Ano: 2015

Considerações sobre o Desenvolvimento de uma Cultura na Situação Sustentável – 2015

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Considerações sobre Progressos no Trajeto para uma Cultura na Situação Sustentável em fim de 2015.

Introdução.

Todo desenvolvimento precisa ser monitorado de tempos em tempos para poder ser compreendido.  Assim acontece com projetos e políticas.  O monitoramento se procede com foco nas metas e marcos de uma programação.

Acontece que uma Cultura é uma categoria difusa.  Como ficou definida em “Cultura na Situação Sustentável”, um post no site http://www.hhellmuthsustentabilidade.com/ , a Cultura  consiste das instituições informais que condicionam as percepções, as atitudes e as ações das sociedades.  Então o desenvolvimento de uma cultura não é quantificável.  Apenas é possível verificar mudanças em aspectos, que supostamente estariam presentes numa cultura futura.

Este propósito é ainda mais dificultoso por duas razões:                                                             –  –  Primeiro porque ainda não existe um entendimento, uma visão, do que seria um comportamento na Situação Sustentável.                                                                                          –  Segundo porque uma Situação Sustentável é por definição global, mas os comportamentos ocorrem no âmbito de cada sociedade.  Uma cultura global comum a todas as sociedades há de ser considerada uma utopia.

Todavia é possível descrever algumas mudanças de percepção a respeito de características da Situação Sustentável, como:  Paz, pobreza/ocupação, meio ambiente – energia e biomas -, equilíbrio econômico, democracia, …..

 

Sobre percepções referentes à Paz.

Quando aproxima um fim de ano é comum se estabelece um ambiente de reflexões, retrospectivas e de avaliações.  Celso Lafer expressa uma percepção preocupada e pesarosa.  Admite a dificuldade de identificar uma estrutura no aparente caos global no seu texto “Um olhar sobre o mundo atual”  http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,um-olhar-sobre-o-mundo-atual,10000005329  no O Estado de S.Paulo, de 20.12.2015, pág. A2.

De fato, com a queda do Muro de Berlin desmanchou-se uma ordem aparentemente “simples”, caracterizada pela divisão do mundo político em dois blocos econômicos e ideológicos opostos.  A União Soviética, ditatorial e com economia de planejamento central se desintegrou.  A globalização econômica – da produção -, financeira e jurídica tornou-se mais perceptível.  Em contrapartida, o sucesso político e econômico da reunificação da Alemanha veio a fortalecer a União Europeia – EU – e a Zona do Euro.  Até agora, ambas têm superado as dificuldades de processos de adaptação institucionais.  Constituem hoje um conjunto de nações democráticas entre as quais conflitos armados são inimagináveis, o que constitui uma autêntica inovação social e política.

Apesar de os processos de acomodação não estarem terminados, este “bloco” de países com regimes de governo democráticos exerce uma atração para sociedades no seu entorno.  A Rússia procurou contrapor-se a tendências de novas adesões à UE recorrendo à força militar.  Mas pode-se considerar duvidoso que a oposição a uma “gradiente histórica/social” seja sustentável indefinidamente.

Uma comprovação da atratividade da UE é o fluxo de migrantes à procura de segurança física e econômica, vindos de regiões pobres da África e dos países do Oriente Próximo e Médio conflagrados.  As atitudes populares espontâneas de acolhimento e a disposição à integração ocupacional e educacional por parte de poderes públicos também são elementos inovadores na cena dos relacionamentos internacionais.  Hoje correm o risco de sobrecarregar as capacidades de ajuda.  Ainda que considerações a respeito de consequências desses acontecimentos sejam absolutamente prematuras, a hipótese de um potencial para uma revisão radical de percepções nas sociedades muçulmanas não é absurda.

Da perspectiva de um observador sediado no “mundo ocidental” – Europa e Américas – as percepções dos desenvolvimentos no Oriente ainda são fracas, apesar do noticiário e da comunicação via internet.  Avulta a superação da pobreza de multidões integradas à produção e exercendo concorrência aos produtores “tradicionais”.  Que China e Índia tenham alguma disposição de expor a risco os processos de desenvolvimento sociais em conflitos externos é muito pouco crível.

Não obstante as perspectivas razoavelmente otimistas que transparecem dessas considerações, atualmente uma impressão de caos insolúvel é causada por conflitos armados e barbaridades impetradas em regiões com religião predominante muçulmana.  Pode-se entender que sentimentos de ressentimento por atrasos no desenvolvimento econômico e civilizatório em relação ao “ocidente”, além da falta de perspectivas de superação dos desconfortos por falta de oportunidades de trabalho estejam na base para a motivação à violência.  O “ocidente” está se compondo para reprimir os conflitos, mas ainda não se tem notícia de uma concepção para a superação da irracionalidade numa perspectiva de longo prazo.

Concluindo, é possível afirmar que na cena atual existe uma convergência global para a rejeição à violência.  Uma minoria “inconformada” não poderá alterar este curso.  Quem sabe se metáfora ápice da mensagem do Novo Testamento “perdoai, pois eles não sabem o que fazem” não ajudaria na instalação de um ambiente pacífico, se as próprias igrejas lhe dessem maior atenção.

Percepções referentes a pobreza e ocupação.

A eliminação da pobreza extrema e da fome consta entre as Metas do Milênio, proclamadas pela Organização das Nações Unidas – ONU / PNUD – no ano 2000 com horizonte de realização em 2015.  A ocupação não consta entre as metas explicitadas, mas é considerada nas estatísticas.  O mesmo se observa nas Metas para o Desenvolvimento Sustentável, mais abrangentes, lançadas em 2015, pouco antes da COP 21.  Acontece que a comunidade internacional de experts em desenvolvimento sustentável ainda não trabalha com o conceito de Situação Sustentável, como meta.  [vide Jeffrey D. Sachs “The Age of Sustainable Development “ – 2015]

O número de seres humanos vivendo em pobreza extrema diminuiu no período de 2000 a 2015, e houve progressos significativos no aspecto da saúde.  Mas ainda cerca de 800 a 900 milhões de pessoas vivem na penúria extrema agora (2015).

Na conceituação da Situação Sustentável constam três características da Sustentabilidade Social, consideradas as mais significativas e integradoras de outras:                                         –  Todas as pessoas / famílias se autossustentam através de contribuições de produção, ou seja, de trabalho próprio.                                                                                                                      –  Nível de educação mínimo para uma Ocupação Adequada e exercício da Cidadania na base da pirâmide social.                                                                                                                          –  Está eliminada a miséria como condição social hereditária e existem oportunidades para a ascensão social.                                                                                                                            [Vide Harald Hellmuth “Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável” Tomos I – 2012 e II – 2015]

A Ocupação Adequada é a que proporciona uma Renda Adequada para o financiamento de um conforto eticamente aceitável.                                                                                         Segundo esta conceituação                                                                                                                   –  programas de subsídio ao consumo – vide bolsas no Brasil – aliviam a penúria, mas não são sustentáveis e tendem a perpetuar uma condição de dependência indigente, não compatível com a cidadania.                                                                                                                 –  uma regulação de renda mínima – Renda Adequada – no âmbito global eliminaria condições de trabalho semelhantes à escravidão.                                                                            –  Serviços Sociais Públicos – educação, saúde, aposentadoria, saneamento etc. – estarão presentes, mas exercerão funções complementares.

A Renda Adequada por hora só chega a ser abordada pontualmente, por exemplo, quando se acusam a baixa remuneração de costureiras no Bangla Desh, produtoras de vestuário para marcas de luxo ou roupas de baixo preço em magazines na Europa, a renda de agricultores produtores para exportações na África e na América Latina e condições de dumping de produtos industriais da China.  Argumenta-se então por um “mercado justo”.  Mas trata-se de um problema global da renda nas bases das pirâmides sociais.  Seu equacionamento requer, por um lado, uma mudança da percepção paternalista e filantrópica das lideranças dos países desenvolvidos.  A meta do desenvolvimento social seria a capacidade de exercício da cidadania.  Por outro lado, um entendimento sobre “salários mínimos no âmbito global” induziria desenvolvimentos econômicos nos países mais pobres, pois as rendas adequadas fluiriam para suprir demandas reprimidas.

O problema comporta a questão da existência de oportunidades de trabalho para todos não apenas dos contingentes menos favorecidos, mas também dos integrantes das classes médias em todos os países.  Sintomas das consequências de uma distribuição global das oportunidades de ocupação já são sentidos mesmo nos Estados Unidos.  O desemprego é problema em partes da Europa.  Todavia, os países mais populosos, China e Índia, e também o Brasil e toda América Latina, ainda precisam desenvolver os seus mercados internos e as mudanças de matrizes energéticas juntamente com outras medidas para a contenção do aquecimento global oferecerão ocupações a pobres e menos pobres.

Conclui-se, que para uma aceleração projetada do Desenvolvimento Social Sustentável ainda são necessárias algumas “quebras de paradigmas de percepção”, mas que a realização das características da Situação Social Sustentável num prazo não muito distante é perfeitamente viável de uma forma mais ou menos planejada.

 

Percepções referentes a Meio Ambiente – energia e biomas.

