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Trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

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Trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

Introdução.

Como o bem-estar ou conforto é a razão de todas as atividades, é imediato que a dimensão social estaria no centro das considerações sobre o Desenvolvimento Sustentável. O desenvolvimento ambiental é uma condição e o desenvolvimento é instrumental. Por isso interessa compreender o trajeto da Situação Social Atual para a Situação Social Sustentável e as ações cabíveis em cada etapa para abreviar esta transição.

Considerações gerais.

A identificação das características na dimensão social de uma Situação Sustentável é um primeiro passo e imprescindível para o planejamento do Desenvolvimento Social Sustentável. Destas características pode-se afirmar sem risco de erro que
– a extinção da miséria, com fome e doenças como principais sintomas, não é questionada; há engajamentos e progressos vêem sendo alcançados.
– a possibilidade de sustentação de um bem-estar eticamente aceitável nas bases das pirâmides sociais com renda de trabalho não consta nem entre as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio – MDG – da Organização das Nações Unidas – ONU -, nem das estatísticas que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – da PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Assim mesmo, pode-se considerar que a (meta da) “renda adequada” seja uma conseqüência. É tematizada na Declaração dos Direitos Humanos da ONU.
– as possibilidades da ascensão social viriam a seguir.

O Desenvolvimento Social Sustentável parte da Situação Atual de cada localidade / região / sociedade. As mais graves ocorrências de miséria estão presentes na África subsaariana e no sul e sudeste da Ásia. No primeiro caso as ações mais urgentes têm foco no combate a doenças, como malária, tuberculose, AIDS, entre outras, e á melhora da produtividade da agricultura familiar. No segundo se impõe a redução da fertilidade – do crescimento da população – e o provimento de oportunidades de renda por trabalho nos grandes aglomerados humanos.

A disposição das sociedades mais desenvolvidas de conceder “rendas adequadas” aos produtos dessas – e das demais – populações pobres em muito ajudaria ao resgate da miséria num horizonte de prazo estimado 20 anos. Regras de remuneração adequada ainda não são seriamente aventadas. Elas haveriam de passar a integrar regulações na economia liberal de mercado global. Beneficiariam estimativamente 900.000 seres humanos. Igualmente, doações filantrópicas são necessárias numa primeira fase de resgate da miséria, a fim de condicionar a população ao esforço de auto-desenvolvimento.

Fases no trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

Em termos de princípios, podem se distinguir as seguintes fases, mesmo que se sobreponha nas circunstâncias reais:

Fases                                                                             Ações características

1. Presença de fome e                            >                    Doações filantrópicas / paternalistas
doenças endêmicas.                                                      “ajuda ao desenvolvimento”, com
apoio à gestão
Terminação do extrativismo depredador                                                                                         e do desflorestamento

2. Trabalho de baixa produtividade   >                     Remuneração adequada
e conteúdo de conhecimento.                                     Subsídio ao consumo
Exemplos:                                                                     Redução do número de dependentes por
– extrativismo com silvicultura                                  família
– pequena produção agrícola                                      Valorização das mulheres
– produções para exportação                                     Redução da mortalidade infantil
exploradoras do baixo custo
da mão de obra                                                          Disponibilização de energia gerada com
– investimentos na estrutura                                     fontes renováveis
econômica (ex: estradas)
– reflorestamentos

3. Evolução do mercado interno,       >                     Disponibilização de energia,
Trabalho com produtividade                                     de oportunidades de trabalho e da
mais alta.                                                                      capacitação / educação.
Construção de moradias – desfavelização.
Intensificação do saneamento
Extinção do analfabetismo
Industrialização

4. Emergência da Cidadania               >                     Intensificação da escolaridade
(Haverá oferta de trabalho para todos?)                                                                                          Seguridade social estabelecida                                                                                                            Desenvolvimento tecnológico

5. Situação Sustentável com              >                      Manutenção das instituições e dos
Cultura (na Situação                                                    equilíbrios na Situação Sustentável
Sustentável)

 

Programação do Desenvolvimento Social Sustentável.

