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Sobre o desenvolvimento social e econômico global (2016) Parte III

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Sobre o desenvolvimento social e econômico global (2016).

Objetivo:Trata-se da tentativa de um primeiro levantamento para iniciar um monitoramento periódico.

Parte III.

–  Na Índia[Ref: IDH (2014)    0,609]

Com aproximadamente 1,3 bilhões de habitantes, comparável à população da China, a Índia é a maior sociedade com regime de governo democrático.  Apresenta ainda imensos contingentes – centenas de milhões – muito pobres e pobres.  O seu IDH é inferior ao da China e mesmo ao da maioria dos “países árabes”.  Os crescimentos econômicos nos últimos anos no nível de 7% aa. tem superado o da China.

A Índia não se industrializou nem se urbanizou (ainda?) da mesma forma como a China.  Mas se destaca na produção de software e nos serviços via internet.  A prática da língua inglesa e a educação propiciam uma vantagem competitiva.  Uma remuneração mais Adequada da mão de obra de confecção para exportação aos países desenvolvidos Estados Unidos e na Europa poderia ser uma ajuda significativa para o desenvolvimento do mercado interno.  O advento da geração de energia elétrica solar fotovoltaica, por ser distribuída, poderá se revelar como alavancador do resgate da grave pobreza rural.

Apesar da diversidade linguística e religiosa a Índia tem se mantida estável.  Persiste uma questão territorial com o Paquistão sobre a província Kashemir, mas agora faltam indícios sobre uma deflagração.  Tanto Índia como Paquistão enfrentam ameaças de dificuldades causadas por Mudanças Climáticas e escassez de água.

–  América Latina.

A população conjunta dos 21 países da América Latina soma 569 milhões de habitantes.  Culturalmente a América Latina é herdeira e próxima da Península Ibérica.

Dois países latino-americanos apresentam condições de bem-estar público semelhantes aos europeus:  Argentina [IDH  0,836] e Chile [0,832].  Na grande maioria as condições de conforto são comparáveis às registradas para o Brasil [vide acima Parte I].  Os mais pobres são o Paraguai [IDH  0,672], a Bolívia [IDH  0,662], a Nicarágua [IDH  0,631] e a Guatemala [IDH  0,632]].  Estes valores dos mais pobres são maiores que os da Índia e da África.

As minoritárias classes médias elevadas e ricas vivem nos distritos comparáveis aos de regiões desenvolvidas, em contraste com uma pobreza visível de favelas ou oculta no campo e nas florestas.  A exploração de riquezas minerais gera poucas oportunidades de trabalho.  A maioria dos países tem uma população insuficiente para constituir um mercado interno para o assentamento de indústrias, que serviria de apoio para exportações.  O mercado global de gêneros alimentícios está suprido e seu crescimento depende do desenvolvimento econômico global. Projetos Nacionais ou Regionais para o Desenvolvimento Sustentável serviriam para quantificar metas realistas para o crescimento das economias, a ocupação dos contingentes humanos, Rendas Adequadas e a melhora das condições gerais de bem-estar.  Subsídios ao consumo, como os ensaiados no Brasil, aliviam sofrimentos atuais, mas não representam desenvolvimento sustentável.  Também é problemático confiar num crescimento econômico vegetativo, baseado apenas nos mercados propiciados por políticas econômicas.  Entretanto, não é possível prever os resultados de estudos de Projetos de Sustentável quanto ao melhoramento das condições de renda e de vida da maioria das populações nos países da América Latina.  Contar com crescimentos econômicos como o da China e da Índia é ilusório, já porque os contingentes de muito pobres e pobres na Ásia são muito maiores.

 

–  Na África[IDH  predominante baixo, menor que 0,55]     [Fonte:  Wikipédia]

O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes, dos quais 500 milhões vivem na África subsaariana. Essa população tem um crescimento populacional na ordem dos 2,5% ao ano.  30% sofrem de subalimentação crônica.

Esse crescimento elevado da população tem criado duas preocupações muito sérias.

  1. A predominância de jovens na população determina a necessidade de elevados investimentos sociais em escolas, alimentação e tratamento médico;
  2. a pressão demográfica, aliada ao baixo nível técnico da produção agropecuária, à introdução de culturas de rendimento para exportação e à urbanização no século XX, tem gerado graves desequilíbrios econômicos e sociais.

De forma geral, a população da África Negra apresenta os piores indicadores socioeconômicos do mundo.  Enquanto nos países desenvolvidos a população morre, em média, com uma idade superior a 70 anos, nessa parte do mundo raramente a média ultrapassa os 45 anos. Essa expectativa média de vida tão baixa é explicada por inúmeros fatores, tais como a má nutrição, falta de assistência médica e ausência de saneamento básico nos meios rurais e favelas.

Esta região da África é marcada, em geral, por governos autoritários e corruptos que não se preocuparam em melhorar as condições econômicas dos seus países. Nos últimos anos, no entanto, verifica-se uma tendência democratizadora em toda a região, com eleições multipartidárias realizadas regularmente.

Comentário:  As expectativas para um Desenvolvimento Sustentável da região são sombrias, com eventual exceção da África do Sul.  Hoje acontecem migrações à procura de trabalho e alimentação.  Apesar de uma população menor do que a da Índia, o resgate da pobreza e da miséria deverá ser mais difícil, mesmo no plano da agricultura familiar.  A geração fotovoltaica poderá se revelar ser um apoio significativo para o desenvolvimento social.

 

Conclusões e Expectativas Gerais.

Na medida em que os contingentes muito pobres e pobres alcançarem condições de conforto eticamente aceitáveis, a velocidade do crescimento da economia diminuirá.  Assim formulada num plano teórico, esta expectativa hoje é observável na China.  Sintomas de saturação das economias são observáveis no Japão e partes da Europa e dos Estados Unidos.

Como as economias dos países e regiões estão entrelaçadas e todas as sociedades precisam de mercados internos de trabalho – e renda -, é provável que a distribuição global das oportunidades de trabalho se orientará pela capacidade dos mercados internos e regionais.  Esta orientação seria lógica também segundo critérios logísticos.

Ainda não foram desenvolvidos critérios para metas de renda e conforto no desenvolvimento social além da eliminação da fome e doenças, da igualdade de gêneros, de educação mínima, condições saudáveis de habitação entre as constantes no SDG/MDS – Sustainable Development Goals – da ONU / PNUD.

Assim sendo os SDG continuam tendo um caráter filantrópico.  A visão da autossustentação das famílias deverá se impor porque o subsídio ao consumo não corresponde ao conceito de autoafirmação em liberdade individual.  Por consequência um nível de renda que permita ao cidadão – à família -economizar para prover o sustento durante a velhice pode servir de critério.  Esta condição estaria alcançada na classe média baixa, uma percepção “burguesa”.  A delimitação da pobreza seria caracterizada pela Renda Adequada.

Esta configuração social está sendo realizada na China através de um “Projeto de Desenvolvimento Social” por Industrialização, Urbanização e, menos percebida, de preservação do Meio Ambiente.  Em países como o Brasil, e toda a América Latina, com menores contingentes de famílias muito pobres, projetos similares trariam benefícios econômicos, ambientais e sociais em curto espaço de tempo.

Aumentos de demanda por energia serão atendidos por geração com fontes renováveis – eólica, solar, bioenergia e biocombustíveis.  A mudança das matrizes energéticas está tomando impulso.  A disseminação da energia solar fotovoltaica poderá, junto com a comunicação por internet, impulsionar o desenvolvimento social e refrear a urbanização.

