Da importância das elites para o Desenvolvimento Sustententável Parte II
Da importância das elites para o Desenvolvimento Sustentável Parte II
Condicionamento inédito do movimento ambientalista.
Como foram difusos os desenvolvimentos sociais também não tiveram metas mensuráveis e monitoradas. Somente o movimento ambientalista veio a ter foco numa Responsabilidade: A Responsabilidade pelas condições de sobrevivência da humanidade. Trata-se de uma condição histórica inédita. Por isso referências a paradigmas de atuação históricos calcados em “interesses particulares percebidos” são insustentáveis: Requerem-se rupturas de paradigmas. As características da Situação Sustentável a ser alcançada conjuntamente pelas nações são mensuráveis e os esforços desempenhados por cada parte são qualificáveis. Todas as sociedades são partícipes obrigatórios. As que se empenharem para o bem futuro aquém de suas possibilidades serão julgadas “vilãs”.
Influência das elites no Desenvolvimento Sustentável – global.
Desde que começaram a se mobilizar por causas do Desenvolvimento Sustentável na segunda metade do século XX e particularmente a partir dos anos 1990 as elites lograram alguns progressos significativos e continuam progredindo na superação de resistências. Mas prevalecem dúvidas, para não dizer temores angustiantes, sobre a velocidade suficiente dos avanços no Desenvolvimento Sustentável para prevenir a ocorrência de catástrofes para a humanidade.
– Progressos alcançados e em andamento: Estabelecimento de esforços por ações globais: Conferência Rio 92 e seguintes como as COP Primeiros entendimentos: Protocolo de Montreal e Protocolo de Kyoto. Novos conceitos e monitoramentos: Footprint (1995) , INDC (2015) pelo PNUMA / ONU Reconhecimento de limites necessários para a concentração de GEE na atmosfera resultante de trabalhos do IPCC (2004) Desenvolvimento da geração eólica e solar e de acionamentos elétricos Estabelecimento de Metas do Milênio – de 2000 a 2015 – e monitoramento de IDH pelo PNUD / ONU Estabelecimento de Metas para o Desenvolvimento Sustentável (2015) pelo PNUMA / ONU Início de mudanças nas matrizes energéticas – descarbonização. Redução da pobreza, particularmente na China (regime autoritário, industrialização e urbanização) Novas abordagens de economia na base da pirâmide social: Produtos mais adequados, minicrédito… Novas instituições: Ministérios de Meio Ambiente, Legislações Ambientais. Conscientização das populações: Disposição seletiva, redução de consumo de água e de energia, aumento da eficiência energética. Conscientização: Extensa literatura científica, educacional e popular, programações na mídia e na internet. Conscientização: Inclusão da “Educação Ambiental” nos currículos. Conscientização: Empenhos voluntários por Organizações Não Governamentais – ONG Conscientização: Reconhecimento do conceito de Responsabilidade Social das Empresas
– Ações / Progressos pendentes: Aumento da velocidade da redução das emissões de GEE. Superação da miséria com ocupação e remuneração adequada nas bases das pirâmides sociais Finalização dos desflorestamentos Reflorestamentos e recuperação de mananciais Finalização da poluição da águas Preservação da biodiversidade: Terminação da sobrepesca Conscientização: Redução dos desperdícios, particularmente de alimentos Conscientização: Adoção do conceito de Situação Sustentável. Conscientização: Divulgação do conceito de Desenvolvimento Sustentável Formulação e execução de Projetos de Desenvolvimento Sustentável. Conceituação de Economia na Situação Sustentável. Pressão da Cidadania Global pela Paz. Formação de uma Cultura de Responsabilidade: Desempenho de Responsabilidade é voluntário, unilateral, incondicional, não remunerável nem negociável.
Premissa para o exercício de influência política na sociedade pela Cidadania.
Um dos lugares comuns vinculados à cidadania é “a cidadania silenciosa”. Esta figura expressa que enquanto as circunstâncias forem razoavelmente suportáveis as populações costumam se manter inertes, omissas. O cidadão está ocupado com o seu sustento, em ‘ganhar a vida’. As atuações dos políticos lhe parecem distantes, ou seja, não serem influenciáveis. Poucos frequentam organizações políticas ou participam de ações voluntárias em benefício de alguma comunidade.
É preciso que sobrevenham ameaças às condições de vida, por exemplo, desemprego, ou ocorrências causadoras de indignação para provocar manifestações. Este é o comportamento tradicional das massas.
Ocorre que o alheamento da população facilita regimes autoritários e aumenta o risco de enriquecimento indevido – corrupção –, também nas democracias. A condição da manutenção de democracias é a vigilância atenta e crítica dos contingentes mais esclarecidos da sociedade, das elites. A compreensão da importância do bem-comum e o interesse por intervir em seu favor resultam da Percepção da Responsabilidade por condições sociais que não se estabelecem e se mantêm automaticamente. Tal consciência e disposição caracterizam as elites, os Cidadãos por Responsabilidade.
Alguns abraçam causas específicas a exemplo de educação, saúde, direitos ou meio ambiente e fundam Organizações Não Governamentais – ONGs – a fim de contribuir para a mitigação de problemas. ONGs conseguem influenciar políticas públicas. A Lei da Floresta Atlântica é um sucesso da ONG SOS Mata Atlântica.
