Situação Social Atual Global – 2016: Fome e Pobreza. Parte I

No Comments

Situação Social Atual Global – 2016:  Fome e Pobreza.                                                                                           Parte I

Introdução.

Considera-se que a Situação Social Sustentável é caracterizada por:                                  [vide  http://www.hhellmuthsustentabilidade.com/situaco-sustentavel-e-responsabilidade-2/  ]

Sustentabilidade Social

–   Todas as pessoas / famílias se autossustentam através de contribuições de produção, ou seja, trabalho próprio.

 –  Nível de educação mínimo para uma Ocupação Adequada e exercício de Cidadania na base da pirâmide social.

–   Está eliminada a miséria como condição social hereditária e existem oportunidades para a ascensão social.

A primeira meta do desenvolvimento social é a superação da miséria, que encerra a experiência da fome, da doença não atendida e de habitação inadequada.  A Organização das Nações Unidas através do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – instituiu as Metas do Milênio em 2000.  A meta principal de reduzir a miséria até 2015 foi quase alcançada.  Os progressos não foram tão expressivos em relação a outros objetivos.  Em 2015 a ONU lançou as Metas do Desenvolvimento Sustentável – Sustainable Development Goals (SDGs).

 Objetivos do Milênio – ODM / MDG – de 2000 a 2015.

 1.   Acabar com a Fome e a Miséria.                                                                                        2.  Educação Básica de qualidade para todos.                                                                    3.  Igualdade entre sexos  valorização da mulher.                                                            4.  Reduzir a Mortalidade Infantil.                                                                                        5.  Melhorar a Saúde das Gestantes.                                                                                      6.  Combate à AIDS, à Malária e outras doenças.                                                              7.  Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente.                                                      8.  Todo Mundo trabalhando pelo Desenvolvimento.

Estas considerações visam estabelecer o piso – a caracterização da Situação Atual – para um monitoramento periódico dos progressos do Desenvolvimento Sustentável na dimensão social.

Dados globais.           Fonte:  DE Magazin Deutschland, 1, 2016, pág. 50 ff

–  10% da população mundial – 795 milhões de crianças e adultos não têm o suficiente para comer.                                                                                                              –  98% delas vivem em países ‘em desenvolvimento’ sendo                                                                      — 511 milhões na Ásia e                                                                                                                            — 232 milhões na África,                                                                                                                            com 23% da população da África Subsaariana na República Centro-Africana, no                    Chade, na Zâmbia, na Serra Leoa e no Madagascar.                                                         –  A metade das pessoas que não têm o suficiente para comer são camponeses.

Número de pessoas famintas por região:

–   < 5%          na América Latina.

–      19,8%     no Caribe.

–   < 5%          na África do Norte.

–      23,2%     África do Sul do Saara.

–      8,4%       Ásia Ocidental.

–      15,7%     Ásia do Sul.

–      9,6%       Ásia do Leste.

–      9,6%       Ásia do Sudeste.

–      14,2%     Oceania.

Área agrária per capita em relação à população mundial:

1970                  1990            2050

População mundial          3,69 bi               5,23 bi           9,5 bi

Área agrária/h                 3205 m2            2372.m2       1500 m2

 

Por que (ainda) existe fome?

É consenso entre várias fontes, que produção mundial de alimentos é suficiente para alimentar todas as pessoas do mundo.  A fome resultaria de deficiências na distribuição.  Esta conclusão é de natureza estatística; as causas da desnutrição são variadas.

Primeiro há regiões, por exemplo, na África, onde as propriedades de auto-produtores são muito pequenas, além de serem assoladas por sintomas de desertificação.  Os camponeses pobres não dispõem de recursos para comprar sementes, utensílios e adubo suficientes.  Nas regiões pobres não se dominam tecnologias como as praticadas, por exemplo, na Europa e nos Estados Unidos.  Três quartos das pessoas que passam fome vivem no campo.