Das características da Situação Ambiental Sustentável [Vide Harald Hellmuth “Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável” Tomos I – 2012 e II – 2015] a estabilidade do clima é a melhor definida por grandezas quantificadas, e,  por isso, passível de ser objeto de Projetos para o Desenvolvimento Sustentável.  Os estudos do IPCC eliminaram as dúvidas sobre o efeito de ações humanas sobre o aquecimento global em 2004, quantificaram concentrações máximas de CO2  na atmosfera e as correspondentes emissões cumulativas e induziram os participantes na COP 21 em Paris a reduzir a meta de aquecimento máximo de 2oC para algo no entorno de 1,5oC.  No entanto os mesmos participantes não se comprometeram a desenvolver Projetos Nacionais para a redução das emissões.  A soma das reduções alcançadas, caso as promessas formuladas nos INDC – Intended Nationally Determined Contributions – forem cumpridas, passa longe de satisfazer mesmo a meta anterior de 2oC.  Qualquer observador ingênuo identifica neste resultado uma atitude esquizofrênica.

Quanto às percepções podem-se identificar progressos, ao menos aparentes.  Entendeu-se que todas as ações ocorreriam em países soberanos.  Por isso seriam voluntárias. Todos os participantes assinaram o documento final, o que não ocorreu em 1992 na Cúpula do Rio.  Teriam assim reconhecidas, finalmente, Responsabilidades Individuais.  Este posicionamento foi festejado pelos participantes e reverberado na mídia como grande sucesso, mesmo que o documento esteja vazio de compromissos por ações e metas mensuráveis.  As INDC serão revistas em 2018 e entrarão em vigor a partir de 2020.

Isto significa que se instalou um prazo de 5 anos sem compromissos para um problema que, reconhecidamente, requer ações urgentes, quer dizer imediatas.

A pior atitude, tanto sob critérios éticos, quanto para os progressos na redução das emissões, foi que Estados Unidos e Brasil apresentaram propostas de redução de emissões baseadas nas emissões ocorridas no ano 2005 e que hoje, 10 anos depois, já estão realizadas.  Trata-se de autêntica fraude não a acusada, nem pelos diplomatas, nem pelas ONGs, em Paris e que passa despercebida pelas cidadanias dos dois países.  No caso do Brasil isto significa que se continuará com Desflorestamentos na ordem de grandeza de 5.000 km2 por ano, equivalentes área de um quadrado com 70 km de lado.

Proclama-se “o fim da era dos combustíveis fósseis”.  De fato a substituição de fontes fósseis de energia na maior extensão – e velocidade – possível é imprescindível para no mínimo equilibrar as emissões com a capacidade de sequestro, estabilizando a concentração de GEE na atmosfera.  Desejável é alcançar um nível de emissões próximo a zero.  Países como Índia e China ainda dependerão de seus recursos de carvão para vencer a pobreza em suas imensas populações.  Todavia a China é hoje o país onde mais se investe em fontes renováveis – solar e eólica.  Grandes projetos de geração fotovoltaica estão sendo desenvolvidos também na Índia.  Servem estes exemplos demonstrar que mudanças de matrizes energéticas fazem parte de Projetos Nacionais para o Desenvolvimento Sustentável.  Compreendem Desenvolvimentos Projetados.  A iniciativa privada atua na realização dos projetos nacionais quando executa projetos e investe em unidades de geração.

Hoje os investimentos em geração baseados em fontes renováveis já superam os investimentos em fontes fósseis.  Os custos de energia de fontes renováveis estão diminuindo por conta do desenvolvimento tecnológico e do ganho de escala – curva de aprendizagem.  A geração distribuída – pelo próprio consumidor, por exemplo, pela instalação de placas fotovoltaicas no telhado de prédios – é uma nova figura no mercado de energia.   Algumas usinas termelétricas muito poluentes estão sendo desativadas.

Além de desenvolver a tecnologia para a geração de energia elétrica com fontes renováveis a iniciativa privada está empenhada no desenvolvimento de acionamentos elétricos e híbridos para veículos.  Trata-se de uma contribuição para o Desenvolvimento Ambiental difuso.  Os governos podem favorecê-lo através de compras, subsídios, modelos fiscais entre outras medidas.

Nenhum investimento requer a terminação da destruição de biomas, como o Desflorestamento, denominado mudança de uso dos solos.  As florestas têm múltiplas funções no contexto da Sustentabilidade Ambiental:  Sequestram CO2, regularizam regimes de ventos, chuvas e fluxos fluviais, abrigam uma biodiversidade e outras.  O desflorestamento no Brasil tem sido predatório, favorecendo apenas agricultores e pecuaristas ambiciosos.  Não contribuiu para a mitigação de pobreza.  Uma Política de Desflorestamento Zero Já poderia ser executada em três anos e reduziria as emissões de GEE do Brasil em cerca de um terço, ou seja, na ordem de grandeza de 500 GtCO2equiv.  Com um intensivo programa de mudança de matriz energética e emprego de biocombustíveis num prazo de dez anos o Brasil poderia contribuir com outra redução equivalente, sem nenhum prejuízo para o desenvolvimento econômico.

Isto significa que o Brasil, em face de suas condições e vocações naturais, é um dos países com maior aptidão de reduzir as emissões globais num prazo muito curto.  Entretanto, como se constatou acima, o Poder Público escamoteia um desenvolvimento neste sentido e as ONGs não chegam a promover uma meta ou visão correspondente.  Consequentemente, a Cidadania permanece mal informada.  Nestas circunstâncias não há hipótese de a Cidadania vir a exigir dos políticos um desempenho correspondente à Responsabilidade do Brasil diante da humanidade pelas condições de vida futuras.  Por enquanto.

 

Sobre percepções referentes a equilíbrio econômico.

Das dimensões da Situação Sustentável – ambiental, social e econômica – à última se dá a menor atenção. [Vide Harald Hellmuth “Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável” Tomos I – 2012 e II – 2015]   Não há ainda um trabalho acadêmico sobre a economia financeira numa Situação Sustentável, quando as dimensões ambiental e social estariam realizadas.  Numa Situação Sustentável a economia de produção seria “verde”, ou seja, “de baixo carbono”, estaria estabelecida no âmbito global a Renda Adequada, estarão respeitados os limites de reprodução de recursos naturais – Footprint < 1 -, o crescimento econômico nas sociedades com “economias saturadas” estaria limitado pelo crescimento nulo do consumo, a poluição ambiental estaria abaixo da capacidade de absorção pela natureza.  Estas são características abordadas ao longo das considerações no site-blog  http://www.hhellmuthsustentabilidade.com/   A falta de manifestação de curiosidade acadêmica pode ser uma consequência da circunstância de faltar uma visão de “Situação Sustentável” como meta, apesar do inflacionamento do uso das palavras “sustentabilidade” e “desenvolvimento sustentável”.

Existe uma preocupação com o equilíbrio econômico manifestado nos trabalhos sobre os ciclos econômicos caracterizados por períodos de crescimento e euforia seguidos de fazes de regressão – depressão.  Nas primeiras ocorrem inflações; nas segundas deflações.  Na regressão ocorre o desemprego com acentuação da diminuição do consumo.  Teme-se a progressão do processo até uma situação de desemprego em massa e miséria.  Por isso as políticas econômicas atuais visam uma moderada inflação – no entorno de 2%aa., tendo abandonado a meta da preservação do poder de compra das moedas.  A experiência da grande depressão e inflação ocorrida em 1919 motiva este posicionamento.  E deu a Keynes a inspiração para a formulação de políticas monetárias anticíclicas.

De fato a aplicação do receituário de Keynes ajudou a dominar desequilíbrios entre oferta e demanda.  Mas políticos procuraram se valer de seus argumentos para expandir benesses sociais para além da capacidade de arrecadação dos Estados, causando déficits orçamentários motivados por consumo superior à produção de bens e serviços.  Acumularam-se dívidas públicas levando alguns países à “falência”.  O exemplo mais noticiado é a Grécia.  A lição do efeito nocivo de déficits públicos acumulados, ou seja, de que é imperiosa a meta do equilíbrio orçamentário, a duras penas está sendo aprendida não só na Grécia, como também na Espanha, em Portugal e na Irlanda, sem esquecer a Itália e a França, onde as restrições de gastos aos valores previstos pela receita fiscal ainda enfrentam resistências.  Evidentemente, o abandono do costume de contrair dívidas para “completar o orçamento” causará uma contração do mercado financeiro, com uma muito saudável redução dos juros.

Outra crise de natureza muito diversa foi desencadeada – em 2008/09 – pela concessão de créditos a tomadores reconhecidamente incapazes de saldá-los nos Estados Unidos.  Tais créditos viciados – “podres” – foram depois repassados através de manobras fraudulentas.  Instituições de crédito, sequiosas em exibir resultados geradores de premiações exuberantes aos executivos endividaram-se além das proporções recomendadas pela experiência de gestão de riscos.  Esta estrutura virtual de créditos “contaminados” e dívidas financeiras ruiu, causando uma interrupção dos fluxos de crédito, paradas de produção e desemprego.  Os bancos acabaram sendo resgatados com recursos públicos.  Recursos públicos também foram injetados em economias para incentivar o consumo e recuperar os empregos.  Os atores/autores de um processo criminoso e perverso causador de danos à população não foram chamados a juízo.  Mas se aprendeu que “as boas práticas recomendadas” precisam ser observadas.

Estamos diante da formação de duas instituições informais que deverão prevalecer no ambiente da economia globalizada a fim de manter o equilíbrio econômico nas sociedades:  A atitude de prevenção contra desequilíbrios fiscais e a necessidade da observação de “boas práticas consagradas” nos negócios particulares e públicos.  Mas falta a formação de uma consciência (instituição informal) – e sua inclusão nos compêndios – que a “economia financeira” existe para servir à “economia de produção”, e não para simplesmente fazer “dinheiro gerar dinheiro”.  As empresas financeiras estão assemelhadas a instituições públicas, pela influência que têm sobre o bem-estar geral.

