Pegada Ecológica
Do Risco da Exaustão do Meio Ambiente – Pegada Ecológica 1
( 1 < Situação Sustentável e Responsabilidade – Referências )
Da evolução das percepções.
A idéia de que a humanidade poderia chegar a ponto em que a natureza não teria mais condições de sustentá-la é anterior à percepção de riscos de resultantes de mudanças climáticas, das conseqüências do esgotamento do petróleo e das conseqüências da desocupação estrutural.
Thomas R. Malthus (1766 a 1834) foi o primeiro a desenvolver uma teoria populacional relacionando crescimento populacional a fome. Segundo esta teoria a população cresce em uma progressão geométrica enquanto os alimentos em uma progressão aritmética. Mesmo considerando que Malthus não podia prever o avanço tecnológico no setor agrícola – mecanização, irrigação, adubos sintéticos, melhoramento genético etc. – a ponto de hoje não faltarem alimentos para uma população sete vezes maior (7 bilhões de habitantes em comparação com 1 bilhão em sua época), não se pode afirmar que a essência da preocupação sobre uma população excessiva esteja superada.
O famoso relatório do Club of Rome “Limits to Growth”, publicado em 1972, aborda o tema dos limites da exploração dos recursos naturais de uma forma mais ampla aplicando o método de simulação matemática “System Dynamics”. O relatório formula o argumento a favor da substituição das políticas de crescimento por uma política internacional orientada para o equilíbrio. Na seqüência os métodos de simulação foram aperfeiçoados e os estudos detalhados, permitindo diferenciações regionais e análises dos efeitos de diversas estratégias.
Em 1993 William Rees e Mathis Wackernagel formularam o conceito “Footprint” – Pegada Ecológica – no livro “Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth” para designar e mensurar quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos, gastos por uma determinada população.
Dos limites da natureza de recompor os recursos.
A limitação natural do consumo de recursos renováveis biológicos é determinada pela capacidade dos ecossistemas de repor recursos a partir da captação de energia solar no processo da fotossíntese. A energia solar é a base comum de todos os recursos renováveis, inclusive os alimentos. Pela abordagem energética a “capacidade de sustentação” de determinada região se torna quantificável, entendendo-se por capacidade de sustentação a quantidade de todos os tipos de organismos que podem ser sustentados nesta área, mantendo-se os recursos básicos. A conversão das diferentes formas de energia e matéria numa “moeda comum” é o método aplicado na “Contabilidade Ambiental” segundo a “Metodologia Emergética”. A moeda comum foi definida com base na fonte primária de energia, que é a luz solar, e denominada como Joules de Energia Solar ou eMergia. A metodologia emergética é aplicável a todos os sistemas como florestas, o ambiente marinho, o ambiente urbano, uma região, um Estado.
Footprint ou pegada ecológica.
Aplicando a abordagem energética por um lado ao consumo e por outro lado à capacidade de geração de recursos – biocapacidade – por unidade de área produtiva consegue-se medir a área necessária para um determinado padrão de consumo de uma população. (Há outras formas de aproximar esta grandeza, mas o método emergético seria o mais consistente.) Este valor é a “Pegada Ecológica” ou “footprint da população analisada. A pegada ecológica também considera a carga de poluição.
O footprint é um indicador de limites de produção empenhando recursos naturais.
A pegada ecológica é atualmente usada ao redor do globo como um indicador de sustentabilidade ambiental. Pode ser usado para medir e gerenciar o uso de recursos através da economia. É comumente usado para explorar a sustentabilidade do estilo de vida de indivíduos, produtos e serviços, organizações, setores industriais, vizinhanças, cidades, regiões e nações.
A pegada ecológica de uma população tecnologicamente avançada é, em geral, maior do que a de uma população subdesenvolvida.
Valor atual e evolução.
A metodologia da quantificação ainda está sendo aperfeiçoada. Há também controvérsias conceituais. Mas há uma percepção de que a humanidade está usando por volta de 30% a mais de recursos naturais do que a o planeta é capaz de repor – a capabilidade ambiental. O valor global é mais importante que as avaliações nacionais ou regionais. Estes servem para o monitoramento dos desenvolvimentos de regiões de gestão. Para o Brasil foi publicado o valor 2,91, para a França 5,01 e para os Estados Unidos 8,0.
Mas não se pratica ainda uma discussão de metas da forma como acontece para as emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE. Talvez a Pegada Ecológica seja hoje o menos percebido dos Problemas no Desenvolvimento Ambiental Sustentável.
Com o crescimento da população global e o aumento do consumo resultante do Desenvolvimento Social Sustentável o footprint global tende a crescer. As medidas para uma evolução no sentido contrário são, em geral, as mesmas que são necessárias para a redução das emissões de GEE. Menores emissões requerem menos áreas florestais para o sequestro de CO2. A diminuição das populações se impõe no plano da lógica, mas é de difícil realização prática. A redução de todo tipo de poluição é imperiosa. O atual crescente investimento em energias renováveis representa um vetor positivo na evolução. O reaproveitamento e a reciclagem de produtos e materiais reduz a exploração de novos recursos. A redução drástica dos desperdícios de produtos agrícolas é imperiosa. Na Situação Sustentável o footprint global seria igual ou menor que 1 (um).
A biocapacidade tem diminuído continuamente desde 1960 como conseqüência de depredações de ecossistemas, práticas agrícolas – fertilizantes químicos, irrigação -, mudanças climáticas.
Pegada Ecológica Pessoal.
Diversos programas acessíveis nos sites do WWF – “WWF Footprint Calculator”, no site do Global Footprint Network e outros – vide no Google -, podem ser consultados para uma avaliação da pegada ecológica pessoal, que resulta dos hábitos de consumo, ou seja, do estilo de vida. São considerados os consumos de energia e água, os hábitos de alimentação, de consumo e descarte e as práticas de transporte. Os programas são adaptados ao país do consultante. E oferecem o recurso da avaliação do efeito de mudanças de hábitos sobre a pegada ecológica. Desta forma são um instrumento para motivar a formação de uma cultura da Situação Sustentável.
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