Segundo é verdade que uma fração importante da produção é perdida durante os transportes e armazenamentos, não por último pela ação de animais nocivos.  Somam-se grandes desperdícios na fase de consumo originando volumes excessivos de lixo, resíduos orgânicos.

Terceiro é comum acusar a produção de combustíveis orgânicos, etanol e biodiesel de causar uma redução da produção de alimentos, aumentando os seus preços.  Esta constatação, no entanto contradiz a observação de que não há verdadeiramente escassez, malgrado dificuldades regionais agudas, perdas e desperdícios.  Com a mesma objeção pode-se contradizer o argumento da transformação de áreas rurais produtoras de alimentos em produtoras de forragens para sustentar um excessivo consumo de carnes principalmente nos países industriais e emergentes.

Quarto, mas menos discutida, é a fome como ocorrência de pobreza urbana.  O processo de urbanização progride em grande parte da Terra, tendo hoje atingido cerca de 50% e esperando-se que atinja uma parcela de 60% a 70% por volta de 2050.  Nas cidades as pessoas precisam auferir renda para adquirir alimentos.  Precisam, pois, encontrar ocupações remuneradas.  Entretanto, a fome causada por falta de renda não está limitada às regiões urbanas.  Curiosamente, as Metas do Milênio ainda não consideravam o problema da distribuição das oportunidades de trabalho como causa da fome.

Em quinto lugar cabe apontar que o combate à fome não é (ainda?) prioritário para muitos Governos de países em desenvolvimento, sendo que a corrupção torna o problema mais grave ainda.

Primeiras conclusões:                                                                                                                –  Sobre fome/pobreza, desflorestamento e trabalho/renda.

A cena acima composta com foco exclusivo na ocorrência da fome induz a conclusão de que a fome poderá ser superada com alguma facilidade no ambiente global num prazo relativamente curto.  E para tanto não será necessário continuar o desflorestamento para fazer uso agrário e pastoril do solo.

Quanto à pobreza agrária, uma parte pode ser superada pela industrialização e urbanização, como comprova a China.  Outra parte pode ser superada por instrução da população agrária e utilização de recursos modernos de cultivo, proporcionando acesso ao mercado e remuneração adequada.  Parte da população que habita no campo e nas florestas poderá ser ocupada em projetos de recomposição dos solos, de reflorestamentos e de recuperação de recursos hídricos, mediante assentamentos e remuneração adequada.  As energias renováveis, particularmente a energia fotovoltaica poderá se destacar como fator de desenvolvimento da população rural pobre.  Cabe aos governos desenvolver projetos que incluam o resgate de grandes contingentes de mal nutridos da miséria.

Progressos na redução da fome e da pobreza.

Com as ações das Metas do Milênio – Millenium Development Goals (MDGs) – a primeira meta – entre 1990 e 2015 reduzir à metade a porção da pessoas com renda inferior a US$ 1,25 por dia – foi realizada nos países não desenvolvidos.  Isto justifica a esperança de que até 2030 / 2035 os restantes 50% também sejam resgatados.

Na China o progresso foi mais extraordinário, com a pobreza extrema caindo de 84% da população em 1981 para 12% em 2010.  Este espantoso progresso foi alcançado através de um crescimento econômico inédito de mais de 10% ao ano durante três décadas.  A população foi inserida na produção industrial e urbanizada.  Isto significa que a primeira característica da Situação Social Sustentável está sendo alcançada através de um Projeto Nacional de Desenvolvimento Sustentável promovido por um governo e à revelia das Metas da ONU.  A redução do crescimento econômico da China nos anos recentes deve ser entendida como uma consequência natural.

 Em contraste na África Subsaariana a pobreza extrema só iniciou uma redução após à proclamação das Metas do Milênio em 2000.  Na Índia a pobreza extrema declinou de 60% em 1981 para 33% em 2010.  E no restante da região do sul da Ásia de 66% para 26% no mesmo período.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *