Categoria: Política Econômica

Política Energética Sustentável

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Política energética sustentável.3                                                                                          ( 3  >  Situação Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográficas )

Uma política energética sustentável considera simultaneamente  a Segurança do suprimento de energia, as mudanças climáticas e a sustentabilidade social.

Na cena global está consolidada a percepção de que o problema da segurança do suprimento de energia e o problema das mudanças climáticas estão indissoluvelmente imbricados, precisando ser solucionados de forma coordenada.  Em geral escapa ainda uma terceira dimensão, a dimensão social da ocupação com renda compatível com um nível de conforto desejável.  As ações orientadas para a solução destes três problemas seriam parte importante de uma política econômica, social e ambiental, ou seja, de uma Política para o Desenvolvimento Sustentável.  Entende-se que numa Situação Sustentável a economia seria obrigatoriamente “Verde”, o que significa “de baixas emissões de gases causadores do efeito estufa”.  No ambiente global entende-se também, que Economia Verde e eliminação da dependência dos combustíveis fósseis são “sinônimos” para uma mesma meta.  E entende-se ainda, que a mitigação dos riscos climáticos é uma meta por natureza global.

Sobre abordagens e tecnologias.

Em grande parte os recursos tecnológicos e financeiros para uma Política Energética Verde existem.  Pode-se afirmar, que a indústria dos transportes ainda resiste à passagem aos acionamentos híbridos e elétricos para veículos com peso reduzido.  Espera-se também por uma forte evolução na tecnologia dos biocombustíveis.  Existem grandes espaços para a redução do consumo, tanto na área predial como no aumento da eficiência energética, ou seja, na redução do insumo de energia por unidade de produção.  Estes efeitos seriam produzidos de forma “difusa” na sociedade e com tanto maior volume e prontidão quanto melhor forem incentivados por iniciativas governamentais como incentivos fiscais e financiamentos, além de normatizações.  Com esta reestruturação as sociedades desenvolvidas conseguiriam manter a ocupação, talvez mesmo elevar o PIB, com simultânea redução do consumo de energia.  São noticiados potenciais de redução de consumo entre 20 e 40% nas sociedades desenvolvidas, com correspondente redução da queima de carvão, gás e petróleo.  Além da redução  do consumo acelerariam a participação das energias limpas nas suas matrizes energéticas na medida em que investirem na geração eólica e solar, além da geração com biomassa.  Nesta abordagem resumida não se descarta a aplicação de geração nuclear, mas se a reserva para casos excepcionais.

Sem margem de dúvida a grande surpresa no contexto da geração de energia é o desenvolvimento alcançado no aproveitamento da energia dos ventos.  As potências unitárias e as eficiências aumentaram a ponto de possibilitar a execução de grandes projetos com preços da energia comparável com a energia produzida com carvão e gás natural.  Adicionalmente, o preço é previsível, porque independe dos preços de commodities e do câmbio, o prazo de implantação é curto – de um a dois anos -, fator importante para a rentabilidade dos investimentos, e a geração não compete com o uso da terra e da água.  Importante também é que não causa interferências em florestas.  Além das vantagens econômicas e ambientais ainda cria ocupação local.

Na Dinamarca, que liderou o desenvolvimento tecnológico, 20% da energia consumida é de origem eólica tendo-se explorado não mais de 20% do potencial.  Em dias com  fortes ventos toda a energia consumida na Dinamarca é gerada por suas 5.000 turbinas.  Lester Brown afirma, em Plan B3.0, que toda a energia consumida nos Estados Unidos poderia ser captada dos ventos e do sol, inclusive a que alimentaria os veículos com acionamento híbrido e elétrico. As empresas européias fabricantes de turbinas eólicas estão instalando fábricas nos Estados Unidos para explorar este mercado.  A reformulação da matriz energética exige também uma nova estrutura do sistema de transmissão e de distribuição, com grandes demandas de mão-de-obra.  Além de resolver o problema da poluição atmosférica a energia eólica, em conjunto com a energia solar, tornariam os Estados Unidos independentes da importação de petróleo.