A atualização de estruturas das economias para a mudança das matrizes energéticas abre oportunidades de trabalho industrial e nos serviços num horizonte de prazo de duas décadas.  Mas o desenvolvimento tecnológico, visível na automação através da informática e da robótica, corta empregos.  Em algumas sociedades desenvolvidas a população diminui apesar do aumento da expectativa de vida.  Ocorrerá uma convergência para um equilíbrio, eventualmente com um aumento dos tempos de lazer?

Nos países com IDH muito alto pouco deverá se alterar.  Talvez os níveis de renda serão algo reduzidos.  Os países do sul e do leste da Europa provavelmente serão melhor incluídos na economia europeia.  Em 5 a 10 anos o gradiente de atração da União Europeia sobre províncias da Rússia, sobre a Turquia e sobre países árabes terá mostrado efeitos favoráveis à paz.  No mesmo período o IDH da China e da Índia terá avançado.  Na América Latina tudo depende de saltos de percepção:  A pobreza estará superada, caso acontecerem.  Mais difícil deverão continuar estando as condições de vida na África.

Sobre o desenvolvimento social e econômico global (2016) Parte II

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Sobre o desenvolvimento social e econômico global (2016).

Objetivo:Trata-se da tentativa de um primeiro levantamento para iniciar um monitoramento periódico.

Parte II.

–  No Japão.  [Ref: IDH (2014)    0,891]

Algumas características marcantes do Japão são a população de 160 milhões de habitantes com tendência de envelhecimento e redução, Índice de Desenvolvimento Humano de    – muito alto, dependencia de importação de petróleo e de exportação de produtos industriais.  O baixo nível do preço do petróleo deveria favorecer a economia.  O Japão apresenta produtividade energética alta.  Mas a economia está estagnada há vários anos num nível elevado.  No intuito de estimular o consumo, praticou sem sucesso uma políticas monetária de juros negativos.  Isto indica que as necessidades sentidas pela população estão satisfeitas.  Faz sentido qualificar a economia como “saturada”.  Juros negativos causam redução das poupanças, que em grande parte estão aplicadas em títulos públicos.  Como não se tem notícia de pobreza, pode-se admitir que na base da pirâmide social se tenha estabelecido uma Renda Adequada.  Uma política econômica de crescimento da produção – do PIB – não faz mais sentido.

Também no Japão um fator para manter o movimento da economia e o alto nível da ocupação é a Mudança da Matriz Energética.  O Japão ainda depende da geração termelétrica e de centrais nucleares.  Os acionamentos elétricos e híbridos de veículos, nos quais o Japão ocupa uma posição de liderança tecnológica, refletirão na redução da dependência de importações.  Deve haver um espaço para a redução do PIB sem afetar o nível de bem-estar da população.

 

–  Na Europa.  [Ref: IDH (2014)    > 0,9  ou  > 0,8 < 0,9]

População:  738 milhões, dos quais 142 milhões da Rússia.   A União Européia compreende 508 milhões.  A tendência é declinante.

A primeira e a segunda Revolução Industrial – a da máquina a vapor e a do acionamento e iluminação elétrica – iniciaram na Inglaterra e foram desenvolvidas nos Estados Unidos e em outros países da Europa.  Até hoje são os países mais desenvolvidos social e economicamente, além do Japão.  Depois da Segunda Guerra Mundial se configurou a União Europeia, uma confederação da maioria dos países europeus com um Parlamento Europeu sediado em Bruxelas.  Duas das condições para a paz, formuladas por Kant, estão assim realizadas:  Os países têm governos ‘republicanos’ (executivo e legislativo separados) e são ligados numa confederação.  Até agora 17 países foram além:  Adotaram uma moeda única, o Euro, com um Banco Central Europeu.  Esta união monetária requer uma aproximação das políticas fiscais e sociais, que ainda está evoluindo.

Excessos de benefícios sociais e despesas públicas, inclusive de custeio – déficits fiscais – resultaram em dívidas públicas insuportáveis principalmente em países mediterrâneos.  A crise fiscal e econômica, que coincidiu com a crise deflagrada nos Estados Unidos ainda não foi superada apesar de avanços alcançados em Portugal, na Espanha e na Irlanda.  Os índices de desemprego ainda são altos.  As medidas para o equilíbrio dos orçamentos desvendaram a real capacidade das regiões de produzirem ocupação e renda, mesmo com níveis de salário reduzidos.  Os salários mínimos hoje pagos em Portugal situariam as famílias no limite entre pobreza e baixa classe média em condições comparáveis ao Brasil, caso marido e esposa estiverem empregados.

No norte da Europa encontram-se condições de saturação de mercados semelhantes aos identificados no Japão.  Na Alemanha um governo com maioria socialdemocrata ajustou a idade de aposentadoria, os benefícios de aposentadoria e condições de emprego e salários de forma a estabelecer condições de competitividade para a economia.  Estabeleceu-se o pleno emprego e um equilíbrio fiscal, que continua sendo rigorosamente observado.  O nível de juros próximo a zero e a inflação abaixo do crescimento da economia na ordem de grandeza de 2% com uma população estagnada facilitam a gestão fiscal.  Este modelo é recomendado aos demais participantes na zona do Euro.  Durante algum tempo foi combatido por defensores de interesses financeiros.  As vozes que prognosticavam o fracasso do Euro silenciaram.  O Banco Central Europeu iniciou uma política monetária de juros negativos, semelhante à experimentada no Japão e nos Estados Unidos, também sem resultados no crescimento do PIB até agora.  O objetivo de incentivar a inflação para um nível de 2% aa. parece esdrúxula.

Como foi relatada sob o item “Preços dos combustíveis”, a demanda por petróleo na Alemanha vem decrescendo.  A demanda média de energia hoje já é coberta de 30% por energias renováveis – eólica, solar e bioenergia -.  Em condições favoráveis 80% da energia consumida é provida por estas fontes, apesar da retirada de operação de diversas centrais nucleares.  Na Dinamarca a geração eólica cobre 100% da demanda em algumas circunstâncias.  As variações de condições de geração fizeram necessárias adaptações na gestão das redes.  Poucas centrais termelétricas sobreviverão para o fornecimento de carga básica.  Usinas com turbinas a gás de resposta rápida providenciarão o equilíbrio das redes de transmissão e distribuição.  Grandes parque eólicos estão sendo instalados no mar – off shore -.  Os acionamentos elétricos de veículos gozam de grande popularidade.  É previsível que as emissões de GEE sejam radicalmente reduzidas na Europa até 2025.  A Noruega poderá contribuir com um aumento de geração hidrelétrica e transmissão ao continente por cabos submarinos.  E os países mediterrâneos dispõem de grandes potenciais de energia solar.

Também a Europa perdeu oportunidades de trabalho no processo de globalização, especialmente para a China.  Mas o desenvolvimento social nos países com desenvolvimento atrasado, entre os quais a China, a Índia, os países da América do Sul e da África também forma novos mercados para a exportação.  Como foi exposto antes, há na Europa ainda contingentes desempregados, subempregados e contingentes com rendas modestas.  Portanto há reservas paro o crescimento interno da produção e distribuição de produção com crescimento do consumo.  Em vista do bem-estar geral tal crescimento pode ser modesto e a experiência tem demonstrado que tentativas de aceleração através de políticas monetárias e de crédito surtem pouco efeito.

Existe uma probabilidade que a Europa, mesmo porque se consolida política e economicamente exercerá uma atração crescente sobre o entorno muçulmano do Mediterrâneo.  A rigor esta tendência a uma maior integração já está presente, mesmo porque promete o desenvolvimento econômico – empregos – na região.  O quadro tornar-se-á mais nítido a partir da Turquia vencer os seus problemas de adaptação.  Uma aproximação de Israel à União Européia também pode ser cogitada.

A Rússia deve ser contemplada no contexto europeu.  Depois do desmoronamento da União Soviética a Rússia passou por uma grave crise econômica com perda de produção.  Recuperou-se.  A Rússia sofrerá com o encolhimento do mercado de petróleo mas continuará com uma posição de fornecedora de gás natural.  Com 160 milhões de habitantes ostenta um nível de vida satisfatório, principalmente de contingentes na classe média baixa.  Deve-se contar com que no médio prazo as questões de confronto político com a Europa serão assentadas.   O mercado interno da Rússia somar-se-á naturalmente ao mercado interno da União Européia.

 

–  Na China[Ref: IDH (2014)    0,727]

Ao lado do revolucionário desenvolvimento político da Europa, a China protagonizou um Desenvolvimento Social e Econômico espantoso sob todos os critérios.  Resgatou mais de 600 milhões de pessoas – de uma população total de 1,3 bilhões – da pobreza rural através de um Projeto de Industrialização e Urbanização sem precedentes.  Criou um imenso mercado interno.  A superação da pobreza se deu através do trabalho com renda própria, inicialmente modesta.  O baixo custo de mão de obra, inclusive os custos sociais praticamente inexistentes, a disciplina natural e a ordem imposta atraíram muitas empresas americanas e europeias a se estabelecerem na China, ao lado das expectativas de mercado.  Hoje a China desponta como a segunda economia e como concorrente no mercado global de produtos industriais, ainda que seja mediante subsídios fiscais, cambiais e sociais.  Pode-se afirmar que a China protagonizou e continua desenvolvendo um Projeto Nacional para o Desenvolvimento Sustentável.

Neste afã a China se tornou o maior emissor global de GEE, principalmente por utilizar carvão mineral de baixa qualidade e barato, do qual dispõe em abundância.  Imagens de céus cobertos de fumaça sobre grandes cidades chinesas frequentam os noticiários.  Mas a China é também o maior produtor e instalador de geradores eólicos, placas fotovoltaicas e captadores de calor solar.  Usinas termelétricas e minas de carvão veem sendo desativadas.  É grave também a poluição das águas.  Por outro lado na China se executam grandes projetos de florestamento.

Com o aumento continuado dar renda e do nível de vida da população a China continuará sendo um grande, se não o maior, importador de alimentos, particularmente de commodities, como a soja.  Ainda há muito espaço e necessidade para obras na infraestrutura.  É inverossímil que a China esteja disposta a arriscar os seus progressos em aventuras bélicas.  Assim sendo, grandes guerras devem pertencer ao passado.

Na China já existe um contingente proprietário do imóvel, que habita.  A propriedade de automóvel também se expande com velocidade.  Via de regra o casal tem um só filho e ambas as partes trabalham.  A parte da população com estas características estaria no nível de classe média baixa.

Não existe uma referência histórica de participação da sociedade na política.  Por isso é impossível prever a emersão de anseios sociais por democracia no sentido ocidental ou japonês, mesmo na era da comunicação por internet.

 

–  No Oriente Médio muçulmano.  [Ref: IDH (2014)    0,65 a 0,6]

As impressões mais marcantes transmitidas pela da região do muçulmano são, sem dúvida, a riqueza em petróleo, desertos, minorias dominantes com características monárquicas, rigor religioso opressivo com traços medievais, população com contingentes predominantes pobres e de classe média baixa vivendo segundo costumes tradicionais e conflitos religiosos entre xiitas e sunitas.  A região abrange desde o Egito, a Jordânia, o Líbano, a Síria, o Iraque, o Curdistão – sem reconhecimento político -, o Kwait, a Arábia Saudita, o Iemen, os Principados do Golfo e o Paquistão.  Excluídos a Turquia [IDH  0,761], Israel [IDH  0,894] e o Irã [IDH  0,766] não árabes, para clareza de delimitação.

 Os muçulmanos árabes rejeitaram o desenvolvimento tecnológico produzido no ocidente cristão, não muçulmano, tanto o tecnológico como o institucional.  Em consequência foram ultrapassados e desalojados de uma posição de vanguarda cultural e política, que ocupavam até o Renascimento.  Um ressentimento, mesclado com e reforçado por extremismos religiosos dificulta a pacificação da região, o que é uma condição para o desenvolvimento econômico e social.  Ambientes análogos são encontrados em outros países da Ásia não abordados.

Há de se notar que a situação provavelmente não perdurará, pois a Indonésia é o país com a maior população muçulmana e não apresenta comportamentos agressivos e ressentidos.  Por diversas razões os efeitos da “primavera árabe”, de movimentos convocados pelos telefones celulares e redes sociais – nos países árabes do norte da África – foram muito limitados.  Por que?:

Para as pessoas não há praticamente expectativas por uma ascensão econômica; faltam oportunidades de trabalho; não há indústrias.  As referências históricas de governo são autoritárias, como são os comportamentos nas famílias.  É difícil imaginar um Projeto para o Desenvolvimento Sustentável “para o mundo árabe”.

O mesmo não se afirmaria para o Irã, assim que a sociedade se libertasse do governo por uma classe religiosa.

 

Sobre o Desenvolvimento social e econômico global (2016) Parte I

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Sobre o desenvolvimento social e econômico global (2016).

Objetivo:Trata-se da tentativa de um primeiro levantamento para iniciar um monitoramento periódico.

Parte I.

Introdução à cena atual:

 –  Compromisso global com a limitação das Mudanças climáticas.

Assinou-se o acordo de COP 21.  Ele trata só das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE.  E é um texto diplomático, baseado em contribuições voluntárias de países – sociedades – soberanas.  Pelo menos reconheceram-se necessidades de ações por um objetivo comum.  O grau de desempenho de Responsabilidade a que cada parte estaria disposta não foi examinado.  A Responsabilidade não constou, ou pelo menos não teve relevância nas tratativas.  Mas trata-se da Responsabilidade pelas Condições de Vida de todas as espécies no futuro.  Então cada sociedade deveria estar comprometida a atingir um nível mínimo de emissões no prazo mais curto possível.

Este critério lógico (ainda?) não foi propagado.  O Brasil poderia com muita facilidade eliminar 30% das emissões em 3 a 5 anos, outros 30% com algum esforço em 10 anos e os restantes 30% em 20 anos, condicionando-se à qualidade de sumidouro de GEE em 2035.  Mas escondeu-se atrás das condições incomparavelmente mais difíceis de outros países, até da China.

 –  Preços dos combustíveis.

Um aspecto atual, que afeta a todos os países é o preço do barrel de petróleo bruto que veio a oscilar por volta de US$ 40,00, um nível inimaginável baixo faz pouco tempo atrás.  Isto significa que há excesso de oferta.  E, embora o petróleo como fonte de energia fóssil seja finito, não há perspectiva de escassez num prazo previsível.  Os produtores lutam por participação no mercado – Arábia Saudita, Iraque, Irã, Nigéria, Rússia, Venezuela e outros.  A exploração de algumas fontes se torna antieconômica, entre as quais sítios de fracking nos Estados Unidos e explorações a grandes profundidades como o pré-sal no Brasil.

A demanda por petróleo tem tendência a diminuir.  Primeiro porque os esforços por redução de emissões através de aumento de eficiência energética no aquecimento doméstico – melhora dos isolamentos – começam a apresentar resultados.  Segundo pelo progresso do aproveitamento da energia solar e eólica.  A mudança das matrizes energéticas de fontes fósseis – petróleo e carvão – para fontes renováveis – solar, eólica e biomassa – vem resultando no desligamento de usinas termelétricas movidas a carvão e também a óleo mineral.  Tal processo é noticiado para a Alemanha, a Dinamarca e a Inglaterra.  O combustível gás natural terá sobrevida mais longa.  Em terceiro lugar haverá de acontecer uma queda significativa da demanda por petróleo com o advento dos acionamentos elétricos e híbridos para os veículos.  Este impacto será global.

É muito difícil antecipar o efeito destas transformações sobe o mercado global de trabalho.  De início não deverá ser difícil absorver os contingentes empenhados nas cadeias de produção de carvão e petróleo e geração termelétrica, inclusive na fabricação dos respectivos equipamentos.  Por exemplo, na Noruega os estaleiros fabricantes de equipamentos de exploração marinha de petróleo estão em crise.  Os investimentos na geração de energia elétrica com fontes renováveis já superam os investimentos em geração com fontes fósseis.  Plantas fotovoltaicas com potência de centenas de MW na Índia facilitarão o desenvolvimento social de numerosos contingentes de pobres e muito pobres, de alguma forma os integrando no sistema de produção e consumo.  Elas dispensam sistemas de transmissão e a distribuição é simples.

Não há notícia de que uma previsão tenha sido feita de que o petróleo e o carvão mineral seriam deslocados dos mercados e energia em fase de abundância, e abundância com tendência de acentuação.  Entre 2009 e 2014 a queda do preço médio de turbinas eólicas foi de 30%, com a tecnologia ainda evoluindo e eficiência.  No mesmo período o preço médio de painéis de energia fotovoltaica caiu em 75%.  Poder-se-ia identificar uma nova revolução industrial simultânea com a revolução da informática, da internet .e da robotização, com consequências econômicas e sócias de grande alcance.

 

Seguem recortes sobre acontecimentos em diversos países

–  No Brasil.   [Ref: IDH (2014)    0,755]

A sociedade está com as atenções ocupadas no impeachment do governo e na crise econômica.  O significado da infração à Lei da Responsabilidade Fiscal e à constituição ainda não está largamente entendido.  Então não há espaço para problemas ambientais.  Mas deve ser considerado auspicioso o fato de vários milhões de cidadãos terem ocorrido a manifestações públicas reclamando principalmente da corrupção.  Portanto existe uma sociedade civil atenta.

O principal problema econômico e social é a geração de oportunidades de trabalho principalmente para os contingentes mais pobres, e os contingentes tradicionalmente não “empregados”.  O Brasil ainda é um país comparativamente pobre, embora alguns estados do Sul e do Sudeste apresentem valores de IDH acima de 0,8.  60% da população vive com renda familiar de até 3 a 4 salários mínimos, ou seja, abaixo de ´”baixa classe média”.  Há um mercado interno a ser configurado, a exemplo da China.  Mas ainda não existe uma política de desenvolvimento com Projetos Regionais de Desenvolvimento Sustentável.

O Brasil deve à humanidade o desempenho de sua Responsabilidade pelo Desenvolvimento Ambiental Sustentável.  Com a realização do Desflorestamento Zero imediato, Reflorestamentos, políticas de incentivo a fontes renováveis de energia – eólica, solar, bioenergias e hidráulica (PCHS) -, e cuidados com os resíduos e a agropecuária, o Brasil poderia se qualificar como sumidouro de GEE até 2035.  As mesmas atividades / ações diminuiriam a pobreza e estimulariam a economia.  Dependem apenas de novas atitudes.

 

–  Nos Estados Unidos[Ref: IDH (2014)   0,915]

Os índices de ocupação indicam uma aproximação ao pleno emprego após à crise financeira de 2008/9.  Mas os salários são mais baixos que anteriormente.  Por isso um cidadão egresso de high school – segundo grau – que antes vivia confortavelmente com uma ocupação industrial, hoje vive “apertado”.  A causa é a migração ocorrida de produções, e serviços, para países de baixa renda, principalmente para a China.  Trata-se de um reflexo da globalização da produção com globalização também das oportunidades de trabalho.

Agora os níveis de renda na China tendem a subir.  A China já transfere produções para países ainda mais pobres, como o Vietnam.  Algumas, ainda poucas, produções regressam aos Estados Unidos.  Mas é flagrante o risco da perda de conhecimento e treinamento industrial.

A mudança da matriz energética tanto elimina oportunidades de trabalho, como oferece novas.  Ela ainda progride com ritmo menor do que em tese possível.  Nos Estados Unidos o Governo / Estado pouco interfere na economia, embora existam subvenções ao carvão (e ao petróleo?) difíceis de serem eliminadas.  As empresas tradicionais são confrontadas com novos competidores e com o comportamento dos consumidores.  O evento dos acionamentos elétricos e híbridos para veículos deverá causar, num prazo de 5 a dez anos, uma “revolução”.

A informática e a robótica gerarão situações imprevisíveis, com redução de oportunidades de trabalho.  Caminhar-se-á para a redução de horas de trabalho com conservação ou aumento de renda?

Alegadamente para reativar a economia, o FED – Banco Central Americano – despejou volumes inéditos de moeda – US$ – na economia.  Desta forma os bancos irresponsavelmente alavancados e carregados com títulos “podres” foram resgatados.  Isto significa que a sociedade, através do Tesouro, arca com uma destruição de capital e com a perda de renda.  Os causadores do desastre não foram levados a juízo, nem mesmo os fraudadores.  Os juros hoje estão próximos a zero, sem causar inflação e sem ativar a economia.  Uma explicação possível para algo estranho para os compêndios da disciplina “Economia” é de não haver demanda.  As acusações à sociedade americana de ser “consumista” precisam ser revistas?  Os baixos níveis de renda na base da pirâmide social contribuem para índices de crescimento do PIB moderados – no nível de 2% a.a.  Os Estados Unidos são a maior economia global e também apresentam a maior renda per capita – PIB/h -.  O crescimento pode ser baixo e não deveria aumentar a pressão sobre os recursos naturais – footprint -.  A população compreende 323 milhões de habitantes, com taxa de crescimento de 0,7%aa.

Desnvolvimento Social Sustentável – IDH – Ocupação/trabalho

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Desenvolvimento Social Sustentável – IDH – Ocupação/trabalho.

Desde a formulação da Situação Sustentável, a característica central da Situação Social Sustentável é a “sustentação de todas as famílias pela renda do próprio trabalho com renda que propicie, no mínimo, um conforto eticamente aceitável”.  Todavia, nas Metas do Milênio da ONU – PNUD -, com prazo até 2015, não constou a ocupação.

Não poderia, então, haver melhor notícia que “O tema central do relatório (do IDH) neste ano – 2015 – é “O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano””.  [OESP, 14.12.2015, pág. A14 – Brasil fica em 75o. no ranking de IDH, atrás do Sri Lanka]  Seguem as seguintes constatações:                                                                                                                      – no mundo inteiro há 168 milhões de crianças em situação de trabalho infantil,                      –                                          21 milhões de pessoas submetidas a trabalho escravo, e                      –                                         30 milhões de empregados em setores que oferecem risco.

Mais de                          830 milhões são trabalhadores pobres e vivem com menos de US$ por dia.

Mais de                          204 milhões estão desempregados; os jovens são 36% desse total.

Ainda assim, nos últimos 25 anos, 2 bilhões de pessoas deixaram os baixos níveis de desenvolvimento.

O IDH do Brasil está em 0,755, com pequeno aumento em relação 2013 com 0,752.             O programa do Bolsa Família é louvado como recurso para pessoa deixarem de viver na pobreza extrema.  Obras na construção de infraestrutura física poderiam oferecer renda para trabalhadores pouco qualificados.  Trata-se de uma confirmação do que é sabido.  Mas não se mencionam oportunidades de trabalho em projetos de reflorestamento e de recuperação de bacias hidrográficas.