Como extensão – demora – de cada fase pouco se pode antecipar. Ela depende das circunstâncias vigentes e do empenho em projetos pelos Governos. A China, que hoje pode ser localizada na fase 3, precisou de cerca de 50 anos para alcançar o estágio atual, desde que o governo iniciou um Projeto de Desenvolvimento.
Seria desejável, que as prevalecentes situações de miséria nacional fossem resgatadas em 15 anos. No Brasil esta meta é perfeitamente realizável.
A expectativa da demora de duas gerações de 20 anos para o percurso da fase 3. à fase 5. seria demasiadamente otimista?

O que se pode aprender?

Da tentativa da descrição de etapas no Desenvolvimento Social Sustentável pode-se depreender:

– Existe uma interdependência do Desenvolvimento Social com o Desenvolvimento Econômico no sentido de aumento da produção por habitante – PIB/h -.
– A velocidade de progressão do PIG/h diminui na medida em que o desenvolvimento avança. Assim se observa na China.
– Acontece uma evolução das exigências de qualificação / educação ao longo do trajeto.
– As fases de desenvolvimento se superpõem.
– Não haverá uniformidade de desenvolvimentos individuais e, portanto, de igualdade de rendas numa sociedade.
– A aproximação dos PIB/h das sociedades mais pobres aos valores de PIB/h das sociedades já desenvolvidas é limitada, talvez com algumas exceções como a Coréia do Sul.
– Em grandes países haverá regiões em diversas fases de desenvolvimento social e econômica.
– Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável haverão, forçosamente, de ser diferenciados por regiões.
– Em virtude de os trabalhos com maior produtividade serem industriais – produção e serviços – haverá uma tendência à urbanização durante o desenvolvimento.
– Há condições e demora “naturais” para a emergência de uma Cultura da Responsabilidade ( de Cidadania ).
– É muito pouco provável, que o Desenvolvimento Regional Sustentável considerando, simultaneamente, as dimensões social, ambiental e econômico ocorra espontaneamente pelas “forças do mercado” com a velocidade desejável.
– As sociedades mais desenvolvidas encontram-se numa fase inicial de formação de uma Cultura para a Situação Sustentável.
– No Brasil atual encontram-se contingentes humanos nas fases 2., 3., e 4.
– A formação de uma Cultura de Cidadania é uma condição para a formação da Cultura na Situação Sustentável.
– As contribuições possíveis para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável, não podem, nem precisam, ser condicionadas ao Desenvolvimento Social Sustentável.

Avaliação da Situação Social Global Atual

Para uma avaliação global, ainda que na forma de uma estimativa grosseira, do estágio de desenvolvimento se oferece uma correspondência entre as fases de desenvolvimento destacadas e os Índices de Desenvolvimento Humano – IDH.

     IDH (2013)                Sociedades               Fase               População      %
                                                                           dominante          (bilhões)

……….IDH > 0,8                desenvolvidas             4 (5)                     1.1                   15,5

0.8 > IDH > 0,710             remediadas /            4 e 3                     1.55                21,8
emergentes

0,71 > IDH > 0,5              relativamente             2 e 3                      1.8                  25,3
pobres

0,5 > IDH                            muito pobres             1 e 2                     2.7                   38

Total: 7.1

Grosso modo, 2,7 bilhões de seres humanos carecem de auxílio para emergirem de grande pobreza, com 900 milhões sofrendo fome, e aproximadamente 4,5 bilhões estão com rendas abaixo da adequada à auto-sustentação com conforto aceitável.

Reflorestamento e Desenvolvimento Econômico e Social.

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Reflorestamento e Desenvolvimento Econômico e Social.                                           Uma abordagem ainda pouco explorada de uma vocação particular do Brasil.

Da história.

