Mês: setembro 2016

Crescimento Econômico e Pobreza. Parte I: Do contexto global.

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Crescimento Econômico e Pobreza. Parte I:  Do contexto global.

Introdução.

O crescimento da economia, do PIB, é a principal preocupação dos políticos e dos economistas.  Esperam que com o crescimento aumentem as oportunidades de trabalho, a renda e o consumo.  Seriam então populares.  Acontece eu as medidas tomadas com apoio nas recomendações dos economista e seus compêndios, em geral de caráter financeiro, não têm obtido os resultados desejados.  Estas considerações procuram reconhecer causas.

Manchetes do dia 06.09.2016 no O Estado de S.Paulo.

–  “O G-20 e o crescimento” na coluna de Celso Ming

–  “Crescimento global é fraco, diz G-20” da Reportagem de Fernando Nakagawa                                                                                                                            e Cláudia Trevisan.

G-20:  https://en.wikipedia.org/wiki/G20

O G-20 reúne as 20 maiores economias, representando 75% do comércio internacional considerando a União Europeia como unidade e dois terços da população global.

 

Primeiras Perguntas:

–  Crescimento para que?

–  Qual pode ser a velocidade do crescimento?

 

Primeira constatação:

Nos dois textos só se alude à pobreza uma vez, de passagem.

–  Celso Ming relata que consta na declaração do G-20 ‘de que seja preciso estimular o crescimento econômico, a criação de empregos, a distribuição de renda, colocar em marcha reformas, combater a corrupção e respeitar o meio ambiente – e tudo isso, sem recorrer a medidas protecionistas’.  ‘A declaração de Hangzhou reconhece que não basta injeção de moeda nos mercados pelos bancos centrais, mas que é preciso acionar políticas fiscais equilibradas’.

–  Celso Ming repete o chavão da má distribuição de renda, tão cultivado pelos intelectuais como a educação.

Segunda constatação:

Por mais que se considere que as manifestações do G-20 não passem de obviedades e que sejam superficiais, já é um ganho que se configure um entendimento econômico global.  Trata-se de uma convergência similar àquela das Mudanças Climáticas.  O G-20 é, no mínimo, um início de uma inovação política global.

Por outro lado, a constatação de um problema de “excesso de capacidade de produção global de aço, que requer respostas coletivas” é um fato inédito promissor.  Paulatinamente, emerge a consciência de necessidades de uma gestão globalizada.

Outras constatações:

  1. É evidente que os dirigentes dos países integrantes do G-20 se preocupem, por dever de ofício, pelas economias dos próprios países. Invocam o crescimento para gerar trabalho para os seus desempregados.
  2. É evidente que se pautam pelos dizeres dos compêndios de economia onde uma das principais metas é o crescimento ilimitado.                                                              2.a.  Na verdade acabam de confirmar a experiência, que o despejo de recursos pagamento – moeda – e a facilitação do crédito não tiveram os efeitos esperados de ativação de produções.
  1. Não se aprendeu ainda a lição dada pela China, que o crescimento sustentável da economia está fundamentado na criação de ocupação e renda para os contingentes nas bases das pirâmides sociais pobres. O Desenvolvimento Sustentável Social e o Desenvolvimento Sustentável Econômico são concomitantes.
  2. A pretendida saída da Grã Bretanha da União Europeia não é um problema grave, porque os britânicos não desenvolverão a vocação de se suicidarem. Faz-se muito alarde por pouca coisa.  Tanto a Grã Bretanha como a União Europeia passarão por um desenvolvimento e aperfeiçoamento de procedimentos e percepções, que atuarão contra um afastamento.

 

O que fica a desejar?

Cada sociedade – país – continuará a administrar a própria economia; continuará a valer o ensinamento da Economia Nacional, já porque a gestão do bem estar social é obrigatoriamente descentralizado.  Mas as visões e as metas haverão de ser coordenadas para a Situação Sustentável, que só pode ser global.  Desenvolvimento Social Sustentável e o Desenvolvimento Econômico Sustentável são necessidades comuns da humanidade.  Estas percepções ainda não são articuladas da mesma forma que a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável.

A meta principal de toda gestão econômica – nacional e global – deverá passar a ser a superação da pobreza.  O crescimento econômico é um recurso.  Quando o bem-estar geral aceitável estiver realizado, o crescimento perderá a sua razão de ser, ou, no mínimo, grande parte de sua importância.  As economias estarão saturadas.  Hoje ainda não se interpreta adequadamente esta situação alcançada no Japão, nos Países Escandinavos e em partes do outros países desenvolvidos (os de muito alto IDH médio).  Observação:  Desta forma se responde à primeira pergunta.

Um dos problemas a serem resolvidos no plano global é a concorrência de empresas subsidiadas em economias dirigidas – China, Rússia, ….- e empresas de economias de mercado.  Entre os subsídios constam baixos serviços sociais, baixos impostos, câmbio subvalorizado, juros artificialmente baixos.  Em razão da automação as diferenças salariais perderam importância.  Todos os países hão de zelar pelo nível de ocupação de suas populações.

