento elétrico. Neste caso o abastecimento do veículo será mais econômico do que qualquer alternativa de combustível. Conclui-se que haverá mercado para os veículos elétricos. As estruturas logísticas ainda terão de ser estabelecidas. Dependendo das necessidades de autonomia, o cidadão poderá optar por veículos com acionamento híbrido, que também poderá ser flex.

Conclusão.

As perspectivas para uma redução radical das emissões de GEE através da transformação das Matrizes Elétricas Energéticas são promissoras. O desenvolvimento tecnológico com redução dos custos indica nesta direção. Hoje a geração eólica já compete com a energia hidrelétrica.  A energia solar ainda requer subsídios.  Em “Plan B 3.0” Lester R. Brown avalia, que toda a energia elétrica demandada pelo maior consumidor, os Estados Unidos, pode ser eólica e solar. Inclusive para os veículos. Com o empenho do Governo a energia solar também serviria ao desenvolvimento social, a exemplo do projete de desenvolvimento da Índia.  Recentemente a instalação de geração fotovoltaica superou a instalação de geração eólica.

Emissões de GEE no Brasil

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Situação atual das emissões de GEE no Brasil – 01. 2012.

Emissões totais:  1,2 bilhão de toneladas (tCO2e)

Redução de 2004 a 2012:                     50% principalmente por redução do Desmatamento.

O Brasil ainda é o sexto maior emissor de GEE

Composição:                 Agropecuária 37,1%    >   metade pecuária
Energia:                                                 37,1%    >   geração 4,3%   Predominante  hidrogeração
Transportes:                                         11,0%
Indústria:                                                6,8%
Florestas:                                               14,0%
Resíduos:                                                  4,0%

Emissões:                                                                                                                                               Florestas:                           460,5 milhões tCO2e     *                                                                       Agropecuária:                    446,4                               ***                                                                     Energia:                              446,1                                **

[Os dados acima da composição das emissões e do volume de emissões não estão coerentes. Serão revistos.]

Estimativa da Situação Futura alcançável >                                                                     Metas para a redução de emissões.

Tomando por referência os dados de emissões, podem se admitir as seguintes reduções possíveis:
1. Eliminação dos desmatamentos :        – 400 milhões tCO2e em 3 anos.       *
2. Energia: eliminação do consumo de combustíveis fósseis automotivos substituídos por                           combustíveis renováveis e eletricidade, fomento do biodiesel e fomento do                               transporte ferroviário e hidroviário;
priorização da geração eólica, solar e com biocombustíveis
aumento da eficiência energética
– 400 milhões tCO2e em 10 anos      **
3. Agropecuária:                                        – 200 milhões tCO2e em 5 anos        ***

4. Aumento do seqüestro de carbono através de reflorestamentos – industriais
e conservacionistas – inclusive para a recuperação de bacias fluviais:
(estimativa)                                               – 400 milhões tCO2e em 10 anos

Total em 10 anos:                                     – 1.400 milhões tCO2e
maior que as emissões totais atuais.

Conclusão: Para desempenhar a Responsabilidade pelo Desenvolvimento Sustentável Ambiental, o Brasil deve adotar a meta de se converter num sumidouro de GEE num prazo de 10 anos. Esta seria a meta a ser apresentada na COP 21 em Paris.