Até recentemente a derrubada da floresta (entendida como “mato”) foi percebida no Brasil como “progresso”.  A Floresta Atlântica foi destruída no oeste dos Estados do Paraná e São Paulo para o cultivo principalmente de café.  Segui-se o cultivo de soja e trigo.  A natureza de Cerrado foi consumida nos Estados de Mato Grosso e outros.  Florestas foram queimadas para o estabelecimento de pastos.  A política oficial estimulou a “ocupação da Amazônia”, resultando em extensas áreas degradadas.  O extrativismo continua a contribuir para a degradação e destruição das florestas.  Várias espécies de madeira de lei já desapareceram do mercado e devem figurar entre as espécies ameaçadas de extinção.  A produção de carvão vegetal contribui para a destruição de biomas.

Da atualidade.

Só agora, na segunda década do século XXI, emerge a percepção na sociedade brasileira, de que a destruição dos biomas afeta o bem-estar público também nas cidades.  Ocorrem estiagens, falta de chuvas, que põem em risco o abastecimento de água e reduzem a geração de energia nas usinas hidrelétricas.  E se observa que a destruição da vegetação nas cabeceiras de rios, como as do rio São Francisco, reduz a vazões.  As perdas de biodiversidade ainda não causa alarmes.

Embora alguns cidadãos percebam que a destruição passou do limite suportável, ainda se desfloresta por ano uma área correspondente à de um quadrado com 70 km de lado.  Isto demonstra que o desmatamento é tolerado pelo Governo.  A motivação é o enriquecimento rápido de aliados na detenção do poder.  Trata-se de roubo de patrimônio público.  E não há contrapartida social de resgate da pobreza.  Constantemente ONGs, como Greenpeace e WWF e outras nacionais, apontam este absurdo, porém sem encontrar uma repercussão suficiente na sociedade.

Do interesse do Desenvolvimento Sustentável.

Pode ser contraposto a esta desnecessária e inútil destruição o potencial de desenvolvimento econômico e social de um vasto reflorestamento.  O reflorestamento de áreas degradadas tanto pode ter objetivos econômicos num prazo relativamente curto a partir de 5 e 7 anos, como num horizonte de prazo mais longo de 15 a 20 anos.  Nos dois casos se estará explorando a característica de crescimento vegetal rápido próprio das regiões tropicais úmidas.

No primeiro caso floresta “industriais”, particularmente de eucaliptos, serviriam ao abastecimento da indústria de celulose e papel além da produção de madeiras para construções.  Das condições naturais no Brasil resulta uma produtividade ímpar, ou seja, numa competitividade imbatível no mercado global.

O segundo caso trata da recomposição de florestas originais com adensamentos de espécies de madeira de lei.  Hoje o mercado estimula o contrabando, o assim chamado “extrativismo ilegal”;  em duas décadas as madeiras encontrarão um mercado ainda mais valorizado devido à escassez de oferta.

As duas abordagens podem e devem ser combinadas a fim de favorecer a preservação da biodiversidade vegetal e animal.  Outrossim podem se prestar à produção de carvão vegetal para alimentar siderurgias produtoras de ferro e aço “verde”.

A recomposição de bacias hidrográficas pela recomposição da vegetação nas cabeceiras dos rios  e pelo replantio de florestas ciliares constitui outra faceta do reflorestamento.

Da ação da Política para o Desenvolvimento Sustentável.

Um projeto nacional ou uma série de projetos regionais de reflorestamento deveria constar num Projeto Nacional para o Desenvolvimento Sustentável – social, ambiental e econômico – orientado para vocação nacional natural.  Poderia ser engajados numerosos contingentes mais carentes da sociedade brasileira, por exemplo como funcionários do Estado, com “renda adequada” para o regate sustentável da pobreza.

No noticiário atual – 05. 2015 – consta o interesse da iniciativa privada de se engajar na exploração do potencias madeireiro.  Conclui-se que esta Política de Desenvolvimento Sustentável seria financiável com facilidade.

Uma política enérgica e consistente de Reflorestamento, combinada com uma política de Desflorestamento Zero colocaria o Brasil na dianteira das reduções globais de emissões de GEE num prazo quase imediato.  A sociedade brasileira estaria então desempenhando sus Responsabilidade pelo Desenvolvimento Ambiental Sustentável.  Hoje o país ainda figura na posição de quarto maior poluidor atrás da China, dos Estados Unidos e da Índia.

 

 

Da Situação Econômica Atual

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Da Situação Econômica atual – 01. 2015.
Observações de um cidadão.

A cada transição de ano se fazem retrospectivas e previsões sobre o desenvolvimento econômico tanto para o âmbito global como para o âmbito nacional, neste caso para o Brasil. O desenvolvimento global tem impactos importantes sobre as economias nacionais. O observador preocupado com o desenvolvimento do bem-estar nacional então procura captar sinais e comentários de economistas e depois estimar as possibilidades para o seu próprio espaço mais próximo.

O registro da Situação Econômica atual servirá também como referência para o acompanhamento do desenvolvimento econômico global na direção de uma Economia na Situação Sustentável. Neste primeiro registro selecionamos os principais atores – “players”.

Situação Atual

Nos Estados Unidos.
População                          PIB                      PIB/h          IDH
308 milhões (2010)  US$ 17,4 trilhões  US$ 54,7/h  0,937 (2011)

A economia dos Estados Unidos voltou a crescer em surpreendentes 4% a 5% em 2014, dizendo-se que a estagnação causada pela crise financeira de 2008/9 tenha sido superada. Atribui-se este desenvolvimento à injeção massiça de recursos financeiros nos bancos pelo FED, resgatando-os dos títulos “podres” acumulados e do excesso de alavancagem. Não tão facilmente observável o aumento de concessões de créditos para investimentos seja da iniciativa privada, seja de órgãos públicos. A crise gerou desemprego e redução dos salários, resgatando a competitividade da indústria americana, que agora se beneficia também da redução de custos de energia. Os Estados Unidos passaram de dependentes de importações de petróleo a exportadores com a exploração do xisto. Esta nova posição econômica e política – estratégica incentiva uma repatriação parcial de produções deslocadas para o exterior. Noticia-se uma redução do desemprego e um fraco aumento do consumo. Espera-se que o FED venha a reduzir ou mesmo a terminar a emissão de moeda.
Para os países que dependem de exportações de petróleo esta situação tem sérias conseqüências. A redução de renda é suportável pelos países árabes, mas danosa para a Venezuela e a Rússia.
Nos países importadores de energia a baixa dos custos de energia tenderá a favorecer a produção e o consumo. Isto vale tanto para a Europa, como para a China e o Japão.
Todavia projetos de exploração de petróleo de alto custo estão com as condições de rentabilidade prejudicadas. Esta constatação se aplica à exploração em grandes profundidades como, por exemplo, para o pré-sal no Brasil.
Não há previsões para a duração desta situação de baixos custos dos combustíveis fósseis petróleo e gás. Mas há de se considerar que os avanços da geração com fontes renováveis e da tecnologia dos acionamentos híbridos e elétricos começam a se refletir na demanda global de petróleo. Pela primeira vez em 2013 os acréscimos globais em capacidade de geração com recursos renováveis superaram os acréscimos de capacidade de geração com recursos fósseis.
Este observador estima que os esforços de transformação das matrizes energéticas para fontes “verdes” continuarão, uma vez devido às pressões das sociedades e, por outro lado, por questões de segurança / independência dos suprimentos.
É difícil prever a continuação do crescimento do PIB dos Estados Unidos – e do consumo –. Não é improvável que uma pesquisa sistemática viesse a acusar uma saturação do consumo para uma grande parcela da população nos Estados Unidos.

Europa.
População
730 milhões

Alemanha

População           PIB                       PIB/h          IDH (2011)
80milhões   US$ 3,62 trilhões   US$ 47,2/h       0,920

Da discussão sobre a política econômica de ajustes fiscais.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, em artigo para Project Syndicate (OESP 01. 01. 2015, pág. B5), aborda os problemas do desenvolvimento da economia global de forma abstrata e genérica. Em termos globais o crescimento da produção – PIBglobal – teria de ser maior que o crescimento da população para melhorar a prosperidade. É óbvio. Mas ninguém sabe quantas pessoas estão sem uma ocupação cuja renda as resgate da pobreza, mesmo da pobreza extrema. Então não há meta para um crescimento global da produção. É verdade que muitos países ou regiões não conseguirão se desenvolver satisfatoriamente sem a colaboração dos países mais avançados. Todavia “50 anos atrás os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento respondiam por cerca de um quarto do PIB mundial. Hoje geram metade da renda global – aumentada -, fatia que continuará aumentando.” Transparece que a autora confia, pelo menos basicamente, que as “forças do mercado” impulsionarão o desenvolvimento. Mas alerta para a necessidade de uma mudança na cultura do setor financeiro. Lembra que “o principal propósito da ‘indústria financeira’ é oferecer serviços a outras partes da economia”….”A restauração da confiança deve começar com um grande esforço geral para promover e vigiar o comportamento ético em toda a ‘indústria’.” Não há o que objetar.

Já o economista Joseph Stiglitz polemiza que “a estagnação quase global vista em 2014 é resultado de ações políticas e de politicagens que acabaram por sufocar a demanda” (OESP, 02. 01. 2015. pág. B5). Em resumo Stiglitz argumenta a favor de investimentos públicos na estrutura dos países, omitindo que para tanto teriam de se endividar ainda mais. A política econômica defendida na Europa – UE – dá prioridade para a redução das dívidas, a começar pela prática de gestão de orçamentos equilibrados, sem comprometimento com novos empréstimos. Esta saudável lógica caseira é adjetivada de “austera”, porque antes não era a prática, o que produziu as dívidas não honráveis. Houve uma implosão da demanda quando exageros de gastos públicos foram eliminados. E é óbvio que “baixos juros não poderão motivar as empresas a investir se não houver demanda por seus produtos”. Pode-se considerar que o saneamento fiscal deverá induzir uma redistribuição da indústria na Europa para regiões em que os salários se ajustaram às reais condições locais. Stiglitz parece impaciente na aplicação de métodos Keynesianos, visando o curto prazo. Há de se considerar que os saneamentos fiscais impactarão o mercado financeiro e manterão os juros em baixos níveis. Aparentemente, a UE e a zona do Euro já superaram as fases mais difíceis do processo de saneamento sem sofrer as débâcles prognosticadas por comentaristas e economistas. Provavelmente a UE terá um crescimento de produção baixo, mas compatível com o seu desenvolvimento demográfico. Há de se considerar que o número de pobres é baixo, e que as instituições sociais funcionam, por exemplo, resgatando desempregados. Além disso, em parte relativamente significativa – Escandinávia, Alemanha, Países Baixos, Áustria, França, Inglaterra e, parcialmente, nos demais países as demandas principais de consumo são atendidas, havendo então, regionalmente, mercados em estado de saturação. Aparentemente, a Alemanha se configura como a âncora de consolidação da EU, em virtude da força da economia e do exemplo da de gestão.

Aparentemente, o Banco Central Europeu – BCE – ainda não encontrou um conceito de gestão integrada, que seja condizente com esta situação. Os investimentos em estrutura identificáveis como necessários, que gerariam demanda por absorver mão-de-obra ociosa, se localizam na mudança da matriz energética – na geração e nos transportes – e na educação. O aumento da eficiência energética já é procurado pela iniciativa privada. É possível, ou mesmo provável, que as medidas de aumento da liquidez pretendidas pelo BCE – “para socorrer a EU” (OESP, 03. 01. 2015, pág. B6) – não produzam os efeitos visados, da mesma forma como ocorre no Japão.

Japão – Singapura, Coréia do Sul, Taiwan.

Japão
População             PIB                        PIB/h            IDH
127milhões    US$ 5,85 trilhões   US$ 42,8/h   0,911 (2011)

O Japão é o melhor exemplo atual de uma sociedade economicamente saturada. Isto significa que: A estrutura econômica está estabelecida, não há pobreza, são providos educação e saúde, a produtividade é alta os cidadãos não têm como aumentar o consumo e a poupança é alta. A economia só poderia crescer via exportação. Pergunta-se: Para que? A função da economia não é suprir as necessidades, o bem-estar, da sociedade? É sintomático que os esforços do governo para ‘fortalecer’ a economia, significando ‘retomar o crescimento’, até agora tiveram resultados decepcionantes (OESP, 03. 01. 2015, pág. B6). Acontece que a economia saturada não consta nos compêndios da disciplina econômica. A estagnação da economia – o crescimento próximo a zero, acontece simultaneamente com uma redução da população e o aumento da produtividade induzido pelo desenvolvimento tecnológico.
Será interessante observar como a população e a economia no Japão se comportarão diante da redução dos custos de energia.
A alternativa para um crescimento da produção no Japão seria a produção em países que ainda têm problemas com o bem-estar de suas populações.
Nos países asiáticos acima citados a situação é semelhante.

China – Índia e Sudeste Asiático.

China
População (2010)       PIB (2014)                  PIB/h           IDH (2013)
1,338 bilhões           US$ 17,638 trilhões   US$ 12,9/h        0,719
ainda 60% rural

Índia
População           PIB (2014)                 PIB/h         IDH (2013)
1,210 bilhões   US$ 7,277 trilhões   US$ 5,77/h        0,556

Ao lado da África estas são as regiões em que se aglomeram os maiores contingentes humanos pobres e extremamente pobres. Justificam-se os esforços desempenhados para resgatá-los, o que se tem presenciado, sobretudo na China e também na Índia, onde os crescimentos da produção alcançaram taxas surpreendentemente altas. A China é, ou será em breve, a maior economia nacional em função de sua população. A Índia tem necessidades semelhantes, mas progrediu em ritmo mais lento.
A China financiou o seu crescimento através de exportações, principalmente para os Estados Unidos, o seu maior devedor. E criou uma demanda enorme por commodities – minérios e alimentos – que beneficiaram as exportações do Brasil. Era previsível que o crescimento do PIB a taxas superiores a 10% não seria sustentado indefinidamente. Já arrefeceu para uma ordem de grandeza de 5 a 7%, havendo-se de considerar que se aplicam a bases mais elevadas do PIB. Além do problema do melhor atendimento ao mercado interno, progressivamente mais exigente, a China enfrenta sérios problemas de poluição do ar, dos recursos hídricos e de solos. O carvão é a principal fonte de energia. Mas a China já é a maior produtora e operadora de recursos de geração eólicos e solares além de sustentar grandes projetos de florestamentos. Justifica-se a expectativa que a China continuará sendo um grande importador de alimentos, mas que a demanda por minério de ferro se reduzirá. No mercado global a China desponta como concorrente no mercado de produtos industriais.
O processo de urbanização e de aumento da produção da Índia foi mais lento que na China. Ainda existem grandes contingentes de muito pobres. Ao menos por enquanto o impacto da produção indiana no mercado global, seja na importação, seja na exportação é bastante menor que a chinesa. Fazem se sentir sérias ameaças climáticas e de escassez de água.

Brasil – América Latina.

População           PIB                                 PIB/h            IDH
202 milhões    US$ 2,242 trilhões    US$ 11.099/h      74
(Dados de 2013)

Como o Brasil e, por extensão, a América Latina, se inclui na cena acima composta dos principais atores na economia global?
O Brasil tem ainda um grande contingente de cidadãos pobres. A pobreza no Brasil é perceptível pelos seguintes índices:
– 46% das famílias têm renda familiar até R$ 1.576,00, ou dois salários
mínimos.
– aprox. 24% da população, 49 milhões de pessoas recebem subvenção de consumo na forma de Bolsa Família, que atinge famílias com renda per capita inferior a R$ 77,00.
– aprox. 13 milhões de pessoas com 15 anos ou mais são analfabetos 8,3% da população; 68% da população são analfabetos funcionais.

O alívio de sofrimentos da pobreza constitui um objetivo inconteste. Todavia é preciso considerar que os contemplados ficam numa posição de dependência comparável à mendicância. O resgate desta situação requer que sejam criadas oportunidades de trabalho com renda que supere o critério de recebimento de subsídio ao consumo, ainda que os salários tenham de ser subsidiados – inicialmente? -. Há uma necessidade de crescimento da produção, que até é quantificável. Mas não existe – ainda – um projeto correspondente.

Efetivamente, o crescimento do PIB do Brasil nos últimos anos tem sido pífio.
Mal acompanhou o aumento da população. Políticas equivocadas teriam contribuído para tanto. Como se depreende da cena da economia global, não existe uma expectativa para um aumento significativo da produção para exportação. O efeito do baixo preço do petróleo no mercado internacional na economia do Brasil é difícil de ser avaliado. A rigor o país poderia ser autônomo da importação de combustíveis líquidos se não tivesse negligenciado a produção de etanol e biodiesel nos últimos anos. A exportação de commodities de minérios e grãos deve ter chegado a um patamar máximo e pouco emprego gera. Mas no Brasil existe a necessidade de muitas obras na estrutura econômica – logística, energia, saneamento, educação, reflorestamentos etc. – de forma que não faltam potenciais oportunidades de trabalho. O aumento de renda de trabalho induziria um aumento da demanda, que seria atendida principalmente por produção nacional. Os recursos poderiam ser mobilizados de uma racionalização dos gastos públicos de custeio. A sua disponibilização requer vontade política. Atualmente o governo está mais inclinado a aumentar os já inflados os gastos para satisfazer as ambições de sua ‘base de apoio’. Levanta-se a questão da necessidade de uma mudança de paradigmas culturais na sociedade para obrigar que ocorram mudanças comportamentais e de gestão na administração pública e no Estado – Governo.

Economistas e comentaristas argumentam que o Brasil precisa atravessar um período de ajustes fiscais, inclusive a fim de restabelecer a competitividade da indústria. Outro elemento complicador das perspectivas econômicas são as expectativas envolvendo a situação da Petrobrás e a praxe de corrupção exacerbada que se instalou no governo. Não se pode excluir a possibilidade da ocorrência de problemas políticos: Aparentemente a sociedade ainda não compreendeu que o partido governista persegue um projeto adjetivável de “socialismo tardio”, diferente das percepções generalizadas numa parte da sociedade de uma ordem orientada nas democracias ocidentais. Mas a paciência até agora praticada com o comportamento do governo poderá se esgotar.

Conclusão: No momento atual não existem fatores que justifiquem um prognóstico melhor para a economia no Brasil que uma continuação vegetativa das precárias condições atuais.

Condições semelhantes existem na maioria dos países latino-americanos. Infelizmente julgamentos, planejamentos e ações objetivas são dificultados por percepções de natureza ideológica.

Comentários:

1. Este extrato da economia global demonstra que para o entendimento da situação os números selecionados não são suficientes para que se entenda o desenvolvimento. Cada região passa por um desenvolvimento próprio

2. Para acompanhar o desenvolvimento na direção da Situação Sustentável será necessário anotar indicadores adicionais como:
As emissões de GEE, a eficiência energética, a parcela de fontes renováveis na Matriz Energética, a área desmatada e a área reflorestada, cotas de reciclagem de resíduos, o número de pobres e muito pobres…..

Problemas no Desenvolvimento Econômico Sustentável.

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Problemas no Desenvolvimento Econômico Sustentável.

A Situação Econômica Sustentável estabelecer-se-á na medida em que a dimensão social e ambiental da Situação Sustentável forem realizadas.  As previsíveis dificuldades de natureza econômica são de gestão, portanto comportamentais.  São entre outras:

– O estabelecimento de uma cultura de observação das boas práticas nos negócios, dessa forma evitando-se a formação de crises econômicas – financeiras e de ocupação / renda.

– A prática da remuneração adequada para os contingentes nas bases das pirâmides sociais globalmente.

– A aceitação de limites para o crescimento econômico  >  Pegada Ecológica