A distribuição global da produção, da ocupação, é um dos problemas de mais difícil solução no Desenvolvimento Sustentável.  As instituições da iniciativa privada e da concorrência estão na base da formação das economias desenvolvidas, junto com a instituição democrática da negociação das condições de trabalho.  Trata-se do sucesso da economia liberal de mercado. Entretanto, agora que se compreendeu a necessidade de resgatar da pobreza, em curto espaço de tempo, grandes contingentes humanos, a ação dos Governos / Estados parece imprescindível para aumentar a oferta de oportunidades de trabalho e renda adequada.

Acontece que não existe um conceito de “Renda Adequada”.  Renda Adequada não é igual a “salário mínimo”.  O “Fair Trade”, que almeja um pagamento adequado aos trabalhos na cadeia de produtos importados de países pobres, está neste contexto.  Exemplos são condições de bem-estar na indústria de vestuário da Índia e Bangladesh, de lavradores de bananas na América do Sul, na produção de flores na Abissínia, entre outros.  O deslocamento de produções industriais para regiões com baixo custo de mão de obra, quer dizer, pobres tem ajudado de forma limitada.  Ocorre mesmo em países como os Estados Unidos e na federação da União Europeia.  Nos casos de exemplos extremos, a melhora das rendas em atividades industriais deslocadas para Vietnam, Indonésia, Malásia e México, para citar alguns exemplos, mereceria ser discutida no G-20.  Na China já acontece um aumento gradual dos salários.  O processo de deslocamento de produções para sociedades pobres, que é um dos aspectos da Globalização, por um lado, foi iniciativa de empresas e, por outro lado, foi estimulado pelo governo da China.

Um dos recursos “teoricamente consagrados” da geração de oportunidades de trabalho é o investimento na estrutura econômica.  No presente, operações das mudanças nas matrizes energéticas com a substituição de fontes fósseis de energia por fontes renováveis – solar, eólica, biomassa – têm sustentado a ocupação em partes da União Europeia e contribuído para a ocupação nos Estados Unidos e na China.  Outros países, inclusive Índia, Marrocos e Brasil, se beneficiarão desta ação de mitigar as emissões de gases causadores do efeito estufa.

A China fornece o melhor exemplo da atuação dos Poderes Públicos – do Estado – para resgatar grandes contingentes humanos da pobreza.  Lá se criaram centros industriais incentivando migrações para a urbanização.  E realizaram-se enormes projetos na infraestrutura de energia e dos transportes.  A sustentação da economia será propiciada pelo desenvolvimento do mercado interno.  O mercado interno dará sustento crescente à indústria, inicialmente dependente da exportação.  Hoje mais de 70% dos chineses entre 15 e 64 anos de idade têm formação secundária.  A matrícula nas escolas primárias alcançou 100%, nas escolas secundárias atingiu 87% e nas universidades 24%.  Crescerá uma classe média aumentando o consumo de produtos e serviços.

Tendo sido protagonizado por um regime de governo autoritário e tirânico e uma população tradicionalmente educada para a disciplina e a obediência, o resgate de centenas de milhões de pessoas da pobreza e um crescimento econômico – PIB – ímpar (também da renda por habitante) provavelmente não são reprodutíveis da mesma forma, nem mesmo Índia ou no Paquistão.  Mas a abordagem do desenvolvimento e da formação de um mercado interno a partir de uma ocupação dos contingentes na base da pirâmide pode servir de orientação para o desenvolvimento de outras sociedades.

Crescimento Econômico e Pobreza – Parte II: Aplicação ao Brasil [2015/6]

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Crescimento Econômico e Pobreza  –  Parte II:  Da Aplicação ao Brasil [2015/6]

O Brasil com  200.000.000 habitantes é um país pobre porque

60%             120.000.000  ou 30.000.000 de famílias vivem com até (3) 4 salários mínimos e                                                                                                                                                                5%                10.000.000   ou    2.500.000 de famílias são consideradas miseráveis, de                                  pobreza extrema, com renda de até 1,5 US$/dia e pessoa ou 5,25 R$/dia e                                pessoa, conforme a definição do PNUD/ONU.

Estas 2.5 milhões de famílias não estiveram ainda integradas no processo produtivo oficial.  Portanto não constam entre os 10.000.000 desempregados pela crise econômica a ser debelada.  Novas atividades haveriam de ser desenvolvidas para o resgate dos tradicionalmente muito pobres.

Há de se observar que no Brasil mesmo na pobreza não é comum ocorrer falta de alimentação, em comparação com o que se observa na África.  Mesmo na Índia as condições de fome foram superadas.  Caberia uma diferenciação na definição do PNUD/ONU de pobreza extrema, que não cabe neste espaço.

Considere-se que as ações para superação da crise econômica atual – 2016 – com obras na infraestrutura urbana – inclusive saneamento e manejo de resíduos sólidos – e a ativação da indústria por meio de  obras na infraestrutura e exportações resgatem em primeiro lugar os desempregados.  Assim em nada mudará a vida da massa dos mais pobres.  Considere-se também que uma distribuição de renda como subsídio ao consumo sem contrapartida de trabalho não é sustentável e não resulta em desenvolvimento social.  Onde então começar a empregar esta gente da base da pirâmide social? 

