Educação de Responsabilidade 1
É possível ensinar Responsabilidade?
Considerando que no perfil de um cidadão a Responsabilidade consta entre as atitudes – o querer fazer – a questão deve ter uma resposta negativa. O mesmo vale para as demais atitudes como a lealdade e a coragem.
Como, então, as sociedades procederam, sistematicamente ou não, para que tal base para motivação de ações importantes para a sobrevivência das famílias, organizações e nações e agora também para a humanidade estivesse presente? Esta questão é abordada em 1 e 2. Neste espaço cabem apenas poucos comentários de fácil verificação. [ 1 e 4 > Situação Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográficas ]
“Desde os primórdios da civilização se reconheceu que a educação é decisiva para formar a capacidade de desempenho de uma sociedade e de grupos numa sociedade. Isto se aplica tanto para o conhecimento e as habilidades como para as dimensões psicossociais condicionadoras das atitudes [1, Cap. 10]. É verossímil que as regras da convivência tenham emergido da experiência da interdependência no grupo para a segurança, ou seja, para a sobrevivência. Configuraram costumes que acabaram sendo formalizados e registrados por sábios filósofos ou atribuídos também a expressões de vontade de um poder superior, neste caso fazendo parte de religiões. O exemplo mais bem percebido nas sociedades de cultura ocidental é “Os Dez Mandamentos da Lei de Deus”. A obediência a tais prescrições configura a “ética das convicções” [4, Cap. 5.4.].
Na configuração da “cultura ocidental, o conceito de ética teve origem no esforço de entendimento da ordem na sociedade, como parte da filosofia helenística. A ética trata das conseqüências de atos para a sociedade. Assim sendo, a “ética das responsabilidades” existiu desde o advento da filosofia. Ela é o fundamento das instituições formais, das leis e das organizações que zelam por sua observação [4, Cap. 5.4.].
”Com a acumulação de conhecimentos nas sociedades os espaços para decisões e atos dos cidadãos se expandiram. Os cidadãos reclamaram a liberdade de explorar as possibilidades de atuação e ao mesmo tempo criaram as instituições formais destinadas a cercear a prática de abusos que resultariam em danos individuais ou coletivos . Ao longo deste desenvolvimento, que se acelerou com a Revolução Industrial, a ética da responsabilidade progrediu nas percepções orientadoras das ações” [4, Cap. 5.4]. A Consciência da Responsabilidade pelas condições de vida futuras se formou na segunda metade do século XX.
“Para o desempenho da Responsabilidade pelo bem-comum das gerações presentes e das gerações futuras é irrelevante se a motivação resulta de Fé ou de outra forma de percepção da Vida como valor superior” [4, Cap. 5.4]. Isto significa que não existem entraves para a sedimentação de uma Cultura Global de Sustentabilidade.
Conclui-se, que se, por natureza, não é possível ensinar a atitude das ações por Responsabilidade, é possível ministrar o conhecimento das religiões, das “boas práticas consagradas” e da ética, ou seja, de valores. Estes conhecimentos então estarão presentes nas decisões individuais e na cultura da cada sociedade como instituições informais.
A condução da vida pessoal, do comportamento de organizações e da política nacional depende da percepção de compromissos e valores que podem conflitar com interesses imediatos. Na escala das motivações de Maslow o desempenho das Responsabilidades se situa no mais alto nível, o da realização pessoal. Confirma-se que o desempenho da Responsabilidade é voluntário e unilateral. As instituições formais apenas regulamentam o que “deve” ou “não deve” e punem omissões e infrações. Os desempenhos das “boas práticas”, os exemplos de atitudes responsáveis, além de orientarem os comportamentos, inibem transgressões.
Tanto os ensinamentos – Educação Formal -, como o exemplos – Educação Difusa – formam, ou seja, “ensinam” o comportamento cultural de uma coletividade.
Deixe um comentário