Todavia é praticamente impossível mesmo para o cidadão mais preparado e interessado manter-se informado sobre a imensa quantidade de problemas na situação atual, que se encontra em constante mutação. Isto significa que o seu acesso às informações relevantes precisa ser racionalizado pela atuação de profissionais de informação e de especialistas nas matérias. Trata-se da missão da mídia, da imprensa. Ainda há muito espaço de aperfeiçoamento na autocompreensão dos profissionais da mídia para que ações truculentas do governo pela execução de projetos economicamente inviáveis e ambiental e socialmente inviáveis, como a usina de Monte Alegre, sejam barradas pela manifestação dos cidadãos e no congresso.
Omissões de elites.
A história demonstra que omissões das elites podem ter conseqüências desastrosas. A Primeira Guerra Mundial resultou de percepções e atitudes de governos autoritários. Tais percepções eram retrógradas no sentido de extrapolarem experiências históricas sem considerar, ou considerar de forma equivocada, os desenvolvimentos tecnológicos. A comunicação ainda era lenta; não havia rádio. É verdade que não havia referência histórica de participação cidadã nas decisões políticas.
Mesmo tendo vivenciado resultados catastróficas as elites burguesas e religiosas cristãs não se uniram aos “proletários” para impedir uma nova conflagração, que de forma previsível causaria milhões de vítimas.
A Terceira Guerra Mundial foi “fria” apenas porque as armas nucleares teriam destruído a humanidade.
Ainda está por ocorrer uma quebra de paradigmas culturais para a acomodação das necessidades físicas e espirituais / ideais da humanidade sem o recurso a armas. Ainda está por ser configurada uma política fundamentada em valores, em particular no valor VIDA.
Necessidade de uma Política Global de Desenvolvimento Sustentável.
Além da ameaça de extinção por armas nucleares, hoje a humanidade enfrenta a ameaça da destruição pela poluição do meio ambiente, em particular pelas Mudanças Climáticas causadas por emissões de GEE. Ambas as ameaças são produzidas por uma parte da humanidade.
Hoje não só as elites nacionais, mas virtualmente todos os cidadãos, estão integrados através de tecnologias de comunicação instantânea. Esta circunstância haverá de viabilizar a convergência sobre interesses vitais comuns de Paz, de Meio Ambiente e de conforto em geral das Cidadanias. A Responsabilidade como base de entendimento é universalmente aceitada e irrefutável.
Entendimentos fundamentados na Responsabilidade pelo bem-estar das sociedades serão pautados por valores.
Visões políticas retrógradas ainda persistem em países com regimes de governo autoritários e concepções geopolíticas superadas: Rússia e China. E em sociedades que não participaram dos desenvolvimentos na cultura ocidental ainda continuam conflitos de natureza religiosa e pretensões de domínio espiritual sobre populações.
Há de se ter – as elites hão de ter – a expectativa, e a esperança, de que com a continuação dos entendimentos sobre as questões ambientais venha a ocorrer também uma superação de atitudes fundamentas em preconceitos e supostos interesses ou receios inconsistentes. Então as questões sociais e econômicas do Desenvolvimento Sustentável, que estão imbricadas com as questões ambientais, poderão ser solucionadas com maior facilidade.
Conclusão.
O Desenvolvimento Sustentável progredirá na medida do empenho das elites – do coletivo dos Cidadãos por Responsabilidade ou Cidadania – nas sociedades com regimes de governo democráticos, inclusive o exercício de pressões da Cidadania sobre os Poderes Públicos. Fato é que nenhum dos progressos no alcançados no trajeto do Desenvolvimento Sustentável teve origem nos Parlamentos ou Congressos. Mesmo a referência de mudança de matriz energética e do abandono da geração nuclear na Alemanha são atendimentos políticos a reivindicações sociais, que acabaram se impondo a resistências de interesses econômicos. E foram bem sucedidos.
É impossível prever a velocidade com que tais exemplos pioneiros serão adotados por outras sociedades. Nos Estados Unidos ainda enfrentam a oposição dos interesses das empresas relacionadas ao carvão e ao petróleo. Mas, tendo uma economia de mercado, as tecnologias “verdes”, que alcançaram a competitividade, acabarão se impondo por interesse da cidadania investidora. A China ainda se empenha pela redenção econômica de uma imensa população pobre, mas é também líder no investimento em instalações de geração eólica e solar, tanto fotovoltaica como para aquecimento e na expansão de ferrovias. No espaço global hoje os investimentos em energias de fontes renováveis superam os investimentos para aproveitamento de fontes fósseis.
Esta cena permite, em princípio, um otimismo cauteloso sobre a continuação dos progressos no Desenvolvimento Sustentável com uma velocidade adequada. Os resultados da próxima COP 21, que acontecera em dezembro de 2015, fornecerão uma base para avaliações atualizadas. Especialmente crítica é a disposição sobre a terminação dos desflorestamentos, medidas pelas quais a Cidadania no Brasil, na África e na Ásia haverá de se empenhar.
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