 

Sobre percepções referentes à Democracia (ao “good governance”)

Evidentemente todas as percepções focadas a características da Situação Sustentável precisam evoluir simultaneamente, embora forçosamente abordadas em separado.  [Vide Harald Hellmuth “Como acelerar o Desenvolvimento Sustentável” Tomos I – 2012 e II – 2015]  Todavia as características referentes à Política e à Política Econômica na Situação Sustentável estão tão imbricadas que as percepções só podem ser abordadas em conjunto.  Assim é porque o agente é o Cidadão por Responsabilidade, diretamente.  Estes constituem uma elite, a Cidadania, que existirá mesmo quando a Situação Social Sustentável estiver estabelecida.  É este contingente que reclama os “Princípios da Boa Governança” apresentados por Jeffrey Sachs [vide Jeffrey D. Sachs “The Age of Sustainable Development“ – 2015], como se verá a seguir, os instalará progressivamente e zelará por sua preservação.

A Boa Governança se aplica às organizações e aos Estados.  Peter Drucker em “Post-capitalist Society” chega a formular que as organizações serão responsáveis pelo Estado, pois não haveria outra instância para esta tarefa na Sociedade das Organizações, que é a Sociedade do Conhecimento.  Não se discutirá se apenas Educated Persons atuantes para organizações poderão ser Cidadãos por Responsabilidade.

Estes, sem dúvida, abraçarão a causa do Desenvolvimento Sustentável por compreensão da Responsabilidade pelo engajamento pelo bem-estar de gerações futuras no âmbito planetário. Os políticos não deverão rejeitar responsabilidades que transcendam os interesses de curto prazo de seus eleitores.  Esta percepção ainda não está estabelecida, como mostram considerações anteriores.  As tratativas na COP 21 são exemplos contundentes.  Todavia as experiências veem demonstrando que  práticas favoráveis ao Desenvolvimento Ambiental Sustentável e ao Desenvolvimento Social Sustentável têm resultados econômicos positivos, surpreendentes, de forma que resistências de interesses estabelecidos tenderão a se desgastar.

Para a própria realização individual os Cidadãos por Responsabilidade exigirão das organizações, estados e governos “accountability” – prestação de contas,  “transparency” – uma condição para a aceitação das contas, inexistência de segredos e “participation” – participação na tomada de decisões.  Tais atitudes correspondem ao desejo de liberdade, de poder influenciar nas questões referentes ao próprio destino.  Este desejo  é universal, é inerente ao ser humano, e, no longo prazo, levará a algumas consequências:                           –  repúdio à corrupção.                                                                                                                           –  predominarão as sociedades com ordenamentos políticos democráticos.                               –  os ordenamentos econômicos predominantes serão modelos de regime de mercado.

O termo “democracia” com alguma freqüência é utilizado de forma sofista.  A realização de eleições, mesmo com emprego de recursos de fraude, é utilizada serve para se auto-declarar “democráticos” governos com características autoritárias e repressoras.  De uma forma geral, pode-se afirmar que as sociedades ainda precisam aprender que as democracias só funcionam verdadeiramente quando uma Cidadania vigilante, controladora, crítica e ativa estiver mobilizada para impor continuadamente as características acima citadas.   Os representantes eleitos precisam sentir os controles.

 

Conclusões sobre o estado do desenvolvimento de uma Cultura na Situação Sustentável em fim de 2015.

Situação Sustentável não é (ainda?) um conceito presente nas abordagens da Sustentabilidade, nem do Desenvolvimento Sustentável.  Esta observação não deixa de ser curiosa, pois se aborda desenvolvimento sem uma visão de objetivo, de cenário, como se diria tratando de estratégias ou projetos.  Tratar-se-ia de uma explicação por não existirem Políticas e Projetos para o Desenvolvimento Sustentável, quer nacionais, quer regionais.  Em consequência o progresso no trajeto do Desenvolvimento Sustentável é mais lento do que é desejável, ou mesmo do que é necessário.  E os intelectuais acadêmicos não debatem uma Cultura na Situação Sustentável.

Outra consequência da lacuna conceitual é a articulação falha do conceito de Responsabilidade nas tratativas de problemas bem entendidos como o das Mudanças Climáticas causadas pelas emissões de CO2 e de outros GEE.  Via de regra as discussões focalizam problemas específicos, desconsiderando o imbricamento das dimensões social, ambiental e econômica admitidas na sustentabilidade ao menos desde a Conferência Rio 92.  Os resultados da COP 21 de 2015 espelham esta abstração.  E não existem ainda trabalhos que se ocupem de uma Economia na Situação Sustentável.

Então o desenvolvimento de uma Cultura na Situação Sustentável só pode estar numa fase incipiente.  Haverá de progredir na medida em que os aspectos ainda tratados de forma insatisfatória, ou mesmo ainda ignorados, forem trabalhados.

Não obstante é possível identificar alguns vetores de desenvolvimento convergindo.  O nível de informação e conhecimento tem aumentado.  Os efeitos combinados do noticiário televisivo e da comunicação via internet – telefone celular – não podem ainda ser avaliados.  É possível que mobilizações de cidadãos passem a pressionar com maior insistência os Poderes Públicos nas causas da Sustentabilidade.

A utilização das tecnologias já existentes para a geração de energia e as “forças dos mercados” contribuirão para a aproximação de “economias verdes” à revelia das reticências de políticos.

Guerras por expansão territorial parecem pertencer ao passado.  A violência encontra crescente repúdio na opinião pública, que também se globaliza.  A pobreza extrema será eliminada num futuro não distante, embora o sentimento de solidariedade entre povos não tenha evoluído.  Um evento, que poderá resultar num progresso nessas percepções é a acomodação na Europa dos refugiados do caos no Oriente Médio.

Desnvolvimento Social Sustentável – IDH – Ocupação/trabalho

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Desenvolvimento Social Sustentável – IDH – Ocupação/trabalho.

Desde a formulação da Situação Sustentável, a característica central da Situação Social Sustentável é a “sustentação de todas as famílias pela renda do próprio trabalho com renda que propicie, no mínimo, um conforto eticamente aceitável”.  Todavia, nas Metas do Milênio da ONU – PNUD -, com prazo até 2015, não constou a ocupação.

Não poderia, então, haver melhor notícia que “O tema central do relatório (do IDH) neste ano – 2015 – é “O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano””.  [OESP, 14.12.2015, pág. A14 – Brasil fica em 75o. no ranking de IDH, atrás do Sri Lanka]  Seguem as seguintes constatações:                                                                                                                      – no mundo inteiro há 168 milhões de crianças em situação de trabalho infantil,                      –                                          21 milhões de pessoas submetidas a trabalho escravo, e                      –                                         30 milhões de empregados em setores que oferecem risco.

Mais de                          830 milhões são trabalhadores pobres e vivem com menos de US$ por dia.

Mais de                          204 milhões estão desempregados; os jovens são 36% desse total.

Ainda assim, nos últimos 25 anos, 2 bilhões de pessoas deixaram os baixos níveis de desenvolvimento.

O IDH do Brasil está em 0,755, com pequeno aumento em relação 2013 com 0,752.             O programa do Bolsa Família é louvado como recurso para pessoa deixarem de viver na pobreza extrema.  Obras na construção de infraestrutura física poderiam oferecer renda para trabalhadores pouco qualificados.  Trata-se de uma confirmação do que é sabido.  Mas não se mencionam oportunidades de trabalho em projetos de reflorestamento e de recuperação de bacias hidrográficas.

 

“Acordo” na COP 21

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Sobre o “acordo” na COP 21:
Festejado como um sucesso pelos órgãos oficiais e sob protestos de ONGS. É uma obra prima de documento diplomático, que não exige nada a nenhuma porte. A soberania das partes não permite tanto. A postulação mais importante é a redução para 1,5 graus centigrados a meta do aquecimento máximo. Mas não se especificam as medidas necessárias. Os INPCs levariam a um aquecimento catastrófico de 3 gaus C., como foi publicado no OESP de 12.12 na pág A22. A revisão das metas é um passo na direção certa. O Brasil conseguiu escamotear o tema da terminação dos desflorestamentos, embora esta seja a medida mais eficiente, de custo próximo a ZERO e de efeito imediato para a redução das emissões de GEE. Não houve coragem civil para denunciar esta manipulação, nem na mídia, nem pelas ONGs ambientalistas. Que arquem com as consequentes perdas de credibilidade.

Dificuldades reais da redução das emissões de GEE.

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Razões porque são difíceis melhores progressos nos entendimento sobre as reduções das emissões de GEE, embora sejam cruciais para a vida da humanidade:
1. Não há entendimento sobre o termo Responsabilidade. Responsabilidade é entendimento e desempenho de dívida, de dever. No caso é pelas condições de Vida na Terra. Responsabilidade não transferível e muito menos negociável. O desempenho é voluntário e unilateral. Trata-se de uma Atitude.
2. Como as nações são soberanas, além das condições conceituais existem as práticas, para que não haja “tratados com condições legais impositivas ou vinculantes”.
3. É totalmente fora de foco uma afirmação como “os países desenvolvidos querem que a gente pague a conta do clima junto com eles” de uma Ministra do Meio Ambiente. Ela deveria ser demitida. Talvez aja por conta da bancada ruralista.
4. São desonestas propostas de INDC que prometem reduções com base a datas passadas, como a do Brasil. Na realidade não se compromete esforço algum.
5. Segundo o INDC do Brasil está-se oficializando e transformando em Lei a continuação de desflorestamento na razão de 5.000 km2 – 70km * 70 km – por ano, com anuência das ONGs ambientalistas.
6. Não há esforço pelo entendimento de medidas para que as emissões sejam reduzidas o mais rápido possível. (vide pág. A23 do OESP em 11.12.2015)
7. As sociedades são mal informadas. Comprometimentos se prestam mal a mobilizações e pressões sobre os governos.
8. O Brasil é o país que poderia fazer uma contribuição importante para as reduções de emissões de GEE e realizar simultaneamente um desenvolvimento social e econômico. Produziria um exemplo, um benchmark. Mas para tanto haveria de realizar uma ruptura e um salto cultural.
9. A pressão por auxílios financeiros sem a apresentação de projetos em que seriam aplicados corresponde a uma atitude subdesenvolvida. As mudanças de matrizes energéticas e o suprimento de energia aos contingentes pobres podem ser realizadas pela iniciativa privada, com subsídios oficiais. É curioso que não se obtém noticias dessa abordagem pela mídia.

A fraude das INDC do Brasil na COP 21

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Fraude das INDC do Brasil:  Crime contra a humanidade.

De repente entendi que se trata de crime contra a humanidade: Verificando o significado do “compromisso” do Brasil de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE – na COP 21: (valores constantes no Google considerados aproximados)
Emissões em 2005 > 2.500 GtCO2equiv.
Emissões em 2014 > 1.500 GtCO2equiv.  corresponde a uma redução de aprox. 40% por diminuição de desmatamento.
Desmatamento atual > 5.000 km2 por ano ou 70km x 70km
Proposta INDC: R
edução em 37% relativos às emissões de 2005 até 2025.                                                                                           2.500 * (1-0,37) = 1.575 GtCO2equiv.                                         e                          Redução em 43% relativos às emissões de 2005 até 2030.                                                                                            2.500 * (1-0,43) = 1425 GtCO2equiv.                                     Significa que não se reduzirão as emissões – e os desmatamentos – a partir de hoje até 2025 e 2030!!!!!  Quem são os beneficiários da destruição?

O que deveria ser compromissado são ações futuras:
Desflorestamento zero já – em 3 a 5 anos – significando                                                                       emissões de 1.000 GtCO2equiv. em no máximo 2020
energia limpa na geração em 10 anos – significando                                                                              emissões de     500 GtCO2equiv. em 2025
outros esforços – ex. na pecuária e na agricultura – para                                                                  emissões próximas a 0 GtCO2equiv. em 2030
Estas metas são possíveis com crescimento do PIB e redução da pobreza. Por isso representam a Responsabilidade do Brasil pelas condições de vida no planeta Terra.     Então a fraude cometida pelo governo é mais que culposa por omissão. É crime contra a humanidade com efeito remoto.

É inacreditável que ninguém acuse esta fraude ardilosamente arquitetada.  O cidadão comum não tem como perceber.  Mas às ONGs ambientalistas, que reunidas no Observatório do Clima até ajudaram a urdi-la, perdem toda a credibilidade nas articulações de Desflorestamento Zero Já.

Da importância das elites para o Desenvolvimento Sustententável Parte II

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Da importância das elites para o Desenvolvimento Sustentável  Parte II

Condicionamento inédito do movimento ambientalista.

Como foram difusos os desenvolvimentos sociais também não tiveram metas mensuráveis e monitoradas.  Somente o movimento ambientalista veio a ter foco numa Responsabilidade:  A Responsabilidade pelas condições de sobrevivência da humanidade.  Trata-se de uma condição histórica inédita.  Por isso referências a paradigmas de atuação históricos calcados em “interesses particulares percebidos” são insustentáveis:  Requerem-se rupturas de paradigmas.  As características da Situação Sustentável a ser alcançada conjuntamente pelas nações são mensuráveis e os esforços desempenhados por cada parte são qualificáveis.  Todas as sociedades são partícipes obrigatórios.  As que se empenharem para o bem futuro aquém de suas possibilidades serão julgadas “vilãs”.

 

Influência das elites no Desenvolvimento Sustentável – global.

Desde que começaram a se mobilizar por causas do Desenvolvimento Sustentável na segunda metade do século XX e particularmente a partir dos anos 1990 as elites lograram alguns progressos significativos e continuam progredindo na superação de resistências.  Mas prevalecem dúvidas, para não dizer temores angustiantes, sobre a velocidade suficiente dos avanços no Desenvolvimento Sustentável para prevenir a ocorrência de catástrofes para a humanidade.

–  Progressos alcançados e em andamento:                                                                               Estabelecimento de esforços por ações globais:  Conferência Rio 92 e seguintes como as            COP                                                                                                                                                    Primeiros entendimentos:  Protocolo de Montreal e Protocolo de Kyoto.                                    Novos conceitos e monitoramentos:  Footprint (1995) , INDC (2015) pelo PNUMA /                 ONU                                                                                                                                                    Reconhecimento de limites necessários para a concentração de GEE na atmosfera                     resultante de trabalhos do IPCC  (2004)                                                                                      Desenvolvimento da geração eólica e solar e de acionamentos elétricos                                      Estabelecimento de Metas do Milênio – de 2000 a 2015 – e monitoramento  de IDH               pelo PNUD / ONU                                                                                                                            Estabelecimento de Metas para o Desenvolvimento Sustentável (2015)  pelo PNUMA /          ONU                                                                                                                                                      Início de mudanças nas matrizes energéticas – descarbonização.                                                Redução da pobreza, particularmente na China  (regime autoritário, industrialização e            urbanização)                                                                                                                                       Novas abordagens de economia na base da pirâmide social:  Produtos mais adequados,            minicrédito…                                                                                                                                       Novas instituições:  Ministérios de Meio Ambiente, Legislações Ambientais.                             Conscientização das populações:  Disposição seletiva, redução de consumo de água e de           energia, aumento da eficiência energética.                                                                                     Conscientização:  Extensa literatura científica, educacional e popular,  programações na           mídia e na internet.                                                                                                                           Conscientização:  Inclusão da “Educação Ambiental” nos currículos.                                           Conscientização:  Empenhos voluntários por Organizações Não Governamentais – ONG       Conscientização:  Reconhecimento do conceito de Responsabilidade Social das Empresas

 

–  Ações / Progressos pendentes:                                                                                                      Aumento da velocidade da redução das emissões de GEE.                                                            Superação da miséria com                                                                                                                       ocupação e remuneração adequada nas bases das pirâmides sociais                                      Finalização dos desflorestamentos                                                                                                    Reflorestamentos e recuperação de mananciais                                                                              Finalização da poluição da águas                                                                                                        Preservação da biodiversidade:  Terminação da sobrepesca                                                        Conscientização:  Redução dos desperdícios, particularmente de alimentos                              Conscientização:  Adoção do conceito de Situação Sustentável.                                                    Conscientização:  Divulgação do conceito de Desenvolvimento Sustentável                                Formulação e execução de Projetos de Desenvolvimento Sustentável.                                        Conceituação de Economia na Situação Sustentável.                                                                      Pressão da Cidadania Global pela Paz.                                                                                             Formação de uma Cultura de Responsabilidade:  Desempenho de Responsabilidade é                voluntário, unilateral, incondicional, não remunerável nem negociável.

 

Premissa para o exercício de influência política na sociedade pela Cidadania.

Um dos lugares comuns vinculados à cidadania é “a cidadania silenciosa”.  Esta figura expressa que enquanto as circunstâncias forem razoavelmente suportáveis as populações costumam se manter inertes, omissas.  O cidadão está ocupado com o seu sustento, em ‘ganhar a vida’.  As atuações dos políticos lhe parecem distantes, ou seja, não serem influenciáveis.  Poucos frequentam organizações políticas ou participam de ações voluntárias em benefício de alguma comunidade.

É preciso que sobrevenham ameaças às condições de vida, por exemplo, desemprego, ou ocorrências causadoras de indignação para provocar manifestações.  Este é o comportamento tradicional das massas.

Ocorre que o alheamento da população facilita regimes autoritários e aumenta o risco de enriquecimento indevido – corrupção –, também nas democracias.  A condição da manutenção de democracias é a vigilância atenta e crítica dos contingentes mais esclarecidos da sociedade, das elites.  A compreensão da importância do bem-comum e o interesse por intervir em seu favor resultam da Percepção da Responsabilidade por condições sociais que não se estabelecem e se mantêm automaticamente.  Tal consciência e disposição caracterizam as elites, os Cidadãos por Responsabilidade.

Alguns abraçam causas específicas a exemplo de educação, saúde, direitos ou meio ambiente e fundam Organizações Não Governamentais – ONGs – a fim de contribuir para a mitigação de problemas.  ONGs conseguem influenciar políticas públicas.  A Lei da Floresta Atlântica é um sucesso da ONG SOS Mata Atlântica.

Todavia é praticamente impossível mesmo para o cidadão mais preparado e interessado manter-se informado sobre a imensa quantidade de problemas na situação atual, que se encontra em constante mutação.  Isto significa que o seu acesso às informações relevantes precisa ser racionalizado pela atuação de profissionais de informação e de especialistas nas matérias.  Trata-se da missão da mídia, da imprensa.  Ainda há muito espaço de aperfeiçoamento na autocompreensão dos profissionais da mídia para que ações truculentas do governo pela execução de projetos economicamente inviáveis e ambiental e socialmente inviáveis, como a usina de Monte Alegre, sejam barradas pela manifestação dos cidadãos e no congresso.

 

Omissões de elites.

A história demonstra que omissões das elites podem ter conseqüências desastrosas.  A Primeira Guerra Mundial resultou de percepções e atitudes de governos autoritários.  Tais percepções eram retrógradas no sentido de extrapolarem experiências históricas sem considerar, ou considerar de forma equivocada, os desenvolvimentos tecnológicos.  A comunicação ainda era lenta; não havia rádio.  É verdade que não havia referência histórica de participação cidadã nas decisões políticas.

Mesmo tendo vivenciado resultados catastróficas as elites burguesas e religiosas cristãs não se uniram aos “proletários” para impedir uma nova conflagração, que de forma previsível causaria milhões de vítimas.

A Terceira Guerra Mundial foi “fria” apenas porque as armas nucleares teriam destruído a humanidade.

Ainda está por ocorrer uma quebra de paradigmas culturais para a acomodação das necessidades físicas e espirituais / ideais da humanidade sem o recurso a armas.  Ainda está por ser configurada uma política fundamentada em valores, em particular no valor VIDA.

 

Necessidade de uma Política Global de Desenvolvimento Sustentável.

Além da ameaça de extinção por armas nucleares, hoje a humanidade enfrenta a ameaça da destruição pela poluição do meio ambiente, em particular pelas Mudanças Climáticas causadas por emissões de GEE.  Ambas as ameaças são produzidas por uma parte da humanidade.

Hoje não só as elites nacionais, mas virtualmente todos os cidadãos, estão integrados através de tecnologias de comunicação instantânea.  Esta circunstância haverá de viabilizar a convergência sobre interesses vitais comuns de Paz, de Meio Ambiente e de conforto em geral das Cidadanias.  A Responsabilidade como base de entendimento é universalmente aceitada e irrefutável.

Entendimentos fundamentados na Responsabilidade pelo bem-estar das sociedades serão pautados por valores.

Visões políticas retrógradas ainda persistem em países com regimes de governo autoritários e concepções geopolíticas superadas:  Rússia e China.  E em sociedades que não participaram dos desenvolvimentos na cultura ocidental ainda continuam conflitos de natureza religiosa e pretensões de domínio espiritual sobre populações.

Há de se ter – as elites hão de ter – a expectativa, e a esperança, de que com a continuação dos entendimentos sobre as questões ambientais venha a ocorrer também uma superação de atitudes fundamentas em preconceitos e supostos interesses ou receios inconsistentes.  Então as questões sociais e econômicas do Desenvolvimento Sustentável, que estão imbricadas com as questões ambientais, poderão ser solucionadas com maior facilidade.

 

Conclusão.

O Desenvolvimento Sustentável progredirá na medida do empenho das elites – do coletivo dos Cidadãos por Responsabilidade ou Cidadania – nas sociedades com regimes de governo democráticos, inclusive o exercício de pressões da Cidadania sobre os Poderes Públicos.  Fato é que nenhum dos progressos no alcançados no trajeto do Desenvolvimento Sustentável teve origem nos Parlamentos ou Congressos.  Mesmo a referência de mudança de matriz energética e do abandono da geração nuclear na Alemanha são atendimentos políticos a reivindicações sociais, que acabaram se impondo a resistências de interesses econômicos.  E foram bem sucedidos.

É impossível prever a velocidade com que tais exemplos pioneiros serão adotados por outras sociedades.  Nos Estados Unidos ainda enfrentam a oposição dos interesses das empresas relacionadas ao carvão e ao petróleo.  Mas, tendo uma economia de mercado, as tecnologias “verdes”, que alcançaram a competitividade, acabarão se impondo por interesse da cidadania investidora.  A China ainda se empenha pela redenção econômica de uma imensa população pobre, mas é também líder no investimento em instalações de geração eólica e solar, tanto fotovoltaica como para aquecimento e na expansão de ferrovias.  No espaço global hoje os investimentos em energias de fontes renováveis superam os investimentos para aproveitamento de fontes fósseis.

Esta cena permite, em princípio, um otimismo cauteloso sobre a continuação dos progressos no Desenvolvimento Sustentável com uma velocidade adequada.  Os resultados da próxima COP 21, que acontecera em dezembro de 2015, fornecerão uma base para avaliações atualizadas.  Especialmente crítica é a disposição sobre a terminação dos desflorestamentos, medidas pelas quais a Cidadania no Brasil, na África e na Ásia haverá de se empenhar.

Da importância das elites para o Desenvolvimento Sustententável Parte I

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Da Importância de elites para o Desenvolvimento Sustentável.  Parte I

 

O que são elites?

Definição de léxico:

1.  Grupo privilegiado, minoritário, composto por aqueles que são vistos por alguns como superiores por possuírem algum poder econômico e/ou domínio social;

2.  Referente ao que existe de melhor numa comunidade, sociedade ou grupo. (Etm. do francês: élite)

Percepções populares:

A identificação de elites pelas populações é difusa e freqüentemente acompanhada de sentimentos de admiração, de inveja e de recalques.  Manifestam-se em expressões como “os de cima” e “os poderosos”.

Subsistem ainda percepções “nostálgicas” vinculadas à nobreza e ao clero.  Estão associadas expectativas de                                                                                                                         cultivo de valores e empenho por valores e de                                                               excelência de atitudes e de desempenho.

 

Exemplos individuais.

A percepção de elites é vinculada a exemplos de discernimento e desempenhos comportamentais de referência.  Exemplos históricos são                                                                                                    Leônidas                                                                                                                                                Sócrates                                                                                                                                                  Martin Luther                                                                                                                                      Cristóvão Colombo                                                                                                                                Thomas Morus, Erasmo de Roterdam, René Descartes                                                                Founding Fathers                                                                                                                                Abraham Lincoln                                                                                                                                  Winston Churchill                                                                                                                                Mahatma Gandhi                                                                                                                                  Martin Luther King

Com exceção dos heróis espartanos e dos Founding Fathers estes personagens históricos não atuaram como grupos.  São referências individuais de excelência.

Elite como contingente da sociedade.

Elites são caracterizadas pela capacidade de perceber e interpretar problemas e de formular e encaminhar soluções.  Neste contexto situam-se gestores de recursos, principalmente se vultosos.  Empresários como Thomas Edison, Siemens, Bill Gates, Watson, Henry Ford são bastante lembrados entre muitos outros.  A idéia de elite é associada a destaques de conhecimento, realização científica e artística, inclusive literária e conceitual.  E aos que abraçam causas públicas como a Dra. Alzira Arns a mortalidade infantil.

 

Influência potencial das elites na Política Nacional

Numa sociedade com regime de governo autoritário o poder é desempenhado por um tipo imposto de elite.  Ela não aceita concorrência; é suportada.  Nos casos mais favoráveis são ditaduras esclarecidas.

Numa sociedade com regime de governo democrático a identificação, a interpretação de interesses e o estabelecimento de objetivos cabe a representações eleitas.  Estas representações assumem a condição de elite.  Segundo os Fundamentos Doutrinários da Escola Superior de Guerra “elites são conjuntos de pessoas que, seja no Governo, seja nos diferentes segmentos da sociedade nacional, exercitam papéis de condução ou representação das necessidades, dos interesses e das aspirações coletivas”.  “Pode-se afirmar que a qualidade da ‘Representação Política’ depende da qualidade das elites e das lideranças políticas”.  Os objetivos da política nacional são definidos através de processos produzidos pelas elites.

Elites existem em todos os setores da sociedade, executando suas diferentes funções:

Primeiro Setor Governo:  Elite que decide sobre rumos

Primeiro Setor Estado:     Elite que administra o bem-estar público.

Lideranças do Segundo Setor:  Empresários, elite que organiza e executa a gestão da produção de mercadorias e serviços.

Agentes na mídia:        Elite que produz informação e avaliações para os cidadãos.  Formadores / articuladores de opinião pública.

Lideranças do Terceiro Setor:  Elite que abraça causas.

A Democracia funciona bottom-up com base nos contingentes qualificados da sociedade, das elites.  Resulta daí uma capacidade de adaptação a novas circunstâncias.  Exemplos marcantes de inovação política são a formação da União Européia e da Zona do Euro e a pacificação na região da ex-Jugoslávia.  Foram produzidos por “políticos” e aprovados pelas sociedades.  Ainda evoluem superando sucessivamente problemas que aparecem.

Pode-se resumir que:

–  Elites têm potencial de influenciar comportamentos em geral e políticas públicas.

–  Elites não exercem automaticamente liderança.  Mas é o que o cidadão comum espera delas.

–  O Poder Político deveria ser exercido por pessoas com qualidades de elite.  Mas pode chegar a ser exercido por contingentes que não apresentam características de elite:  Hitler, Mussolini, outras tiranias, PT.  Seriam “Elites nefastas” pelo fato de exercerem poder

–  Por este motivo é imperativo que as elites tenham percepção de riscos e a competência de ação para impedir que se concretizem.  Então caberia às elites enfrentar os riscos que ameaçam a sociedade nacional ou a humanidade.  A disposição de elementos das elites para o desempenho de Responsabilidades é decisiva para os desenvolvimentos nacionais e globais.

–  Resulta do desempenho das elites o desenvolvimento da Cultura Política das sociedades, que corresponde ao alargamento da Cidadania.

 

Exemplos de desenvolvimentos históricos atribuíveis a elites.

A civilização ocidental evoluiu atravessando fazes sucessivas.  Existe um consenso em destacar a partir da Idade Média                                                                                                                                             Renascimento                                                                                                                                       Iluminismo                                                                                                                                             Revolução industrial e suas instituições econômicas –                                                                     empreendimentos, formas de financiamento, legislação –                                                             e instituições de proteção social – seguros sociais.                                                                        Regime Democrático representativo resultante de                                                                          impulso de auto-afirmação da burguesia.                                                                                      Globalização da produção, dos fluxos financeiros de                                                                          investimentos e especulativos, da informação instantânea                                                            – internet –                                                                                                                                        Movimento Ambientalista em espaço global, promovido                                                                por ONGs nacionais e internacionais dando início a um                                                                  Movimento de Desenvolvimento Sustentável.

Tais desenvolvimentos foram espontâneos, sem lideranças e sem coordenação.  Todos se produziram no âmbito da “cultura ocidental”.  Embora personalidades destacadas os tenham impulsionado, os desenvolvimentos são anônimos.  São evoluções de circunstâncias de vida das sociedades / povos.  Grosso modo poderiam ser descritos por ícones, como sugeriu Peter Drucker em “Pos-capitalist Society”:  Teriam sucedido ao cavalheiro nobre da Idade Média a partir do Renascimento com presença crescente o burguês empreendedor e hoje o Knowledge Worker, o trabalhador do conhecimento.  Evoluíram o conhecimento e a especialização, a possibilidade e a necessidade de comunicação e de colaboração.  As decisões de poderes centrais passaram a depender progressivamente da sustentação por comunidades.  Assim o Knowledge Worker se aperfeiçoa a Educated Person nas empresas.  E a sociedade de forma crescente requer a atuação da Cidadania, dos contingentes dos Cidadãos por Responsabilidade.  Os Cidadãos por Responsabilidade abraçam as causas ambientais, sociais e econômicas do Desenvolvimento Sustentável.  Por conseqüência convertem-se em novas elites.

O movimento ambientalista implica na solidariedade social e nas condições de comportamento na economia.  Nascem então os conceitos de Sustentabilidade, de Desenvolvimento Sustentável e de Situação Sustentável.

Olhar para a Pobreza no Mundo e no Brasil.

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Olhar para a Pobreza no Mundo e no Brasil.

Da extensão da pobreza no Mundo.

Este tema é oportuno no momento em que as atenções se voltam para a Conferência COP 21, que se realizará em Paris em dezembro de 2015.  Lá o assunto central são as emissões de Gases causadores do Efeito Estufa – GEE -, ou seja, as Mudanças Climáticas.  A limitação das Mudanças Climáticas, caracterizadas pelo aquecimento da biosfera é uma meta dramática do Desenvolvimento Sustentável, pois é a grandeza mais sensível das futuras condições de vida na Terra.  Mas não é a única.

Também não pode ser aceita a condição de vida na pobreza de contingentes humanos continuadamente.  E muitas medidas previstas para o restabelecimento do equilíbrio climático serviriam também para a mitigação pelo menos da pobreza extrema, caracterizada por fome, falta de abrigo, doenças, alta mortalidade infantil, alta mortalidade no parto, ignorância, falta de expectativa de melhora das condições de conforto.

As grandezas estatísticas da pobreza são amplamente divulgadas na literatura e na imprensa.  O artigo de Washington Novaes no O Estado de S.Paulo de 23.10.2015 é um exemplo. (

http://www.opiniao.estadao..com.br/noticias/geral/olhar-a-pobreza-do-mundo   )

As estatísticas expressam que a pobreza global diminuiu apesar de um aumento vertiginoso da população.  Mas faltam abordagens consistentes para sanar o problema, seja em muitos espaços nacionais, seja no nível global.  A China é uma exceção.  Ainda há cerca de 900.000 de humanos muito pobres.

 

Pobreza e disciplina da economia.

A pobreza, vista como um problema sobretudo ético, só está resolvida em poucas sociedades.  E não é possível antecipar que uma vez solucionado não ocorra retrocesso.  Em princípio, segundo a compreensão atual, deveria ser a principal missão da disciplina economia promover a realização de condições para o melhor bem-estar comum nas sociedades.  Mas não é isto que os compêndios pregam.  Pregam o aumento da produção e do PIB.  A maior disponibilidade de bens automaticamente eliminaria as carências.  A história demonstra que para as sociedades hoje classificadas como desenvolvidas esta teoria se comprovou.

Hoje esta visão está superada por diversos motivos.  O aumento incontido da produção, sabe-se agora, esbarra em limites naturais e não induz automaticamente a distribuição que previne pobreza.  Os ensinamentos da disciplina da Economia foram desenvolvidos para ambientes nacionais.  Entretanto, a sustentabilidade das condições de vida da humanidade é uma preocupação e responsabilidade global.  A cena mudou, as percepções das circunstâncias mudaram.  Mas não foram ainda formuladas orientações e procedimentos para um Desenvolvimento Econômico Sustentável e para a Economia na Situação Sustentável.

A rigor a atual produção global já é suficiente para eliminar, no mínimo, a pobreza extrema.  Além disso, muita produção de alimentos é desperdiçada ao longo da cadeia do cultivo ao consumo.  Algumas sociedades já chegaram a um nível de consumo que permite classificá-las de saturadas.  O Japão é um exemplo.  Os países escandinavos outro.  Nos países com IDH muito alto, em geral as instituições sociais previnem pobrezas agudas.  Para os Estados Unidos pode se afirmar que uma quebra de paradigmas culturais resolveria a questão.

Todavia a pobreza não se restringe a uma questão de consumo e conforto mínimo.  Para que estas condições sejam estabelecidas de forma sustentável, quer dizer que se reproduzam continuadamente, é preciso que sejam alcançadas sem subvenção ao consumo das famílias capacitadas a trabalho e auto-sustentação.  Esta condição não é propiciada pelas bolsas.

 

Superação da pobreza na base da(s) pirâmide(s) social(is).

Tradicionalmente, procura-se mitigar o sofrimento dos pobres com ações beneficentes, filantrópicas e de atitude paternalista.  Tais ações não libertam os atingidos da condição de pobreza e dependência.  Mas enquanto os contingentes pobres não se livrarem da dependência de subsídios eles não alcançarão a condição de cidadania e de motivação por esforços para progressos na sociedade.

A condição de pobreza hereditária seria superada pela oferta de trabalho remunerado adequadamente.  Levanta-se então a questão pela existência de oportunidades de trabalho para toda a população global.  Como em virtude do aumento da produtividade a agricultura e a indústria oferecem cada vez menos ocupação, à primeira vista se estaria diante de um problema insolúvel:  A distribuição global de um potencial limitado de oportunidades de trabalho.  O equilíbrio entre demanda e oferta de ocupação na Situação Sustentável viria a requerer uma diminuição da população global.

Felizmente, no futuro imediato há muitos investimentos a serem realizados justamente para reduzir as emissões de GEE:  Mudanças das matrizes energéticas com abandono das fontes de energia fósseis poluidoras e exploração das fontes renováveis “limpas” ou “verdes” tanto na geração de energia elétrica como para os acionamentos nos transportes oferecem um grande número de oportunidades, como já se observa na Europa, nos Estados Unidos e na China.  A expansão da geração fotovoltaica promete mudar as condições de vida de contingentes pobres na Índia e na África.  A evolução tecnológica favorece a ocupação nos países desenvolvidos.

 

Desenvolvimento Social Sustentável no Brasil.

Evidentemente estas oportunidades também existem no Brasil e mesmo em condições particularmente favoráveis.  O potencial de energia eólica no Brasil é avaliado equivalente ou superior a toda capacidade de geração hoje instalada de 136 GW só on-shore; a capacidade de geração fotovoltaica alcança o dobro desse valor; a cogeração na indústria sucroalcooleira pode alcançar a capacidade da usina de Itaipu.

Adicionalmente dezenas de milhares de famílias poderiam ser ocupadas em projetos de reflorestamento, cuja urgência se começa a vislumbrar diante da estiagem, que o país enfrenta.  Os desflorestamentos atingiram dimensões que influenciam o regime de chuvas e as temperaturas; as vazões de rios minguaram assustadoramente:  A represa da usina hidrelétrica de Promissão está com 5% de sua capacidade de armazenamento.  A situação do rio São Francisco, mas não só dele, é alarmante.  As vegetações de Floresta Atlântica e de Cerrado nas cabeceiras dos rios precisam ser recuperadas o mais rapidamente possível.  Da mesma forma extensas áreas degradadas na região Amazônica.

Ao lado da imperiosa ação de “Desflorestamento Zero Já” tais projetos de recomposição ambiental deveriam ocupar as primeiras posições nas propostas do Brasil INDC – Intended Nationally Determined Contributions – do Brasil para a COP 21.  Alavancariam a integração ao processo produtivo de numerosos contingentes, que nem constam nas estatísticas de ocupação, e impulsionariam o mercado interno de forma consistente, substituindo o recurso das bolsas.

Tratar-se-ia de Projetos para o Desenvolvimento Sustentável, que ainda não são articulados nas academias e na mídia.  Como no artigo acima referido, os problemas de pobreza, os problemas ambientais e os problemas econômicos costumam ser abordados isoladamente, apesar de se ensinar que a Sustentabilidade tem três dimensões:  A dimensão social, a dimensão ambiental e a dimensão econômica.