Uma resposta ainda não explorada é:  Na recuperação de áreas degradadas da Floresta Amazônica, do Cerrado, da Floresta Atlântica e de outros biomas e na recuperação de bacias hidrográficas.  Esta atividade ainda muito pouco praticada compreenderia a repressão do extrativismo de madeira e do garimpo clandestino e, sobretudo, a finalização dos desmatamentos.  Compreenderia, portanto uma expansão das forças coercitivas de guarda florestal

O reflorestamento das extensas áreas degradadas implicaria na desapropriação das terras não recuperadas voluntariamente.  Muitas foram adquiridas por via ilegal, de “grilagem”.  Estar-se-ia recompondo o patrimônio nacional.  Os reflorestamentos requereriam numerosos canteiros de cultivo de mudas de espécies endógenas, preparo do plantio, defesa contra insetos, vigilância contra incêndios e assim por adiante.  Os empenhados poderão ser funcionários públicos e assentados com Renda Adequada, inclusive os serviços de educação e saúde.  A ocupação de 500.000 famílias por ano não parece ser uma meta utópica, como se verifica abaixo.  Num prazo de cinco anos eliminaria a pobreza extrema.

Estipulemos a Renda adequada em 4 salários mínimos.  Ao término do prazo de 5 anos estar-se-ia ‘investindo’  10.000.000 de salários mínimos por mês, ou seja, 120.000.000 de salários mínimos por ano.

Com o salário mínimo em 2015 no valor de R$ 880,00 corresponderiam a R$ 105,6 *109 quando o PIB alcançava R$ 5,9 * 1012 – 5,9 trilhões de Reais.  Comportariam 1,78% do PIB.  Trata-se de um valor incorporável ao Orçamento Nacional.  Além disso, haveria um efeito alavancador da economia porque a renda fluiria para o consumo.  O efeito de alavancagem é estimado em 3 a 5.  Seria um crescimento adicional ao resultante de outras ações de política econômica.

No primeiro ano de um Projeto Nacional de Desenvolvimento Sustentável Ambiental e Social desta categoria haveria de se despender um quinto deste valor para a Renda Sustentável 500.000 famílias, ou seja, R$ 21.19 *109.  Comportariam  0,36% do PIB, que seriam de imediato aplicáveis junto com as demais despesas iniciais.

 

Conclusão.

Não existe empecilho material nenhum para um Projeto Nacional de Desenvolvimento Sustentável com resgate da pobreza da base da pirâmide social no Brasil e desenvolvimento ambiental compreendendo o Desflorestamento Zero e a recuperação de extensas áreas degradadas.  Este Projeto poderia ser executado de imediato.  Promoveria o crescimento da economia e assim beneficiando os contingentes já incorporados ao processo produtivo.

Portanto, o Brasil não requer de nenhuma ajuda externa, nem de um ‘impulso’ do G-20, ou de compromissos da COP 21, para desempenhar as sua Responsabilidade pelo Desenvolvimento Ambiental Sustentável e pelo Desenvolvimento Social Sustentável.  Agindo estaria ao mesmo tempo promovendo o crescimento seu do mercado interno.

Falta a Cidadania perceber, tomar conhecimento desta realidade.  E depois integrá-la a objetivos nacionais.  Na verdade tratar-se-á de uma “quebra de paradigmas”, de um “salto cultural”.  Quanto tempo ainda passará para acontecer?

Crescimento Econômico e Pobreza – Parte I: Ambiente Global

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Crescimento Econômico e Pobreza. Parte I:  Ambiente Global

Manchetes do dia 06.09.2016 no O Estado de S.Paulo.

–  “O G-20 e o crescimento” na coluna de Celso Ming

–  “Crescimento global é fraco, diz G-20” da reportagem de Fernando Nakagawa                                                                                                                             e Cláudia Trevisan.

G-20:  https://en.wikipedia.org/wiki/G20

O G-20 reúne as 20 maiores economias, representando 75% do comércio internacional considerando a União Europeia como unidade e dois terços da população global.

 

Primeiras Perguntas:

–  Crescimento para que?                                                                                                                       –  Qual pode ser a velocidade do crescimento?

 

Primeira constatação:

Nos dois textos só se alude à pobreza uma vez, de passagem.

–  Celso Ming relata que consta na declaração do G-20 ‘de que seja preciso estimular o crescimento econômico, a criação de empregos, a distribuição de renda, colocar em marcha reformas, combater a corrupção e respeitar o meio ambiente – e tudo isso, sem recorrer a medidas protecionistas’.  ‘A declaração de Hangzhou reconhece que não basta injeção de moeda nos mercados pelos bancos centrais, mas que é preciso acionar políticas fiscais equilibradas’.

–  Celso Ming repete o chavão da má distribuição de renda, tão cultivado pelos intelectuais como a educação.

Segunda constatação:

Por mais que se considere que as manifestações do G-20 não passem de obviedades e que sejam superficiais, já é um ganho que se configure um entendimento econômico global.  Trata-se de uma convergência similar àquela das Mudanças Climáticas.  O G-20 é, no mínimo, um início de uma inovação política global.                                                                  Por outro lado, a constatação de um problema de “excesso de capacidade de produção global de aço, que requer respostas coletivas” é um fato inédito promissor.  Paulatinamente, emerge a consciência de necessidades de uma gestão globalizada.

Outras constatações:

  1. É evidente que os dirigentes dos países integrantes do G-20 se preocupem, por dever de ofício, pelas economias dos próprios países. Invocam o crescimento para gerar trabalho para os seus desempregados.
  2. É evidente que se pautam pelos dizeres dos compêndios de economia onde uma das principais metas é o crescimento ilimitado.                                                        2.a.  Na verdade acabam de confirmar a experiência, que o despejo de recursos pagamento – moeda – e a facilitação do crédito não tiveram os efeitos esperados de ativação de produções.
  3. Não se aprendeu ainda a lição dada pela China, que o crescimento sustentável da economia está fundamentado na criação de ocupação e renda para os contingentes nas bases das pirâmides sociais pobres. O Desenvolvimento Sustentável Social e o Desenvolvimento Sustentável Econômico são concomitantes.
  4. A pretendida saída da Grã Bretanha da União Europeia não é um problema grave, porque os britânicos não desenvolverão a vocação de se suicidarem. Faz-se muito alarde por pouca coisa.  Tanto a Grã Bretanha como a União Europeia passarão por um desenvolvimento e aperfeiçoamento de procedimentos e percepções, que atuarão contra um afastamento.

 

O que fica a desejar?

Cada sociedade – país – continuará a administrar a própria economia; continuará a valer o ensinamento da Economia Nacional, já porque a gestão do bem estar social é obrigatoriamente descentralizado.  Mas as visões e as metas haverão de ser coordenadas para a Situação Sustentável, que só pode ser global.  Desenvolvimento Social Sustentável e o Desenvolvimento Econômico Sustentável são necessidades comuns da humanidade.  Estas percepções ainda não são articuladas da mesma forma que a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa para o Desenvolvimento Ambiental Sustentável.

A meta principal de toda gestão econômica – nacional e global – deverá passar a ser a superação da pobreza.  O crescimento econômico é um recurso.  Quando o bem-estar geral aceitável estiver realizado, o crescimento perderá a sua razão de ser, ou, no mínimo, grande parte de sua importância.  As economias estarão saturadas.  Hoje ainda não se interpreta adequadamente esta situação alcançada no Japão, nos Países Escandinavos e em partes do outros países desenvolvidos (os de muito alto IDH médio)

Um dos problemas a serem resolvidos no plano global é a concorrência de empresas subsidiadas em economias dirigidas – China, Rússia, ….- e empresas de economias de mercado.  Entre os subsídios constam baixos serviços sociais, baixos impostos, câmbio subvalorizado, juros artificialmente baixos.  Em razão da automação as diferenças salariais perderam importância.  Todos os países hão de zelar pelo nível de ocupação de suas populações.

A distribuição global da produção, da ocupação, é um dos problemas de mais difícil solução no Desenvolvimento Sustentável.  As instituições da iniciativa privada e da concorrência estão na base da formação das economias desenvolvidas, junto com a instituição democrática da negociação das condições de trabalho.  Trata-se do sucesso da economia liberal de mercado. Entretanto, agora que se compreendeu a necessidade de resgatar da pobreza, em curto espaço de tempo, grandes contingentes humanos, a ação dos Governos / Estados parece imprescindível para aumentar a oferta de oportunidades de trabalho e renda adequada.

Acontece que não existe um conceito de “Renda Adequada”.  Renda Adequada não é igual a “salário mínimo”.  O “Fair Trade”, que almeja um pagamento adequado aos trabalhos na cadeia de produtos importados de países pobres, está neste contexto.  Exemplos são condições de bem-estar na indústria de vestuário da Índia e Bangladesh, de lavradores de bananas na América do Sul, na produção de flores na Abissínia, entre outros.  O deslocamento de produções industriais para regiões com baixo custo de mão de obra, quer dizer, pobres tem ajudado de forma limitada.  Ocorre mesmo em países como os Estados Unidos e na federação da União Europeia.  Nos casos de exemplos extremos, a melhora das rendas em atividades industriais deslocadas para Vietnam, Indonésia, Malásia e México, para citar alguns exemplos, mereceria ser discutida no G-20.  Na China já acontece um aumento gradual dos salários e serviços sociais.  O processo de deslocamento de produções para sociedades pobres, que é um dos aspectos da Globalização, por um lado, foi iniciativa de empresas e, por outro lado, foi estimulado pelo governo da China.

Um dos recursos “teoricamente consagrados” da geração de oportunidades de trabalho é o investimento na estrutura econômica.  No presente, operações das mudanças nas matrizes energéticas com a substituição de fontes fósseis de energia por fontes renováveis – solar, eólica, biomassa – têm sustentado a ocupação em partes da União Europeia e contribuído para a ocupação nos Estados Unidos e na China.  Outros países, inclusive Índia, Marrocos e Brasil, se beneficiarão desta ação de mitigar as emissões de gases causadores do efeito estufa.

 A China fornece o melhor exemplo da atuação dos Poderes Públicos – do Estado – para resgatar grandes contingentes humanos da pobreza.  Lá se criaram centros industriais incentivando migrações para a urbanização.  E realizaram-se enormes projetos na infraestrutura de energia e dos transportes.  A sustentação da economia será propiciada pelo desenvolvimento do mercado interno.  O mercado interno dará sustento crescente à indústria, inicialmente dependente da exportação.  Hoje mais de 70% dos chineses entre 15 e 64 anos de idade têm formação secundária.  A matrícula nas escolas primárias alcançou 100%, nas escolas secundárias atingiu 87% e nas universidades 24%.  Crescerá uma classe média aumentando o consumo de produtos e serviços.

Tendo sido protagonizado por um regime de governo autoritário e tirânico e uma população tradicionalmente educada para a disciplina e a obediência, o resgate de centenas de milhões de pessoas da pobreza e um crescimento econômico – PIB – ímpar (também da renda por habitante) provavelmente não são reprodutíveis da mesma forma, nem mesmo na Índia ou no Paquistão.  Mas a abordagem do desenvolvimento e da formação de um mercado interno a partir de uma ocupação dos contingentes na base da pirâmide pode servir de orientação para o desenvolvimento de outras sociedades.

Paz no Oriente Médio: Sonho e Visão. [2016]

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Paz no Oriente Médio:  Sonho e Visão. [2016]

Posicionamento básico:

 Ninguém deve ser contrário à avaliação de que os conflitos na Síria e no Iraque são absurdos civilizatórios e humanitários devendo ser terminados no prazo mais curto possível, incondicionalmente.  Os sofrimentos noticiados diariamente envergonham a comunidade da humanidade.  A mesma avaliação se aplica a toda a região da África Mediterrânea e aos demais conflitos na África.  Mas o foco das considerações neste ensaio estará nos acontecimentos na região do Oriente Médio.

O fato de chacinas acontecerem em sítios remotos não justifica insensibilidade e omissão, como se tem tido tradicionalmente, embora seja natural que cada sociedade tenha as prioridades voltadas aos problemas mais próximos.  As questões éticas implicam em Responsabilidades, que são, por princípio, indivisíveis, quer sejam ou não sejam desempenhadas.

Causas:

Apontam-se as decisões dos vencedores da Primeira Guerra Mundial – ingleses e franceses – sobre a divisão do império otomano e a intervenções recentes para depor tiranos como Saddam Hussein, no Iraque, e Kadaffi, na Líbia, como as principais causas dos conflitos armados atuais.  No segundo caso interesses pelo domínio de fontes de petróleo seria uma explicação de mais fácil compreensão.

A atribuição a divergências religiosas no âmbito da cultura muçulmana como causa de conflitos insolúveis é, no mínimo, simplista.  Comunidades sunitas e xiitas têm convivido entre si e com comunidades cristãs sempre que não instigadas por atores políticos.  Todas são antes de tudo vítimas.

Seja como for, as explicações de interesses históricos não aproximam encaminhamentos para a finalização das mortandades e das ondas de refugiados.  E uma manutenção de ordem por intermédio de tiranos não será duradoura, como demonstram as experiências.

Existem antagonismos pelo domínio na região em que divergências históricas entre sunitas e xiitas estão associadas a interesses econômicos:  De um lado sunitas extremistas da Arábia Saudita, e do outro xiitas conservadores no Irã.  Ambos são detentores de enormes reservas de petróleo.

 

Dos componentes do problema da região:

–  Da religião islâmica.

O islamismo é praticado por aproximadamente 1,3 bilhões de pessoas, número da ordem de grandeza dos cristãos.  Além do Oriente médio é a religião dominante na África Mediterrânea, na África em geral, no Paquistão, na Indonésia, em regiões da extinta União Soviética.  Na Indonésia se desenvolveu um regime de governo democrático.  Um pressuposto de associação de islamismo com regime de governo necessariamente autoritário não é consistente, apesar dos sultanatos históricos.

Faz parte da realidade que os países de cultura islâmica não participaram do desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido desde o Renascimento Europeu, após a queda de Constantinopla em 1456.  Os muçulmanos desdenharam os desenvolvimentos no âmbito dos “infiéis”.  Por consequência os hábitos culturais também não evoluíram.  Foram rechaçados nas tentativas de conquista na Europa.  Na África e na Indonésia foram colonizados.  Ainda hoje nenhum país com religião dominante maometana figura entre os países desenvolvidos.  Estas circunstâncias são propícias à configurações de recalques com dimensões hostis ao “ocidente”.

 –  Da posição da Turquia.