No momento o líder no investimento em energia limpa é a China, tanto na energia eólica, como na energia solar e na energia nuclear, mesmo ainda aumentando a queima de carvão. Na China já existiam mais de um milhão de empregos nos setores de energias renováveis, com acréscimos de 100.000 por ano. A China, confrontada com uma massa de população pobre e, tendo um governo autoritário decidido de resgatar centenas de milhões de seus habitantes da pobreza, é benchmark no desenvolvimento econômico e social, mas também no desenvolvimento ambiental.  A eficiência energética da economia chinesa tem feito surpreendentes progressos, embora partindo de uma base muito baixa.  Pode-se afirmar que a China executa um Projeto para o Desenvolvimento Sustentável.  Observa-se que não existe o problema da transferência de tecnologia tão presente nos discursos ainda nos na última década do século XX.

Da cena no Brasil.

Como está o Brasil nesta cena?  Não há dúvida a respeito de que no mínimo 20% da energia consumida poderiam ser economizados, mas não existe ação do governo neste sentido. Esta economia corresponderia a cerca de 30% da potência instalada.  Não haveria, portanto urgência na instalação de novas capacidades de geração, caso se incentivasse a redução do consumo.  A indústria por razões de competitividade acompanhará os esforços internacionais de melhoria da eficiência energética.  O mesmo pode ser previsto para a evolução dos transportes.  É quase inacreditável que não exista uma política de incentivo à geração térmica com bagaço de cana, tendo em vista que o potencial é avaliado em 14.000 MW, a sua exploração dispensaria linhas de transmissão extensas e o aumento da renda das usinas beneficiaria a competitividade do açúcar e do etanol, além de ser energia verde. Ainda mais absurda é a desatenção à exploração do potencial de energia eólica, estimado em 140.000 MW, mais que toda a potência instalada, principalmente no Nordeste, sabidamente carente de energia.  O custo da energia resultante do primeiro leilão esteve no nível praticado para pequenas centrais hidrelétricas.  Atualmente já está próximo ao custo contratado em novas grandes usinas hidrelétricas, e não precisará incorporar o custo da transmissão devido à proximidade aos consumidores, nem as respectivas perdas.

A determinação do governo de instalar usinas hidrelétricas na Amazônia baseia numa percepção superada, que só se mantém devido à desatenção da sociedade.  Não há como negar que a sua prática é mais prejudicial ao Meio Ambiente que a geração eólica e que não contribui para o desenvolvimento da indústria nacional.  Uma quebra dos paradigmas de percepção e uma orientação pelos exemplos – benchmarks -, proporcionados por outras sociedades, deve ser possível também nas democracias.

 

 

 

 

Políticas exequíveis num período de dez anos (até 2015)

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Sobre políticas exequíveis num período de dez anos (até 2024). 2

Alguns dos obstáculos a serem vencidos para uma mobilização mais forte das sociedades pelo Desenvolvimento Sustentável estão relacionados como metas do Desenvolvimento Cultural.  Mas de imediato é preciso agir com base nas percepções vigentes e com os recursos disponíveis.  Uma avaliação da cena presente permite afirmar com alguma segurança, que num futuro imediato de dez anos as seguintes realizações são possíveis:

–  Uma redução considerável das emissões de GEE resultantes de aumentos da eficiência energética, de uma maior participação de fontes renováveis de energia nas matrizes energéticas principalmente na Europa e nos Estados Unidos, uma divulgação global de meios de transporte menos poluentes.

–  A finalização de desmatamentos e realização de progressos na recomposição de biomas.

–  A redução radical da poluição dos recursos hídricos e dos oceanos e mares.