Alcançando grandes contingentes de cidadãos e extensas áreas, os Projetos de Desenvolvimento Sustentável precisam ser articulados pelos Poderes Públicos.  A COP 21 é uma oportunidade única para o seu comprometimento com a sociedade brasileira e com a humanidade.  Que a Cidadania pressione em tempo.

Conseqüência do Desmatamento da Floresta Amazônica

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Desmatamento da floresta tropical pode tornar o Sudeste inabitável pela falta de água

A região de maior desenvolvimento econômico da América do Sul seria um imenso deserto sem a floresta amazônica e a cordilheira dos Andes. Esta é a teoria surgida em estudo feito no Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e no Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo, na Rússia.

Os estudos mostram que mais de 60% do transporte de umidade para algumas áreas do planeta é realizado pela ação direta da floresta. Ela seria uma fonte de vapor muito forte, além de promover uma sucção de umidade na atmosfera em suas cercanias. Com isto, a vegetação amazônica acabaria sendo um dos componentes na formação, inclusive, de ventos alísios que sopram de leste para oeste e distribuem a umidade de maneira transcontinental.

Para se ter uma idéia da dimensão desta evaporação no território florestal, o volume diário do rio Amazonas atinge 17 bilhões de toneladas, enquanto a vegetação lança à atmosfera 20 bilhões de toneladas por dia em moléculas de água – algo, inclusive, já cientificamente comprovado ser maior que o índice ocorrido na mesma faixa no oceano Atlântico. Um dia da energia despendida nesta evaporação – que forma as nuvens e auxilia na circulação atmosférica – representa o esforço feito pela Usina de Itaipu, em carga plena, durante 145 anos.

Fonte: http://www.dci.com.br/…/desmatamento-da-floresta-tropical-p…

Foto de Sociologia e Geoinformação.

Antes de COP 21 de 31 a 45

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31.  Postado no Facebook e no Grupo COP 21 em Rede, em 20.10.  Harald Hellmuth   O comportamento na COP 21 será a comprovação da Responsabilidade pelas condições de sobrevivência da humanidade. O desempenho será medido pela contribuição no alcance das possibilidades de cada participante. Para o Brasil isto significa: Finalização dos desflorestamentos no prazo mais curto possível – três anos -, investimento em geração eólica e solar – 30 MW em dez anos -, produção de biocombustíveis e cogeração – 3 MW em 10 anos, aumento da produtividade agrária e pecuária. Em 10 anos as emissões poderão estar reduzidas a menos de 1/3 das emissões de 2011/12. As “pedaladas” precisam ser retiradas dos INDC até agora publicadas por uma questão exercício de Responsabilidade. A elite nacional haverá de se empenhar por tal comportamento. O Brasil é um dos países com a maior facilidade e vocação para reduzir as emissões de GEE.

32.  Impasses na COP 21 – Matéria na pag. A3 de OESP em 10.12.05

Confirma o seguinte pensamento:
“A COP 21 será um fracasso, ou um sucesso aparente? A soma das INDC não é suficiente para manter o aquecimento do clima abaixo de 2 graus centígrados. Alguns países, entre eles o Brasil e os EEUU apresentam INDC fraudulento. [Referem as prometidas reduções de emissões ao ano 2005 e não ao futuro a partir da data atual. Então as reduções já foram realizadas e não haveria progressos – promessas vazias.] Discute-se financiamento sem formular projetos onde seriam aplicados; seriam subsídios não controlados, sem medição de resultados. Volta a se discutir créditos de carbono, que até agora não têm atratividade no mercado financeiro. Não se reconhece porque nem se formula uma a responsabilidade por “melhores esforços possíveis”. Em suma é uma Babilônia de supostas capacidades.
Sem um conceito mais claro do que é Desenvolvimento Sustentável. (videhttp://www.hhellmuthsustentabilidade.com/ )”

O artigo apresenta a COP 21 como uma rixa de “me dá um dinheiro aí” como se isto resolvesse o problema do clima. Enquanto isso a componente Matriz Energética vai progredindo com avanços nos investimentos em fontes renováveis superando os investimentos em energias fósseis. A iniciativa privada atua também nos países menos desenvolvidos. As questões de ocupação e renda, educação e saúde não estão na pauta da COP 21 mas requerem recursos nos países mais pobres.

Com apoio das ONGs reunidas no Observatório do Clima, a diplomacia brasileira pratica uma atitude “esperta”.

33.  De OESP 11. 02.2016 Suprema Corte suspende – por 5 a 4 votos – plano de energia de Obama: De que se reduzam as emissões de CO2 das centrais elétricas em 32% em relação aos níveis de 2005, até 2030. Exerceram a pressão a empresa Virgínia Ocidental, o grande produtor de carvão do país, e o principal produtor de petróleo Texas. 27 estados, a maioria governado pelo Partido Republicano requereram a intervenção.
Não é o fim da disputa nos Estados Unidos e o governo tem outros instrumentos. A geração com energia eólica e energia solar continuarão a progredir a despeito dessas tentativas de obstrução de mudança da Matriz Energética e oferecendo novos empregos. Com preços já competitivos acabarão reduzindo a energia comprada de centrais termelétricas. E a conscientização da sociedade desempenhará a sua parte.

Situação no Brasil:  Abster-se de comentários poderia Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, que em conjunto com os seus colegas das ONGs ambientalistas apoiou a atuação sofista – para não dizer enganosa – do Brasil na COP 21. A proposta do Brasil teve a falta de vergonha de propor “zero de mudanças – na voz de Izabel Teixeira “business as usual” para o Brasil nos próximos 5 anos. Poderão continuar a ser desmatados mais de 5.000 km2 – uma área de 70km * 70 km – com proteção legal. Os beneficiários serão exclusivamente os representados pela bancada ruralista…..componentes da bancada ruralista. Carlos Rittl e seus colegas estão recebendo por darem apoio e ajudarem a roubar o país, enganar a opinião pública, contribuir com desinformação, sustar o Desenvolvimento Sustentável\/

34.  “País entra em nova fase de desenvolvimento”  (07.03.2016)

[http://noticias.ambiente.brasil.com.br/…/123658-pais-entra-…….. ]
A afirmação da ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira é a continuação desfaçada de uma farsa. É fácil de identificar porque: Não explicita a base de referência para as reduções da emissões . Omite o desflorestamento; portanto não estabelece prazo para a terminação. O pior de tudo é a participação das ONGs ambientalistas através do Observatório do Clima. É, no mínimo, constrangedor.

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33. Razões porque são difíceis melhores progressos nos entendimento sobre as reduções das emissões de GEE, embora sejam cruciais para a vida da humanidade:
1. Não há entendimento sobre o termo Responsabilidade. Responsabilidade é entendimento e desempenho de dívida, de dever. No caso é pelas condições de Vida na Terra. Responsabilidade não transferível e muito menos negociável. O desempenho é voluntário e unilateral. Trata-se de uma Atitude.
2. Como as nações são soberanas, além das condições conceituais existem as práticas, para que não haja “tratados com condições legais impositivas ou vinculantes”.
3. É totalmente fora de foco uma afirmação como “os países desenvolvidos querem que a gente pague a conta do clima junto com eles” de uma Ministra do Meio Ambiente. Ela deveria ser demitida. Talvez aja por conta da bancada ruralista.
4. São desonestas propostas de INDC que prometem reduções com base a datas passadas, como a do Brasil. Na realidade não se compromete esforço algum.
5. Segundo o INDC do Brasil está-se oficializando e transformando em Lei a continuação de desflorestamento na razão de 5.000 km2 – 70km * 70 km – por ano, com anuência das ONGs ambientalistas.
6. Não há esforço pelo entendimento de medidas para que as emissões sejam reduzidas o mais rápido possível. (vide pág. A23 do OESP)
7. As sociedades são mal informadas. Comprometimentos se prestam mal a mobilizações e pressões sobre os governos.
8. O Brasil é o país que poderia fazer uma contribuição importante para as reduções de emissões de GEE e realizar simultaneamente um desenvolvimento social e econômico. Produziria um exemplo, um benchmark. Mas para tanto haveria de realizar uma ruptura e um salto cultural.
9. A pressão por auxílios financeiros sem a apresentação de projetos em que seriam aplicados corresponde a uma atitude subdesenvolvida. As mudanças de matrizes energéticas e o suprimento de energia aos contingentes pobres podem ser realizadas pela iniciativa privada, com subsídios oficiais. É curioso que não se obtém noticias dessa abordagem pela mídia.
34.  “Acordo de Paris obriga ‘transição energética”
é manchete do OESP na pág. A16 EM 14.12.2015. Totalmente enganosa. Empresários sabem da irreversibilidade da mudança das matrizes energéticas e planejam correspondentemente suas atividades, sem terem sido incentivados por “acordos”. São os políticos que correm atrás com manifestações bombásticas alardeando “sucessos de negociação”. Poucos países até agora formularam políticas de mudança da matriz energética seguindo os exemplos de Alemanha, Dinamarca e poucos outros. É verdade que a China é uma exceção no volume de investimento em energias renováveis, embora ainda as suas emissões sejam as maiores de todos os países e apresentem conseqüências graves.
O artigo informa que os empresários se entenderam em paralelo com as atividades da conferência COP 21. Os políticos apenas adotaram o rebaixamento do limite de aquecimento de 2 graus para 1,5 graus centígrados. Não especificaram as ações necessárias. Então não temos aí uma política nem um projeto.
Tudo jogo de cena para salvar as aparências.