A Turquia atual é um torso que restou de um califado que abrangeu os Bálcãs e o Oriente Médio, então dominando povos não turcos.  Ainda é o único país que se estende da Europa à Ásia.  A religião dominante é o islamismo sunita, mas o governo é formalmente laico e, até agora, eleito democraticamente.  A Turquia está integrada à OTAN / NATO, à comunidade de defesa Organização do Tratado do Atlântico Norte.  A Alemanha destacou um contingente militar antiaéreo e aviões para a fronteira com a Síria.  A Turquia tem um conflito com o povo curdo, que dificulta a integração de Turquia na União Europeia, a rigor um desenvolvimento desejável.  Com 80 milhões de habitantes, PIB/h de US$ 18.300,00 e IDH 0,761 não é um país pobre.  Com fronteiras do lado asiático com a Geórgia, a Armênia, ambas no domínio da desmantelada União Soviética, o Iran, o Iraque e a Síria, a Turquia está numa posição estratégica nos limites dos conflitos no Oriente Médio.  Recebeu e acomodou um grande número de fugitivos.  O posicionamento em relação ao “Estado Islâmico” não é transparente.

A atual intervenção militar na Síria e contra os combatentes curdos contra e o EI tem feições de política imperialista.  A ONU deveria condenar.

 –  Da posição dos Estados Unidos.

Deve ser acertado considerar que os Estados Unidos desejam a finalização dos conflitos de imediato.  Depois de uma incursão vitoriosa em defesa do Kuwait aventurou-se na deposição do tirano Saddam Hussein do Iraque e na instalação de um regime de governo democrático no Iraque.  Não logrou ganhar a paz entre sunitas e xiitas.  Com a retirada da maioria das tropas o conflito deflagrou.  Contingentes islamitas proclamaram um “Estado Islâmico” [EI].  Este “Estado Islâmico” promove atentados terroristas na Europa e nos Estados Unidos.

Depois que os Estados Unidos se tornaram autárquicos em relação ao petróleo através da exploração do xisto e dos avanços das fontes alternativas de energia, os interesses econômicos na região minguaram.  O ainda presidente Barack Obama, possivelmente, vê com frustração o desenvolvimento da cena.  De qualquer forma pode-se tomar como certo que o eleitorado americano não apoiaria uma intervenção com envio de numerosos contingentes humanos com o objetivo de extinguir o EI.

 –  Da posição da União Europeia.

Com certeza pode-se afirmar que a União Europeia deseja que o conflito no Oriente Médio não existisse, mas que não tem um conceito para sua finalização.  Não tem disposição nem recursos para uma intervenção militar.  Mesmo na ocasião dos conflitos na Iugoslávia, se fez necessária uma iniciativa dos Estados Unidos / NATO para abafar os combates.  Hoje contingentes militares alemães estão estacionados no Kosovo.  E diversos países dos Bálcãs almejam o ingresso na União Europeia.

Entretanto, o surpreendente fluxo de numerosos fugitivos da região de conflito causam problemas de recepção, abrigo e integração.  A maioria das sociedades é refratária aos imigrantes.  De fato a capacidade de absorção é, por natureza, limitada.  O voto britânico pela saída da União Europeia foi fundado nos receios das consequências da imigração numerosa.

De fato a situação é insustentável e requer uma solução urgente.  A solução só pode significar a finalização dos conflitos.  Esta, muito provavelmente, só será possível através de uma ação coordenada da NATO, declarada ou subentendida, com algum apoio de ‘países árabes’.  Agora já atuam conjuntamente forças turcas e americanas.  Qual seria o destino do tirano sírio?

–  Da posição do Iran.

O Iran é sede da versão xiita do islamismo.  Por isso apoia o partido xiita no Iraque, que não soube formar uma coligação com os sunitas e domina a região produtora de petróleo.  Pelas mesmas razões sustenta o governo da Síria e os contingentes Hitzbolah, originalmente combatentes contra Israel.  Após à formalização de um tratado de contenção do programa nuclear, o Iran recupera relacionamentos comerciais com os países da União Europeia e a exportação de petróleo.

–  Da posição da Rússia.

Estando a Rússia sob um regime praticamente autoritário, onde predomina a vontade do mandatário, no caso Putin, só se podem conjecturar hipóteses sobre o seu comportamento.  O intuito de voltar a atuar como potência e o intuito de ganhar influência na região do conflito até então na influência dos Estados Unidos são de alta probabilidade.  Daí resulta uma tentativa de alinhamento com o Iran na proteção do governo da Síria e do Hitzbolah.

Mas os ataques aéreos a partir de bases no Iran foram suspensos.  Não é pensável que a Turquia troque o pertencimento à NATO por uma aliança com a Rússia.  Antes é possível uma confrontação de tropas turcas com a base naval russa na Síria.  Esta base ficaria sem apoio depois da queda do tirano sírio.  Putin precisa se precaver de reações de populações islâmicas nos seus domínios.  Portanto, parece provável, que as investidas russas resultem tão somente de devaneios inconsistentes de um potentado ambicioso.

–  Do “Estado Islâmico” – EI.