–  Uma redução da pegada ecológica global via redução de desperdícios e aumento da produtividade das atividades agrárias e na pecuária.  Uma ajuda para tal desenvolvimento resulta do fato de que na China, no Japão, na Rússia e na União Européia as populações começaram a decrescer.

–  Crises financeiras e econômicas resultantes de excessos de endividamentos de Estados ou de transgressões de “boas práticas” serão improváveis, pois as instituições de prevenção estão sendo criadas.

–  Estabelecimento de Projetos Nacionais ou Regionais para a Aceleração do Desenvolvimento Sustentável.

Este cenário de situação realizável de imediato pode parecer bastante otimista.  Conta-se com uma “contaminação” das sociedades no espaço global pelo exemplo prestado por iniciativas pioneiras.  Acaba-se instalando uma “instituição informal” pressionando por “bons comportamentos”.  Monitoramentos globais contribuem para o fortalecimento de percepções.  Assim acontece com a crescente aceitação das fontes de energia eólica e solar e a prática da disposição seletiva de resíduos sólidos e a eliminação de lâmpadas incandescentes.

Problemas no Desenvolvimento Sustentável

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Problemas no Desenvolvimento Sustentável.

Há problemas específicos para a realização de cada uma das três dimensões da Situação Sustentável e portanto Problemas no Desenvolvimento Social Sustentável, Problemas no Desenvolvimento Ambiental Sustentável e Problemas no Desenvolvimento Econômico Sustentável.

Mas há também problemas na mobilização e na coordenação global do desenvolvimento que é crucial para as futuras condições de vida da humanidade.  Tal dificuldade não é surpreendente, visto que nunca na história existiu uma coordenação de ações de diversas sociedades.  A Responsabilidade pelo Desenvolvimento Sustentável é uma percepção nova. Ela data da segunda metade do século XX.  Estabeleceram-se na Organização das Nações Unidas – ONU – órgãos que pretendem exercer influências no sentido de agilizar as ações entendidas como necessárias:  o PNUD – Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento -, que monitora o desenvolvimento social pelo IDH e o PNUMA – Projeto das Nações Unidas para o Meio Ambiente com um número significativo de atividades, entre elas as dedicadas às Mudanças Climáticas.

Ainda não está consolidada em todas as sociedades que Responsabilidade é uma atitude individual e que todas as ações de Desempenho das Responsabilidades são voluntárias. Ainda restam preocupações de que medidas orientadas para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável prejudicariam o desenvolvimento econômico e econômico dos países.  De uma maneira geral estes receios não se confirmaram.  Hoje mesmo a China empenha grandes esforços em reduzir a dependência de sua economia do carvão.  Mas o desenvolvimento de uma matriz energética limpa tem sido retardada nos Estados Unidos pelos interesses de empresas na produção de carvão e petróleo.  A Alemanha e a Grãbretanha lideraram a demonstração que a redução das emissões de GEE através do efeito combinado do aumento da eficiência energética e da exploração da energia eólica, solar e da biomassa é exequível, sem perda de competitividade da economia.  É possível dizer que estes dois países defiram Projetos para o Desenvolvimento Sustentável para a execução de suas Políticas para o Desenvolvimento Sustentável.

As correspondentes tecnologias são globalmente acessíveis e aplicadas.  Quando existem políticas nacionais adequadas as organizações da iniciativa privada – as empresas – executam a implantação.  Trata-se, portanto, de uma combinação de desenvolvimento sustentável projetado e desenvolvimento sustentável difuso.  Em breve a difusão dos acionamentos elétricos – puros e híbridos – de veículos ajudará significativamente na redução das emissões de GEE.

Um dos mais sérios problemas restantes do Desenvolvimento Ambiental Sustentável – Problemas Ambientais –  é a terminação de desflorestamentos e a recuperação da cobertura vegetal de áreas degradadas.

 

 

Desenvolvimento de Matrizes Energéticas

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Desenvolvimento das Matrizes Energéticas.

O desenvolvimento das Matrizes Energéticas é uma função da política econômica. Os Governos têm a tarefa de orientar a disponibilidade de energia para a demanda futura de forma que este recurso esteja disponível com preços, que favoreçam a competitividade da produção dos respectivos países. Portanto o Desenvolvimento da Matriz Energética e da Matriz de Energia Elétrica é um exemplo de desenvolvimento projetado.

Vetores do desenvolvimento.

Atualmente se impõem, no mundo todo, a Responsabilidade da redução das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – como meta adicional para o planejamento. Esta obrigação vem sendo facilitada por inovações tecnológicas tanto na geração de energia, quanto nos acionamentos de veículos, principalmente, com o aproveitamento da energia eólica e da energia solar. A energia solar e a energia eólica são “limpas” – não causam emissões – e estão, em teoria, disponíveis em volumes maiores que o total de energia até agora produzidas e consumidas. São classificadas também como “energias renováveis”. Adicionalmente está-se dando maior atenção ao aproveitamento de bioenergia para os mesmos usos. A combustão produz emissões que são seqüestradas pelos plantios, num processo de reciclagem. A geração hidrelétrica, embora limpa e altamente desenvolvida, só desempenha um papel complementar na grande maioria das sociedades, com exceção da Noruega e do Brasil, por falta de oportunidades de aproveitamento.

Fontes com menores potenciais de aproveitamento são a energia marinha, das ondas, correntes e marés, e a energia geotérmica. A expansão da geração nuclear enfrenta forte rejeição.

A preocupação com as emissões e pressões da sociedade civil intensificou os esforços das empresas de reduzir as emissões e outros efluentes poluidores das produções. Via de regra constataram que estes esforços resultaram também em reduções de custos.  Por exemplo, os gases de processos siderúrgicos estão agora sendo aproveitados na geração ou cogeração de energia.

Tanto no âmbito da produção, como no âmbito do consumo comercial e doméstico intensificou-se o esforço de redução do consumo de energia. Adotam-se hábitos mais conscientes para reduzir desperdícios. Aumenta a eficiência na iluminação, dos aparelhos eletrodomésticos e dos equipamentos fabris, reduz-se a necessidade de aquecimento e refrigeração dos prédios.  Resulta um aumento da eficiência energética das sociedades, isto é, a relação entre a produção e o consumo de energia – PIB/kWh.

Da evolução histórica.

Do domínio da transformação da energia do calor em energia mecânica resultou um acelerado aumento da produção na Revolução Industrial.  No princípio o combustível foi  o carvão; em menor escala a lenha. Ao desenvolvimento da máquina a vapor seguiu o desenvolvimento das turbinas a vapor e da geração elétrica, que permitiram a geração concentrada de grandes volumes de energia. O desenvolvimento das máquinas de combustão interna e a exploração e destilação do petróleo possibilitou uma rápida expansão do transporte rodoviário a custos decrescentes.  Turbinas a gás fóssil possibilitaram aumentos de eficiência dos processos e reduções da poluição atmosférica pelos efluentes. Hoje turbinas a gás alimentadas por destilado de petróleo dominam no transporte aéreo. Por mais bem sucedidos que fossem os esforços de redução das emissões de GEE resultantes da combustão de combustíveis fósseis, o aumento da demanda por energia resultou num aumento da concentração de GEE na atmosfera e, em conseqüência, o aquecimento antrófico e o início de mudanças climáticas.

O desenvolvimento das células fotovoltaicas de silício abriu a possibilidade do aproveitamento da energia solar para a geração de energia elétrica.  E o desenvolvimento das turbinas o aproveitamento da energia dos ventos em grande escala.  Estes desenvolvimentos tecnológicos ainda não eram previsíveis em 1992, quando se realizou a Conferência Rio 92.  A iniciativa privada e a globalização as tornaram acessíveis em todo o mundo. Em data recente pela primeira vez os investimentos globais em geração com energias limpas superaram os investimentos em geração com energias fósseis.  A disponibilidade de energia solar e energia eólica para serem aproveitadas é maior que a capacidade de geração hoje instalada.

Da geração com fontes renováveis / limpas / verdes.

A expansão da geração eólica teve de superar alguns obstáculos.  Inicialmente, as unidades de geração tinham pequena capacidade; por isso não eram econômicas.  Hoje uma capacidade standard têm de 3 a 5 MW com maior rendimento, existindo unidades de até 10 MW.  Segundo, existe uma estrutura de produção de energia elétrica com tecnologias “convencionais” e uma estrutura de fornecedores de combustíveis. Estes interesses resistiram e ainda resistem à inovação. Alguma sociedade, através de sua política e administração pública teve de tomar uma decisão de fomentar a geração limpa para que adquirisse escala e fosse competitiva.  Estas iniciativas foram tomadas pela Dinamarca e pela Alemanha.  Quando os ventos são fortes, hoje toda a demanda de energia na Dinamarca é atendida por geração eólica. Durante alguns anos a Alemanha liderou a instalação de geradores eólicos em terra – on shore – e no mar – off shore -.  A gestão dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia precisa ser adequada para absorver a variação de geração eólica em conformidade com a força dos ventos, dando prioridade para o consumo de energia limpa e economizando combustíveis fósseis.

Hoje a China lidera a instalação de geração eólica, seguida dos Estados Unidos e da Alemanha.

Na geração solar existem duas abordagens: A geração por concentração dos raios através de espelhos e a tecnologia fotovoltaica.
Diversas concepções de projeto de geração por concentração encontram-se em estado experimental.  Prevê-se a acumulação do meio aquecido para geração durante a noite.  O meio aquecido transmite o calor a um circuito térmico de vapor convencional.  Existe uma visão da instalação de numerosas unidades no norte da África para transmitir à Europa por cabos submarinos a energia produzida .

A tecnologia fotovoltaica permite o maior grau de geração elétrica descentralizada, quer dizer, no próprio consumidor. Os painéis instalados nos telhados das casas podem ser vistos em toda a Alemanha.  A energia gerada em excesso durante o dia é armazenada em acumuladores e (ou) “vendida” à rede.  Quando o consumo supera a geração própria recorre-se à distribuidora. Este sistema de conexão conhecido como “rede inteligente” precisa ser aceito e promovido pela distribuidora.

A geração fotovoltaica de energia se aplica à eletrificação de pequenos consumidores não alcançados por redes de distribuição e a aplicações especiais na sinalização de trânsito e na comunicação. A combinação com a utilização da tecnologia de leds na iluminação amplia o seu campo de aplicação. Na Índia um projeto de geração fotovoltaica beneficiará um grande contingente de pobres na zona rural.

Não pode deixar de ser lembrado, que a utilização da energia elétrica para aquecimento é a forma mais ineficiente e dispendiosa do uso deste recurso.  Outra vez a China hoje é o maior aplicador de coletores solares térmicos e de coletores fotovoltaicos, de produção própria.

Do transporte com energia elétrica.

Para quem dispõe de energia elétrica própria, produzida no telhado de sua casa, deve ser imediato alimentar o seu veículo com acionamento elétrico. Neste caso o abastecimento do veículo será mais econômico do que qualquer alternativa de combustível. Conclui-se que haverá mercado para os veículos elétricos. As estruturas logísticas ainda terão de ser estabelecidas. Dependendo das necessidades de autonomia, o cidadão poderá optar por veículos com acionamento híbrido, que também poderá ser flex.

Conclusão.

As perspectivas para uma redução radical das emissões de GEE através da transformação das Matrizes Elétricas Energéticas são promissoras. O desenvolvimento tecnológico com redução dos custos indica nesta direção. Hoje a geração eólica já compete com a energia hidrelétrica.  A energia solar ainda requer subsídios.  Em “Plan B 3.0” Lester R. Brown avalia, que toda a energia elétrica demandada pelo maior consumidor, os Estados Unidos, pode ser eólica e solar. Inclusive para os veículos. Com o empenho do Governo a energia solar também serviria ao desenvolvimento social, a exemplo do projete de desenvolvimento da Índia.  Recentemente a instalação de geração fotovoltaica superou a instalação de geração eólica.

Crescimento da Produção e do Consumo – do PIB global.

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Crescimento da Produção e do Consumo – do PIB – global.
Quanto precisa? Onde? Limites?

Introdução: Metas da política econômica.

Tradicionalmente, a “filosofia” da política econômica está voltada para o crescimento ilimitado da produção nacional. O motivo declarado é o atendimento das necessidades dos cidadãos, postuladas como infinitas. No século XIX e até três quartos do século XX este objetivo parecia válido mesmo para as sociedades – países – hoje classificadas como ricas ou desenvolvidas.

Deste período também data o conceito de “políticas econômicas anticíclicas”, que são orientadas a atenuar os sofrimentos causados pelos ciclos conjunturais na fase de depressão. Nessas circunstâncias os Estados devem interferir na economia de mercado para promover, melhor, possibilitar o consumo, mesmo que tenha de contrair dívidas resultantes de déficits orçamentários. Em tese, tais dívidas seriam ressarcidas na subseqüente fase de atividade econômica mais dinâmica pelos aumentos da receita pública.

Outro objetivo da política econômica, como consta nos compêndios, é a estabilidade do poder de compra da moeda nacional. A estabilidade do poder de compra favorece os planejamentos das atividades, particularmente os investimentos, e conserva o valor das poupanças. Também pelo menos reduz discussões e conflitos sociais. Dessa forma contribui para a produtividade da sociedade. A ideia do equilíbrio na economia aplica-se ainda ao objetivo de alto nível da ocupação da mão de obra e ao objetivo do equilíbrio da balança comercial. O crescimento da economia serviria para manter os equilíbrios diante dos efeitos do desenvolvimento demográfico e da redução da oferta de trabalho causado pelo desenvolvimento tecnológico.

Esta visão de metas se aplica a sociedades desenvolvidas. Sociedades pobres precisam aumentar a produção para atende às necessidades de consumo, de melhora do conforto, da população. Distinguem-se, portanto, duas situações de gestão econômica bastante diversa:

1. Economias sem contingentes numerosos de pobres e miseráveis.

Nas sociedades desenvolvidas é acertado zelar pelo equilíbrio fiscal e por baixo nível de dívidas. Os investimentos em estrutura necessários não são tão volumosos que não caibam nos orçamentos. Então na tendência os juros serão baixos, favorecendo tanto os investimentos, como a realização das metas de estabilidade. Um crescimento modesto do PIB é aceitável e mesmo “natural”. Algumas empresas tenderão a investir em outras regiões com mercados em expansão, onde também encontrarão mão de obra para a expansão de suas atividades. Este é um dos aspectos do fenômeno da “globalização da produção”. Nas sociedades que já estão bem supridas políticas de expansão da liquidez para incentivar o crescimento de economia terão efeitos pífios. A situação de “saturação de mercados” ainda precisa ser mais bem compreendida. Ela já existe no Japão, nos países escandinavos e outras partes da União Européia e dos Estados Unidos, Canadá e Austrália.

2. Economias com numerosos contingentes de pobres e miseráveis.

Nas sociedades onde existem significativos contingentes de pobres as políticas econômicas precisam visar o aumento da ocupação, da renda, do consumo, isto é, um crescimento significativo do PIB. A política de crescimento da produção não é “anticíclica” nem “de equilíbrio”. Todavia uma desvalorização do poder de compra da moeda – uma inflação – não ajudará na realização de metas e constitui um imposto disfarçado que atinge principalmente os cidadãos mais pobres. Há diversos recursos de política de crescimento econômico para prover ocupação na produção de contingentes na base pobre da pirâmide social, entre os quais constam:
– A “importação de indústrias” para suprirem o mercado potencial interno e para exportação, valendo-se de remunerações comparativamente mais baixas, falta de serviços sociais, baixos impostos, subsídios etc. Em parte a concorrência nos mercados das sociedades “ricas” tem estimulado a “exportação de ocupação”.
– O fomento de produção na base da pirâmide social mediante micro-créditos e remunerações adequadas pelos compradores (exemplos: produções agrícolas, “maquiadoras”, produção de vestiário).
Projetos de desenvolvimento econômico e social para numerosos contingentes da população, como executa a China.
– Impulsos iniciais de mitigação da pobreza através de subvenções ao consumo. Devem ser acompanhados de ofertas de trabalho para prevenir a conformação em situação de “mendicância habitual”.

Aspectos da cena global atual.

Sabe-se que a produção global de alimentos é suficiente para que não ocorra fome e subnutrição entre os sete bilhões de habitantes da Terra. Em algumas regiões faltam recursos para a aquisição de alimentos e a produção local é insuficiente; por outro lado ocorrem grandes perdas e desperdícios. Em princípio os alimentos básicos devem ser produzidos próximos aos consumidores. Mas há regiões grandes exportadoras de alimentos como os Estados Unidos, a Rússia, o Brasil, a Argentina e a Austrália.

A produção agrícola industrial oferece poucas oportunidades de trabalho. Assim sendo, não existem razões para a continuação de desflorestamentos. Efetivamente, já se observa na Europa uma recuperação de áreas florestais. Os acréscimos de produção necessários poderão ser supridos por aumentos de produtividade. A pegada ecológica global não precisará ser aumentada devido a questões de alimentação.

Na Situação Sustentável não existiriam contingentes de humanos vivendo em condições eticamente não aceitáveis. Como a meta do resgate da pobreza se aplica a contingentes humanos numerosos e a grandes extensões territoriais, há de se entender que esta tarefa não poderá ser desempenhada por organizações do mercado – empresas.  As contribuições dessas são limitadas por seus recursos e falta de autoridade, mesmo que sejam estimuladas por políticas oficiais.  Aos países “pobres” cabe, além de políticas que promovem desenvolvimentos difusos, desenvolverem projetos públicos de geração de ocupação e renda segundo o modelo de Desenvolvimento Econômico e Social praticado pela China. Tais projetos abrangem obras na infraestrutura física, na educação, no saneamento, na recomposição de biomas – em geral florestas – e no estabelecimento de produções para as quais existem naturais vantagens competitivas.

Conclusões.

Conclui-se, que o desenvolvimento econômico, o crescimento do PIB, de países que ainda abrigam significativos contingentes de humanos necessitados de melhoria nas condições de bem-estar não repetirá o desenvolvimento dos países já “ricos”, produzido exclusivamente pela economia liberal de mercado. A economia liberal de mercado produziu um bem-estar social nas sociedades desenvolvida como conseqüência surpreendente, não como objetivo planejado. Para acelerar o resgate de populações ainda pobres são necessárias hoje intervenções dos Estados tanto para atrair empresas, como para gerar ocupação diretamente. Os mercados internos se desenvolverão na medida em que os contingentes “desfavorecidos” forem ocupados – integrados na produção.  A indústria local e a distribuição se desenvolverão ao suprir os bens de consumo.  O crescimento da produção favorecerá o desenvolvimento dos serviços.

Aparentemente, ainda é preciso perceber melhor as diferenças de gestão econômica nas sociedades desenvolvidas, de um lado, e nas sociedades emergentes e subdesenvolvidas, de outro.

Todo o problema dos ajustes de bem-estar social e da pegada ecológica global, inclusive da preservação das espécies demanda ainda de um tratamento tão atencioso como o do problema das mudanças climáticas.