 

Da percepção da Pobreza pelos Acadêmicos.

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Da percepção da Pobreza pelos Acadêmicos.

“Quem gosta de pobre é intelectual”                                                                                             Joãozinho Trinta.

Perdidos na cena.

O professor Angus Deaton acaba de ser agraciado com o Prêmio Nobel de economia por um trabalho sobre medição da pobreza.  O que traz isto de prático, ou seja, de bom além da autolouvação da academia?

As Metas do Milênio, estabelecidas em 2000  com prazo até 2015 contemplavam a finalização da fome e da pobreza extrema, quer dizer da miséria.  As Metas do Desenvolvimento Sustentável proclamadas pela ONU recentemente, propõem a realização desta meta alguns poucos anos no futuro.  Ainda se contabilizam cerca de 900.000 indigentes, marcados por fome – ou subnutrição -, desabrigo, doenças, alta mortalidade infantil, mortes causadas por partos, ignorância e inação – falta de ocupação.  É preciso medir tais estados para reconhecê-los e procurar eliminá-los por não corresponderem a um mínimo de dignidade de vida humana?

Entre as características sociais de uma Situação Sustentável identificou-se que “todas as famílias se sustentariam com renda de trabalho”.  Na base da pirâmide social haveria uma “renda adequada” que mantivesse este estado de bem-público.  A identificação do nível de renda que dispensasse subsídios para proporcionar um nível de conforto – de consumo – eticamente aceitável não é trivial.  Todavia haveria de orientar as políticas sociais de todas as sociedades, inclusive no atendimento de bolsões de pobreza em sociedades desenvolvidas.  Cada uma haverá de encontrar a resposta adequada às próprias circunstâncias.  Existe um esforço acadêmico para responder a esta questão nos espaços nacionais?  Até que ponto os conceitos e as práticas já aplicadas são “exportáveis”?

Nas sociedades industrializadas, com alta renda per capita e Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – muito alto, observam-se nível de desemprego baixo, praticam-se subsídios a desempregados, oferecem-se treinamentos, há preocupação com renda mínima e aposentadorias mínimas, além de uma série de serviços sociais gratuitos, inclusive escolas.

Enquanto isso, mesmo em países “emergentes” com valores de IDH altos é comum que contingentes da população nem participem do processo produtivo oficialmente.  Como é costume dizer ‘não estão integrados no processo produtivo’.  Nem chegam a ser contabilizados como ‘desempregados’.  Vivem de extrativismos, de pesca e caça artesanal de pequenas lavouras manuais etc. e de alguma forma de mendicância.  A desocupação de contingentes urbanizados é uma causa de insegurança pública.  Esta cena se observa no Brasil.

Os “mais cultos” nessas sociedades – intelectuais, acadêmicos, artistas, jornalistas e políticos – lastimam a situação social, mas, em geral, assumem posições paternalistas e filantrópicas.  É comum que de sua situação de relativo conforto acusar o “capitalismo pelas injustiças sociais”.  Seguem ideologias ou condicionamentos religiosos.  Mas só excepcionalmente criam trabalho – emprego e renda.  Até hoje não se formulou no Brasil um só Projeto para um Desenvolvimento Regional Sustentável que objetive sanar problemas ambientais e econômicos, e então também de ocupação e sociais, simultaneamente.  Tem-se a impressão de que rupturas com saltos de percepção precisem ocorrer na sociedade para que uma mobilização na direção de ações a rigor óbvias se torne possível.

 

O que é óbvio?

Primeiro:     Somente o Poder Público tem autoridade e alcance para formular e promover a execução de projetos que abrangem largas extensões de terra e numerosos contingentes de pessoas.  Observa-se, que “mais cultos” acima citados, que são perfazem a elite capacitada, ainda não percebem e pensam com categorias de Projetos de Desenvolvimento Sustentável.

Segundo:  Não se justifica que uma minoria organizada de ruralistas se apodere de áreas da Nação.

Terceiro:  Não se justifica um desflorestamento, que atualmente alcança a cada ano 5.000 km2 – equivalentes à área de um quadrado co 70 km de lado – só na Floresta Amazônica.  Nenhuma contribuição para o desenvolvimento social até resulta da devastação.  O bioma do Cerrado já foi apoderado e quase totalmente destruído.

Quarto:     Urge que se restaurem as vegetações para a recuperação de muitos mananciais, como o do rio São Francisco, que nascem em regiões de Cerrado.

Quinto:     Passou-se a reconhecer que as regiões degradadas da Amazônia precisam ser reflorestadas para prevenir o escasseamento de chuvas em extensas regiões da América do Sul e mesmo a savanização na região Amazônica ou a desertificação em outras.

Sexto:      As ações de reflorestamento oferecem numerosas oportunidades de trabalho remunerado na base da pirâmide social, mas também para ocupações qualificadas.  A produção com base na biomassa é uma vocação particular do Brasil, que também não foi ainda projetada sistematicamente.  Alguns florestamentos podem se tornar produtivos  em 5 anos, outros em até 10 anos, e plantios de madeira de lei em 20.

Sétimo:    A produção de alimentos, como, por exemplo, a piscicultura, pode ser associada à produção de biomassa aproveitando tecnologias modernas.

Oitavo:    Dificilmente o Brasil adquirirá uma cultura industrial semelhante à dos Estados Unidos / Canadá, do Japão e da União Européia.  Os mercados internos da China e da Índia serão comparativamente maiores, devido às populações a serem atendidas, respectivamente.  Mas poderão ser produzidas no Brasil as instalações de geração eólica e solar ou térmicas com biomassa para o abastecimento de energia com fontes renováveis, dispensando a construção de novas usinas hidrelétricas na região amazônica.

Nono:    Com as ações apresentadas em sexto e oitavo, dezenas de milhares de pobres podem ser ocupados.  Outros seriam integrados na tradicionais obras de estrutura em rodovias, ferrovias, habitação, etc.  O mercado interno seria alavancado.

 

Quando a sociedade a elite – a Cidadania – se aperceberá do óbvio?

A resposta a esta questão crucial está a prêmio.  Seria desejável que o evento da COP 21 no próximo dezembro em Paris, causasse um impacto de introspecção e a abertura de uma visão de futuro.  Até o momento – 13.10.2015 – os textos dos INDC – Intended Nationally Declared Contributions – apresentados pelo Brasil não induzem expectativas otimistas.  É possível que tal renovação de atitudes não ocorra antes de uma condenação contundente da corrupção, possivelmente com a substituição do atual governo.

Independente da atuação do governo brasileiro, toda a elite da sociedade haverá de assumir uma compreensão diferente da tradicional em relação ao Meio Ambiente, às oportunidades a serem oferecidas aos pobres para se desenvolverem e à futura economia.

Cerrado

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Conhecimento básico.  [do Google]

Cerrado é o nome dado às savanas brasileiras caracterizadas por árvores baixas, arbustos espaçados e gramíneas, e pode ser classificado como cerradão, cerrado típico, campo cerrado,campo sujo de cerrado ou campo limpo, sendo que o cerradão é o único que apresenta formação florestal.

Cerrado brasileiro. Foto: Vitor 1234 [CC-BY-SA-3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0) or GFDL (http://www.gnu.org/copyleft/fdl.html)], via Wikimedia Commons

Presente nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás o cerrado cobre cerca de 197 milhões de hectares do território brasileiro sendo o segundo bioma mais produtivo do país. Formações de cerrado podem ser encontradas em outras regiões do país como áreas de transição pra outros ecossistemas. Essas áreas de transição de cerrado são chamadas de ecótonos ou periféricas e estão nas divisas com a Caatinga, a Amazônia e a Mata Atlântica.

A principal marca do bioma cerrado são seus arbustos de galhos retorcidos e o clima bem definido, com uma estação chuvosa e outra seca. Entretanto, na região do cerrado encontram-se três das maiores bacias hidrográficas do país, sendo este bioma o berço de rios caudalosos como o São Francisco. Acredita-se, pois, que as peculiaridades da flora (troncos tortuosos e com casca espessa…) se devam à falta de alguns micronutrientes específicos e não à falta de água necessariamente.

Os solos nestas regiões são geralmente muito profundos, antigos e com poucos nutrientes, exigindo uma adaptação da flora que possui, geralmente, folhas grandes e rígidas, além de, algumas espécies, apresentarem depósitos subterrâneos de água como uma espécie de adaptação às queimadas constantes, permitindo que elas voltem a florir após o incêndio. Outra adaptação são as raízes bastante profundas podendo alcançar de 15 a 20 metros por causa da distância do lençol freático até a superfície.

Aliás, os incêndios criminosos são as principais ameaças a esse bioma. Até os anos 70 o solo do cerrado era considerado improdutivo, mas, com a evolução da tecnologia a região tornou-se responsável por cerca de 40% da produção de soja no Brasil e mais de 70% da produção de carne bovina.  Sem contar que, além das inúmeras minerações e carvoarias que vem destruindo cada vez mais o cerrado, a pressão do crescimento populacional das cidades, principalmente em Minas Gerais e na região Centro-Oeste, tem colocado o cerrado entre os biomas mais ameaçados do mundo.

Acredita-se que o cerrado brasileiro seja o tipo de savana mais rico em biodiversidade do planeta com mais de 4.400 espécies vegetais endêmicas (de um total de 10.000 espécies), 837 espécies de aves e 161 espécies de mamíferos.

Mesmo assim, a despeito de toda a riqueza natural do cerrado e de seu povoamento tardio, hoje ele conserva apenas 20% de sua área total. Diversas tentativas no sentido de preservá-lo vêm sendo tomadas, mas até então, apenas cerca de 6,5% de sua área natural está protegida pela lei sob a forma de Unidades de Conservação (UC).

Fontes:
http://www.mre.gov.br, http://eco.ib.usp.br, http://www.ibama.gov.br/

Degradação.

Originalmente com cobertura de pouco mais de 1/5 do território brasileiro, o Cerrado sofre diversas ameaças à sua biodiversidade, principalmente por conta da profusão das atividades econômicas do agronegócio a partir da década de 1970 e que se intensificaram nos últimos anos

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais alterações sofreu com a ocupação humana. O bioma é considerado um dos 25 ecossistemas do planeta com alto risco de extinção.

Um dos primeiros impactos ambientais graves na região foi causado por garimpos e a atividade mineradora em grande escala, que contaminaram os rios com mercúrio, provocaram o assoreamento dos cursos de água e, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo. Contudo, a expansão da monocultura intensiva de grãos e da pecuária extensiva de baixa tecnologia representam a principal ameaça à biodiversidade do Cerrado.

Segundo cálculos realizados em 1998 pelo INPE, restavam apenas 34,22% das áreas nativas remanescentes do Cerrado.

Para estudiosos do bioma, a destruição do Cerrado é irreversível.  Elder Dias (Outubro de 2014). Altair Sales Barbosa: “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios  de água”. Previsões apontam a extinção do bioma até o ano de 2030.  A extinção do Cerrado comprometeria também o abastecimento potável em todo o Brasil, já que o fim do bioma representará a extinção dos grandes mananciais de água que abastecem as grandes bacias hidrográficas do país.

Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral, tendo apenas 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).

 

Comentários:

O centro-oeste do Brasil foi “conquistado” e tornado produtivo após à construção de Brasília, situada no Cerrado.  O objetivo estratégico da transferência da capital do país da costa marítima para o centro do território e a abertura da estrada Belém-Brasília foi justamente a atração de população, concentrada na região litorânea e o desenvolvimento econômico.  Esta estratégia foi bem-sucedida.

Como consta acima, hoje a região do Cerrado contribui decisivamente para a produção (PIB) e a exportação do Brasil.  Indústrias vêem se instalando em Goiás e Mato Grosso, contribuindo, indiretamente, para aliviar a concentração de produção e população em São Paulo.  Os índices de IDH dos principais estados abrangidos figuram entre os mais altos na comparação entre os estados.  Em 2008 estes valores de IDH  foram:  Mato Grosso do Sul 0,802, Goiás 0,8, Minas Gerais 0,8, Mato Grosso 0,798, Tocantins 0,756.  Com exceção do último estão na passagem para a classificação de valores “muito altos”.  Estão acima da média que seria o IDH para o Brasil noticiado em 0,744 para 2013.

Na época, décadas de 1960, 1970 e mesmo até 1990 desta ocupação de terras, não havia preocupação com o meio ambiente, a biodiversidade, o clima.  Proclamavam-se “novas frentes agrárias” e derrubava-se a vegetação na convicção de estar produzindo “progresso”.  Em conseqüência todo o bioma se encontra em sério risco de extinção.  E a sociedade, percebe apenas notícias sobre o sucesso econômica, noticiário estimulado pelos interesses econômicos estabelecidos na agro-pecuária.

A única possibilidade de impedir as piores conseqüências de extinção das espécies animais, do panorama, de redução da disponibilidade de água e climáticas, que nem são percebidas na sociedade e na Cidadania seria a urgente formulação e execução enérgica de um Projeto para o Desenvolvimento Sustentável Regional para o Cerrado.

 

 

Trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

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Trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

Introdução.

Como o bem-estar ou conforto é a razão de todas as atividades, é imediato que a dimensão social estaria no centro das considerações sobre o Desenvolvimento Sustentável. O desenvolvimento ambiental é uma condição e o desenvolvimento é instrumental. Por isso interessa compreender o trajeto da Situação Social Atual para a Situação Social Sustentável e as ações cabíveis em cada etapa para abreviar esta transição.

Considerações gerais.

A identificação das características na dimensão social de uma Situação Sustentável é um primeiro passo e imprescindível para o planejamento do Desenvolvimento Social Sustentável. Destas características pode-se afirmar sem risco de erro que
– a extinção da miséria, com fome e doenças como principais sintomas, não é questionada; há engajamentos e progressos vêem sendo alcançados.
– a possibilidade de sustentação de um bem-estar eticamente aceitável nas bases das pirâmides sociais com renda de trabalho não consta nem entre as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio – MDG – da Organização das Nações Unidas – ONU -, nem das estatísticas que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – da PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Assim mesmo, pode-se considerar que a (meta da) “renda adequada” seja uma conseqüência. É tematizada na Declaração dos Direitos Humanos da ONU.
– as possibilidades da ascensão social viriam a seguir.

O Desenvolvimento Social Sustentável parte da Situação Atual de cada localidade / região / sociedade. As mais graves ocorrências de miséria estão presentes na África subsaariana e no sul e sudeste da Ásia. No primeiro caso as ações mais urgentes têm foco no combate a doenças, como malária, tuberculose, AIDS, entre outras, e á melhora da produtividade da agricultura familiar. No segundo se impõe a redução da fertilidade – do crescimento da população – e o provimento de oportunidades de renda por trabalho nos grandes aglomerados humanos.

A disposição das sociedades mais desenvolvidas de conceder “rendas adequadas” aos produtos dessas – e das demais – populações pobres em muito ajudaria ao resgate da miséria num horizonte de prazo estimado 20 anos. Regras de remuneração adequada ainda não são seriamente aventadas. Elas haveriam de passar a integrar regulações na economia liberal de mercado global. Beneficiariam estimativamente 900.000 seres humanos. Igualmente, doações filantrópicas são necessárias numa primeira fase de resgate da miséria, a fim de condicionar a população ao esforço de auto-desenvolvimento.

Fases no trajeto do Desenvolvimento Social Sustentável.

Em termos de princípios, podem se distinguir as seguintes fases, mesmo que se sobreponha nas circunstâncias reais:

Fases                                                                             Ações características

1. Presença de fome e                            >                    Doações filantrópicas / paternalistas
doenças endêmicas.                                                      “ajuda ao desenvolvimento”, com
apoio à gestão
Terminação do extrativismo depredador                                                                                         e do desflorestamento

2. Trabalho de baixa produtividade   >                     Remuneração adequada
e conteúdo de conhecimento.                                     Subsídio ao consumo
Exemplos:                                                                     Redução do número de dependentes por
– extrativismo com silvicultura                                  família
– pequena produção agrícola                                      Valorização das mulheres
– produções para exportação                                     Redução da mortalidade infantil
exploradoras do baixo custo
da mão de obra                                                          Disponibilização de energia gerada com
– investimentos na estrutura                                     fontes renováveis
econômica (ex: estradas)
– reflorestamentos

3. Evolução do mercado interno,       >                     Disponibilização de energia,
Trabalho com produtividade                                     de oportunidades de trabalho e da
mais alta.                                                                      capacitação / educação.
Construção de moradias – desfavelização.
Intensificação do saneamento
Extinção do analfabetismo
Industrialização

4. Emergência da Cidadania               >                     Intensificação da escolaridade
(Haverá oferta de trabalho para todos?)                                                                                          Seguridade social estabelecida                                                                                                            Desenvolvimento tecnológico

5. Situação Sustentável com              >                      Manutenção das instituições e dos
Cultura (na Situação                                                    equilíbrios na Situação Sustentável
Sustentável)

 

Programação do Desenvolvimento Social Sustentável.

Como extensão – demora – de cada fase pouco se pode antecipar. Ela depende das circunstâncias vigentes e do empenho em projetos pelos Governos. A China, que hoje pode ser localizada na fase 3, precisou de cerca de 50 anos para alcançar o estágio atual, desde que o governo iniciou um Projeto de Desenvolvimento.
Seria desejável, que as prevalecentes situações de miséria nacional fossem resgatadas em 15 anos. No Brasil esta meta é perfeitamente realizável.
A expectativa da demora de duas gerações de 20 anos para o percurso da fase 3. à fase 5. seria demasiadamente otimista?

O que se pode aprender?

Da tentativa da descrição de etapas no Desenvolvimento Social Sustentável pode-se depreender:

– Existe uma interdependência do Desenvolvimento Social com o Desenvolvimento Econômico no sentido de aumento da produção por habitante – PIB/h -.
– A velocidade de progressão do PIG/h diminui na medida em que o desenvolvimento avança. Assim se observa na China.
– Acontece uma evolução das exigências de qualificação / educação ao longo do trajeto.
– As fases de desenvolvimento se superpõem.
– Não haverá uniformidade de desenvolvimentos individuais e, portanto, de igualdade de rendas numa sociedade.
– A aproximação dos PIB/h das sociedades mais pobres aos valores de PIB/h das sociedades já desenvolvidas é limitada, talvez com algumas exceções como a Coréia do Sul.
– Em grandes países haverá regiões em diversas fases de desenvolvimento social e econômica.
– Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável haverão, forçosamente, de ser diferenciados por regiões.
– Em virtude de os trabalhos com maior produtividade serem industriais – produção e serviços – haverá uma tendência à urbanização durante o desenvolvimento.
– Há condições e demora “naturais” para a emergência de uma Cultura da Responsabilidade ( de Cidadania ).
– É muito pouco provável, que o Desenvolvimento Regional Sustentável considerando, simultaneamente, as dimensões social, ambiental e econômico ocorra espontaneamente pelas “forças do mercado” com a velocidade desejável.
– As sociedades mais desenvolvidas encontram-se numa fase inicial de formação de uma Cultura para a Situação Sustentável.
– No Brasil atual encontram-se contingentes humanos nas fases 2., 3., e 4.
– A formação de uma Cultura de Cidadania é uma condição para a formação da Cultura na Situação Sustentável.
– As contribuições possíveis para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável, não podem, nem precisam, ser condicionadas ao Desenvolvimento Social Sustentável.

Avaliação da Situação Social Global Atual

Para uma avaliação global, ainda que na forma de uma estimativa grosseira, do estágio de desenvolvimento se oferece uma correspondência entre as fases de desenvolvimento destacadas e os Índices de Desenvolvimento Humano – IDH.

     IDH (2013)                Sociedades               Fase               População      %
                                                                           dominante          (bilhões)

……….IDH > 0,8                desenvolvidas             4 (5)                     1.1                   15,5

0.8 > IDH > 0,710             remediadas /            4 e 3                     1.55                21,8
emergentes

0,71 > IDH > 0,5              relativamente             2 e 3                      1.8                  25,3
pobres

0,5 > IDH                            muito pobres             1 e 2                     2.7                   38

Total: 7.1

Grosso modo, 2,7 bilhões de seres humanos carecem de auxílio para emergirem de grande pobreza, com 900 milhões sofrendo fome, e aproximadamente 4,5 bilhões estão com rendas abaixo da adequada à auto-sustentação com conforto aceitável.

Desigualdades sociais.

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Desigualdade.

A desigualdade tornou-se um dos principais assuntos da literatura no Ocidente com o evento da Revolução Francesa. A compaixão com os que vivem em piores condições de econômicas – de conforto – é tradição em muitas culturas, desde a Antiguidade. Está presente em todas as religiões.

Com a Revolução Industrial datada do fim do século XVII e os progressos das ciências e da tecnologia, que ela induziu, ocorreu um desenvolvimento revolucionário das condições de vida de uma grande parcela da humanidade. As condições de vida atuais dos mais abastados estão hoje muito mais próximas das condições de vida dos cidadãos comuns do que estiveram as dos nobres, proprietários das terras, e dos camponeses e mesmo dos habitantes das cidades durante o século XIX. Isto vale para as sociedades consideradas “desenvolvidas” e também em partes das sociedades “emergentes”, entre as quais se insere o Brasil.

Em escala global aumentaram a população e a expectativa de vida, como conseqüência da disponibilidade de alimentos e dos progressos da medicina. Mas o desenvolvimento não ocorreu de forma uniforme. As sociedades que produziram a industrialização “enriqueceram” e se desenvolveram mais que as outras. Hoje se identifica o nível do desenvolvimento social pelo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – de Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. As sociedades denominadas “desenvolvidas” apresentam os índices IDH “muito altos”.

As condições de vida também não são iguais para todos os cidadãos de uma sociedade, seja ela desenvolvida, emergente ou pobre. Nas sociedades desenvolvidas da Europa, nos Estados Unidos e no Japão desenvolveu-se uma “rede de proteção social” configurada por aposentadorias, seguros de saúde, seguro de acidentes no trabalho e seguros de desemprego referidas como Wellfare State – Estado do Bem Social -, que eliminou a pobreza extrema, desconsiderando-se os andarilhos. Nestas condições as discussões sobre desigualdade perdem grande parte da virulência, já porque as economias resultantes das maiores rendas e os patrimônios são aplicados na produção. Discutem-se ainda os critérios de progressão dos impostos. Em geral tais sociedades apresentam altos níveis de ocupação – emprego. As diferenças da produtividade do trabalho e o nível de instrução são determinantes para as diferenças de renda dos empregados.

Este paradigma se aplica nas sociedades economicamente menos desenvolvidas para o contingente mais privilegiado da população. A seu lado existem pobres em diferentes graus. Convencionou-se classificar de miseráveis os que sobrevivem com até US$ 2,00 por dia.

Exemplo:  Da Situação de Pobreza no Brasil.

No Brasil são considerados “extremamente pobres” os cidadãos com renda abaixo de R$ 77,00 mensais.  3,6 milhões desses, correspondentes 50% do total habitam na Região Nordeste. Mas há também bolsões de pobreza nas grandes cidades, inclusive em São Paulo.

Parece imediata a conclusão que faltam oportunidades de trabalho para estes e outros contingentes.  No entanto eles nem si quer aparecem nas estatísticas de emprego, de ocupação. E, por mais que articuladores bem intencionados os lamentem, a requisição de trabalho via de regra não consta nos seus textos e pronunciamentos.

Tratando-se de um problema que atinge grandes contingentes da população,
talvez 40 milhões de cidadãos, ou seja, 20% dos habitantes, não faz sentido deixar a solução acontecer eventualmente no quadro do desenvolvimento difuso, do aumento do PIB. Cabe ao Estado, talvez impulsionado pela sociedade responsável e seus articuladores, desenvolver um desenvolvimento projetado diferenciado por regiões 1, 6.
(1,6 >Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográgicas)

Não faltam oportunidades para aplicar mão de obra mesmo que – seja inicialmente – muito pouco instruída. Para o Brasil citemos apenas projetos de reflorestamento, de recuperação de bacias hidrelétricas, em particular a do Rio São Francisco, as conhecidas necessidades de investimento em estradas de rodagem e férreas, o refortalecimento da indústria sucroalcooleira com a cogeração pelo bagaço, a promoção da geração eólica e solar com adaptações da transmissão e da distribuição. Uma forte racionalização dos gastos do Estado e do Governo, com encaminhamento das “economias” para rendas de dois salários mínimos já resolveria, em curto prazo, uma grande parte da “desigualdade extrema” e ainda economizaria parte das subvenções do consumo via “bolsas”.

Desenvolvimento Social Sustentável

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Desenvolvimento Social Sustentável. Global

O Desenvolvimento Social Sustentável é a transição da Situação Social Atual para a Situação Social da Situação Sustentável em termos globais.

Entende-se hoje, que o bem-estar geral é o objetivo principal do Primeiro Setor, constituído pelo Governo e pelo Estado. Cabe-lhes a gestão da sociedade. Caso cada país / sociedade conseguisse realizar as característica da Sustentabilidade Social, a Situação Social Sustentável estaria alcançada. Acontece que hoje esta premissa só é plenamente satisfeita numa minoria de sociedades denominadas “sociedades desenvolvidas”. Segue que alguma cooperação entre sociedades é necessária para acelerar o desenvolvimento social em sociedades com grandes contingentes pobres.

As características da visão de uma Situação Social Sustentável 1 [ 1 >  Situação Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográficas] constituem um conjunto indissolúvel e deveriam ser entendidas como um Direito Humano.  A coordenação do desenvolvimento figuraria entre as responsabilidades da Organização das Nações Unidas – ONU.  A cooperação internacional é imprescindível, pois muitos países pobres não dispõem das premissas para realizá-las somente com esforço próprio.  Todavia o tema da sustentação de um nível de conforto mínimo das famílias com a renda de trabalho não consta nem mesmo no IDH do PNUD – Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento.  E também não se conhece um trabalho científico análogo ao estudo das limitações dos recursos naturais realizado pelo Club of Rome, ou às simulações das conseqüências das emissões ambientais, para a eliminação da pobreza.  Com poucas exceções as medidas de socorro à pobreza até hoje são filantrópicas.  As características consideradas são:                                                                  ( > 1   Situação Sustentável e Responsabilidade  –  Referências Bibliográficas  )

6.  Todas as pessoas / famílias se auto-sustentam através de contribuições de produção, ou       seja, trabalho próprio.                                                                                                                 7.   Nível de educação mínimo para uma “Ocupação Adequada” e exercício de Cidadania na         base da pirâmide social.                                                                                                               8.  Está eliminada a miséria como condição social hereditária e existem oportunidades para       a ascensão social.

Pode-se considerar estabelecida a Sustentabilidade Social nos países / sociedades com IDH muito alto. Estes países têm em geral alto nível de ocupação da população.  No Wellfare State instituições da sociedade amparam os desocupados e os aposentados.

Subsídios ao consumo na base da pirâmide social, como podem ser praticados nos países com IDH mais baixo, mitigariam sofrimentos, mas não constituem uma solução sustentável, pois perpetuam a situação de dependência, que é em si humilhante.
O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – foi adotado pelo PNUD – Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento – para caracterizar o desenvolvimento por critérios de condição de vida humana além do econômico. Trata-se de um índice composto do PIB per capitia – como medidor de riqueza, da expectativa de vida – como indicador de saúde e de anos de escolaridade – como indicador de educação.

Ainda precisa se estabelecer uma percepção de co-responsabilidade pelas condições de bem-estar e de ocupação em ambientes estrangeiros 2, Cap. 1.4.  Até agora foram praticados “auxílios para o desenvolvimento” em forma de doações, por exemplo, para mitigar ocorrências de fome, combate a doenças e promoção da educação. Generalizadamente, tais suprimentos de motivação filantrópica não reverteram em desenvolvimento para a auto-sustentação, o que significa que não produzem efeito continuado, pois não se auto-reproduzem.                                                                                    ( ( 2 >  Situação Sustentável e Responsabilidade – Referências Bibliográficas)

A Responsabilidade pelo Desenvolvimento Social Sustentável cabe aos Estados.  O desenvolvimento social de contingentes numerosos através de organizações de produção – empresas – é impossível.  São necessários Projetos de Desenvolvimento dos governos e estados. Até agora não se formaram organizações da sociedade civil – ONGs – nacionais ou internacionais, que defendessem esta causa.  Conclui-se que ainda precisa se estabelecer uma cultura referente à sustentabilidade social análoga à existente referente á sustentabilidade ambiental. Quando isto acontecer debater-se-á o problema central – a distribuição global da ocupação / do trabalho – e então também se tentarão definir as “remunerações adequadas”. Um aperfeiçoamento do IDH poderá impulsionar as percepções.

O exemplo mais conhecido e de sucesso impressionante de Projeto para o Desenvolvimento Social Sustentável está sendo conduzido na China, onde já se resgataram da pobreza rural várias centenas de milhões de pessoas. Trata-se de um exemplo de Desenvolvimento Social Projetado.  ( > Desenvolvimento Sustentável )

O crescimento “espontâneo” da produção de países, sociedades, produzido pela migração de indústrias no âmbito da globalização e do aumento da produção agropastoril acompanhados de aumento do nível de ocupação, renda e consumo pede ser classificado como Desenvolvimento Social Difuso.

Em geral os esforços atuais para promover a ocupação – emprego – passam por políticas econômicas focalizadas no crescimento econômico. Políticas monetárias e fiscais e tentativas de manipular o câmbio para facilitar a exportação estão neste contexto. A promoção de obras para a estrutura econômica é praticada para superar fazes de depressão econômica, quer dizer conjunturais.  É duvidoso que o efeito duradouro de elevação da ocupação assim alcançado em sociedades necessitadas de desenvolvimento o seja suficiente.                           ( veja Condicionantes para o Desenvolvimento Social Sustentável e Problemas do Desenvolvimento Social Sustentável )

O problema mais difícil de ser resolvido no Desenvolvimento Social Sustentável deve ser a configuração de um número suficiente de oportunidades de ocupação adequada – que remunerem de forma adequadanas Bases das Pirâmides Sociais de todas as sociedades.