O “Estado Islâmico” emergiu do conflito entre sunitas e xiitas no Iraque.  O EI é contrário ao governo alauita – facção xiita – da Síria, sediado em Damasco.  O EI também é contrário ao governo do Iraque, sediado em Bagdad, e também xiita.  Divulga o extremo fanatismo religioso e pratica atos de macabro terrorismo, chegando ao assassinato-suicida e a liquidações em massa.  Não existe a mínima base de sustentação para uma negociação com o “Estado Islâmico”.  É razoável prever que sua existência seja efêmera; não é reconhecido e não tem aliados, a menos que, sub-repticiamente, tenha apoio da Arábia Saudita.  No momento se encontra na defensiva.

Há de se esperar que a rejeição internacional unânime sirva de lição – tardia – para o desenvolvimento das instituições informais e formais de uma humanidade civilizada no âmbito das sociedades com cultura dominante muçulmana.

 –  Da posição de Israel e dos países muçulmanos Iran e árabes.

Nenhuma referência a Israel consta acima, porque Israel não está envolvido com os conflitos no ‘mundo muçulmano’.

Todavia o Estado de Israel judeu, ou de cultura mosaica, é sentido por muitos muçulmanos como um espinho encravado na região de cultura islâmica.  A extinção de Israel ainda consta nos discursos de alguns grupos.  Atualmente tem sido articulado menos pelos aiatolás iranianos, depois de o Iran ter acordado um controle de suas atividades nucleares e promover o retorno a condições normalizadas no comércio internacional.  Mas não existe uma perspectiva para o assentamento do conflito entre israelenses e palestinos, continuamente atiçado pela prática de criação de colônias judaicas fora no território oficial de Israel.

De um lado há de se constatar que a criação do Estado de Israel ofereceu a judeus um território onde estão a salvo de discriminações, perseguições e morticínios.  Por outro lado não pode ser perdido de vista que o estabelecimento de Israel não se deveu a um acordo, mas resultou de uma conquista militar posteriormente expandida até incorporar a cidade de Jerusalém.  Israel foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas desde a primeira hora, em 1949.  Um povo identificado por uma religião passou a ter um território constituindo uma nação.  Trata-se de uma experiência bem sucedida, mas a pacificação dos espíritos dos perdedores ainda está em aberto.  Não se pode considerar que a manutenção de um país pelo constante emprego do poder militar seja uma situação sustentável.  Há de se propor um ambiente reconhecido como favorável para todos envolvidos.

Com 8,5 milhões de habitantes vivendo em 20.700 km2, renda PIB/h US$ 35,9 e IDH de 0,894 (2014) – muito alto – o Estado de Israel tem condições de se integrar na União Europeia.  [compare acima os dados para a Turquia]

 

Componentes de um cenário desejável.

As dificuldades de uma pacificação tornam-se mais claras quando se procura delinear um cenário como meta a ser realizada.  Todavia é preciso ter uma imagem de objetivos, quer dizer Metas, por mais difícil que pareça alcançá-los, para ao menos ter parâmetros para atitudes e ações coerentes e poder avaliar das mudanças na situação.  A conscientização das dificuldades é um primeiro passo para a formulação de caminhos para superá-las.  Estes caminhos são políticas e estratégias.

Pressupõe-se que a grande maioria das pessoas em qualquer sociedade não é agressiva.  As motivações básicas são a sobrevivência – procura por alimentos, abrigo e vestuário – e a segurança – zelo por manter as condições de sobrevivência.  Reconhecimento e sentimento de estima veem em terceiro lugar.  É preciso que as pessoas sejam desviadas dos seus comportamentos normais para participarem e mesmo se engajarem em conflitos.  Tais agentes são os detentores de poderes:  Políticos e sacerdotes.  O comportamento normal compreende o temor de perder a vida e de sofrer ferimentos.  Num cenário desejável não deve haver agentes estimuladores de conflitos – guerras.  Esta é a segunda condição – simples e óbvia – para o estabelecimento de um ambiente pacífico.

No nível dos Estados / Governos as condições para a prevalência da Paz foram formuladas por Emmanuel Kant na segunda metade do século XVIII.  Kant viveu na cidade de Königsberg, na Prússia Oriental, na era do Iluminismo.  Os governos eram então monárquicos e, na prática, autoritários.  As condições formuladas na obra “Vom ewigen Frieden” – “Da Paz eterna” – são:  Separação de poder legislativo e poder executivo nos Estados, o que denominou de regime republicano; uma federação entre Estados e o direito de hospedagem dos cidadãos dos estados federados em todos os Estados.  Estas condições foram realizadas na União Europeia no século XX após a Segunda Guerra Mundial.  Os hoje 27 Estados federados têm regimes de governo democráticos parlamentaristas; há monarquias e presidencialismos.  Formalmente, os estados europeus são laicos.  Considera-se que democracias sejam avessas a guerras.

Adotando-se as condições formuladas pelo filósofo o cenário pacífico no Oriente Médio compreenderia:

–  Estados onde os poderes legislativo e executivo são separados, de forma que os poderes executivos não recebessem os recursos para investidas bélicas.  Esta condição elimina os tiranos.

–  Uma federação ou diversas federações de Estados independentes.

–  A livre circulação dos habitantes entre os Estados.

 

Condições e modelos de abordagens para a pacificação.

Antes de tudo é preciso eliminar os propagandistas de confrontações.  A promoção de um cenário, das Metas, favoreceria a abdicação voluntária a ameaças e, por outro lado facilitaria a deposição de tiranos.

A fim de amenizar o conflito com os palestinos, Israel precisa oferecer uma proposta que preveja um domínio de territórios seguros, cooperação e perspectivas de desenvolvimento econômico promissoras além do reconhecimento das perdas sofridas.  Jerusalém haverá de ter um status de dupla capital neste contexto.  Uma federação compreendendo o Estado de Israel, um Estado Palestino, Jordânia e Líbano poderia se revelar um objetivo comum motivador de todos.  Não poderá haver uma condição de trégua ou paz ditada por um vencedor.  Existe a possibilidade de repetição da experiência na questão do Kosovo, da presença temporária de contingentes da ONU nos territórios palestinos com a retirada das forças israelenses.

 Outro problema na região, ainda não abordado neste texto, é a realização do esforço do povo curdo pela configuração de um estado nacional.  A oposição da Turquia tem caráter nitidamente imperialista.  Caberia à ONU se empenhar tanto pela solução do conflito entre israelenses e palestinos, como pela realização da justa causa curda.  E também a UE haveria de condicionar o acolhimento da Turquia, em si benéfica, ao estabelecimento de um Estado Curdistão, assim reforçando um posicionamento da ONU.  Também nos territórios curdos a segurança e a trégua entre os contentores poderia ser assegurada por contingentes militares da ONU e/ou da EU.

Observe-se em ambos os casos se apresenta a adesão à UE como um elemento novo, mas estimulante, para a indução de entendimentos.  Os povos europeus – com cultura cristã – demonstrando simpatia, compreensão e acolhimento aos povos com outras culturas e religiões, estariam contribuindo para o apaziguamento dos espíritos e a disposição a compromissos.

Mais difícil é vislumbrar o término das atividades bélicas na Síria e no Iraque.  Uma condição seria o afastamento do tirano Assad do governo da Síria, que trucida partes da própria população.  Ambas as maiores cidades, Bagdá, no Iraque, e Damasco, na Síria, estão em centros de dominação xiita.  Por isso são os governos do Iraque e da Síria são apoiados pelo Iran.  Os ‘rebeldes sunitas’ contam com o apoio dos Estados Unidos e da Arábia Saudita contra o EI e Assad, mas não detêm um território com uma capital.  E sem uma participação nas rendas do petróleo em territórios de maioria xiita estariam sem sustentação econômica.  As partes lutam pela sobrevivência.  É possível que o exército de Assad acabe se impondo.  Esta hipótese não apresenta nenhuma perspectiva de uma pacificação consistente.

Tanto um Estado Sírio, como um Estado Iraquiano não têm como aceitar o estabelecimento de um EI.  A fim de evitá-lo haveriam de instituir coalizões internas entre as diversas facções.  Com este compartilhamento de interesses, uma federação da Síria com o Iraque, que, eventualmente, ajudaria a superar os defeitos de nascimento desses Estados depois da Primeira Guerra Mundial, talvez fosse uma ajuda.  A UE haveria de oferecer fortes ajudas para a reconstrução dos escombros da guerra e para a criação de oportunidades de trabalho na região.

Tráfico de animais, peles, trofeus Crime hediondo

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OLHAR ANIMAL – Polícia investiga tráfico internacional de animais silvestres em Curionópolis, PA

Polícia investiga tráfico internacional de animais silvestres em Curionópolis, PA

 

Polícia investiga tráfico internacional de animais silvestres em Curionópolis, PA (Foto: Reprodução Internet)

O material apreendido na última sexta-feira (26) em Curionópolis, sudeste do Estado, foi periciado nesta terça-feira (30). A perícia criminal analisou cinco cabeças de onça pintada, uma de onça parda, cinco crânios de onças e seis peles de felinos.

Uma operação da Polícia Militar encontrou as partes dos animais escondidos dentro do congelador de uma casa. Depois que o material foi descongelado a perícia descobriu que cada uma das peles apreendidas é um animal diferente. Pelo menos 19 onças foram mortas.

Para a Polícia, a ação pode ter sido realizada por uma quadrilha especializada em tráfico interncacional de animais silvestres. “Temos um padrão de corte de cabeça, de couro com cabeça até a pata, temos patas, temos testículos, que nos induz a uma possível biopirataraia aqui na região. Além dos crânios dissecados, que servem como troféu”, explica o perito criminal Felipe Sá.

De acordo com a polícia, um dos homens suspeitos do crime contra a fauna informou em depoimento apenas que tinha o costume de caçar. “Eu percorro a região há mais de cinco anos, temos mais de um milhão de hectares e nenhum crime parecido com esse já vimos”, afirma Vitor Garcia Neto, agente de fiscalização do ICMbio.

Para o chefe da Floresta Nacional do Carajas, Frederico Drumond, essa perda para a fauna brasileira é inestimável. “É um animal que vai sendo retirado da natureza nessa voracidade e a capacidade de reposição não é das melhores, o que fortalece a tendência de ameaça de extinção que a espécie já se encontra”, comenta.