35.  A Conferência de Paris – uma avaliação, por José Goldenberg
http://opiniao.estadao.com.br/…/geral,a-conferencia-de-pari…avaliacao,10000005385
em 21.12.2015 no OESP, pág, A2
Temos aí uma bela peça de pronunciamento ‘politicamente correto’. Atem-se a aspectos positivos genéricos – em particular numa comparação das Conferências de 1992 e 2015 -, e omite que as proposições apresentadas pela representação do Brasil constituem um logro: Referidas às emissões ocorridas em 2005 não prometem reduções futuras, pois já foram alcançadas. Desta forma o Brasil atuou para impedir resultados mais expressivos, cuja falta é apontada pelo autor. Ele não quantifica as reduções de emissões que seriam alcançadas por um programa de Desflorestamento Zero Já – em três anos, ou no máximo cinco -, que comportariam um terço das atuais emissões do Brasil. Não cita uma meta finalização dos desmatamentos, nem de intensidade de reflorestamento, nem de recuperação de bacias hidrográficas. E atém-se a generalidades na geração de energia e aumento de eficiência energética, omitindo por completo as contribuições da agro-pecuária. Desta forma uma bela redação serve para encher de areia os olhos de leitores menos informados e de seus admiradores, prestando um péssimo serviço à formação das percepções da Cidadania.

Saiba o que acontece de mais importante no Brasil e no mundo. Credibilidade na informação sobre política, economia, esportes, cultura, tecnologia, estilo de vida…
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Pós COP 21
36.  Sobre o artigo de Antonio Correa Lacerda no OESP de 08.01.2016 “Proteção tarifária e protetividade”:
1. Contra condições de mercado internacional de “dumping” – de câmbio, de impostos, de salários, de condições sociais” só existe a defesa por taxas de importação.
2. Como qualquer outro remédio, também este tem efeitos colaterais, a serem tratados.
3. Era previsível que o crescimento da China e o seu consumo de aço e minério de ferro viriam a diminuir, mesmo considerando que os atuais índices de crescimento se refiram a uma base maior que a de dez anos atrás.
4. Registremos que a capacidade de produção da indústria siderúrgica nacional seja de 33 milhões de toneladas por ano., em confronto com uma capacidade de produção global de 700 milhões de toneladas anuais, sofrendo de ociosidade significativa. A tentação ao dumping fica evidente. A defesa tem de proteger a ocupação da mão de obra no Brasil – e não só no Brasil.
5. Delineia-se, que todas as sociedades precisam produzir em primeiro lugar para os seus mercados internos, inclusive a China.
6. É possível, que muitos mercados se aproximem de saturações, inclusive o do aço, pois se chegará, forçosamente a uma situação em que as infraestruturas estarão estabelecidas.
7. Então sobreviverão os produtos mais “inteligentes”. Dentre estes está o “aço verde”, produzido com redutores renováveis, ou seja, com carvão vegetal. O Brasil dispõe não só dos melhores minérios de ferro, como das melhores condições de produção de carvão vegetal em áreas degradadas, por exemplo no Pará. Oferecem-se também excepcionais condições logísticas: Proximidade de minério e carvão, transporte fluvial, portos profundos na costa da região Norte, localização favorável em relação aos Estados Unidos e à Europa. E o mercado favorável a produtos “verdes” e oferta de ocupação a contingentes pobres. O Pará tem um dos mais baixos índices IDH do Brasil.
Curiosamente, nenhum órgão do governo, nenhuma empresa (preocupada com problemas atuais), nenhuma ONG, nenhum partido nem mesmo um político, nem os economistas se dão conta dessa possibilidades de mercado e de Desenvolvimento Sustentável – ambiental, social e econômico.
Mas todos participam da vergonhosa masturbação mental fraudulenta das propostas da Brasil na COP 21 em Paris, pelas quais pretendem obter elogios e prêmios.
37.  Meta de emissões de GEE Zero em 2030 para o Brasil.
CANADA’S 100-PER-CENT RENEWABLES SCENARIO (2050)
Energy mix:
Solar: 21.2 per cent
Onshore wind: 37.5 per cent
Offshore wind: 21 per cent
Wave energy: 2 per cent
Geothermal: 1.9 per cent
Hydroelectric: 16.2 per cent
Tidal turbine: 0.2 per cent
Job creation impact: 293,000 construction jobs; 463,000 full-time operation jobs
Avoided health costs per year: $107.6-billion
Avoided pollution deaths per year: 9,598
Source: Stanford University
Comentário: Se para o Canadá, que hoje depende do carvão mineral e do petróleo para sua indústria, transportes e consumo doméstico 100% de provisão por energia renovável até 2050 seria possível, até mesmo sem contar com bioenergia, para o Brasil, que já tem uma matriz energética com perto de 50% de energia renovável hoje, os 100% não seriam factíveis até 2030?
Considerando o imperioso Desmatamento Zero Já – em três anos, no máximo cinco anos – e outros avanços paralelos na agropecuária e no saneamento, a meta de emissões de GEE nulas em 2030 seria alcançável. Mas o governo se omitiu na COP 21 em Paris, sendo secundada pelas ONGs que se dizem ambientalistas.
38. Posição oficial do governo.

Não se deixem enganar:
Confiram que a ministra, mas também nenhum dos demais presentes, tocou no assunto do desflorestamento, em particular da Amazônia e do Cerrado. Diz que até 2020 “podemos operar em ‘business as usual'” Isto significa que ela libera / permite / autoriza destruir 5.000 km2 ( = 70 km x 70 km) por ano nestes próximos 5 anos!!!!! Ninguém se dá conta ou está comprometido com a bancada ruralista? A proposta INDC do Brasil diz isso: O Brasil não promete fazer nada para o bem da humanidade…..e de si mesmo.

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Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o rascunho do acordo da COP21…
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39.  Crime de Belo Monte:
É uma monstruosidade: Finalmente vem à tona, que o crime social, ambiental e econômico da construção da usina de Belo Monte foi cometido para ser fonte de recursos para o PT. As incontáveis discussões sobre a insustentabilidade foram ações ingênuas. Gastaram-se fortunas de promoção midiática com recursos do orçamento. O financiamento foi feito pelo Tesouro, isto é, também pelo contribuinte. A administração pública, ministérios e EPE estiveram / estão engajados. As ONGs coniventes ainda apoiaram o governo na falsidade das apresentações na COP 21. Faltam predicados e falta espaço nas prisões. O orgulho nacional há de morrer de vergonha.
40.  Brasil precisa de desmatamento zero para cumprir meta de corte de emissão de gases estufa
Brasil precisa de desmatamento zero para cumprir meta de corte de emissão de gases estufaBrasília, 11 de abril de 2016 – Uma análise feita por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) mostrou que o Brasil precisa reduzir o desmatamento em 87% até 2025, em relação a 2014, para atingir as reduções de emissões propostas para o país. Já em 2030, seria necessário zerar as emissões de desmatamento e reduzir emissões de outros setores para cumprir a meta proposta internacionalmente.De acordo com a projeção, em 2025 o Brasil emitirá 1,51 bilhão de tonelada de dióxido de carbono (CO2). Essa emissão projetada está 9,6% acima do número que consta da NDC (sigla em inglês para contribuição nacionalmente determinada) para 2025: 1,38 bilhão.Para atingir a meta de 2030 – 1,25 bilhão de tonelada de CO2–, é preciso chegar ao desmatamento zero e ainda reduzir em 173 milhões de toneladas de CO2 as emissões somadas dos outros setores (energia, agropecuária, industrial e resíduos). “Ainda que a gente atinja o desmatamento ilegal zero em 2030, haverá emissão equivalente a 10% do desmatamento de 2015”, explica a pesquisadora e diretora do IPAM Andrea Azevedo.

A análise indica que o Brasil precisa ser mais ambicioso em seus planos de controle de emissão. “Ninguém quer mais desmatamento, ilegal e nem legal. Mesmo que cresça a área para a agropecuária com intensificação da produção, é necessário reduzir consideravelmente a conversão do solo de floresta para outros usos”, afirma Azevedo.

Segundo a pesquisadora, diversas empresas já se colocam claramente a favor do desmatamento zero de florestas, seja legal ou ilegal. “Muitos foram pressionados pelo Ministério Público Federal, por grandes organizações e até consumidores”, diz. “O resultado é que essas empresas perceberam que é possível produzir, crescer e ganhar mercados mantendo florestas.”

Papel do setor

A NDC brasileira foi construída em três eixos de mitigação: energia, agropecuária e mudanças do uso do solo. Este último é o foco da análise do IPAM e desdobra-se nas seguintes ações: cumprimento do Código Florestal, desmatamento ilegal zero até 2030, compensação das emissões de gases estufa provenientes da supressão legal da vegetação até 2030, restauração e reflorestamento de 12 milhões de hectares de florestas até 2030, e manejo sustentável de florestas nativas.

A análise baseia-se em dados brutos do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa) e considera emissões brutas, ou seja, o que efetivamente foi para a atmosfera. O governo federal, em suas estimativas, reporta emissões líquidas, assumindo que florestas em unidades de conservação e terras indígenas sequestram ativamente grandes quantidades de carbono todos os anos – cujo número pode variar enormemente de acordo com a metodologia aplicada.

Com os dados líquidos, como o Brasil reporta, o país atingiria as metas propostas na NDC só com o controle do desmatamento. “Vamos lembrar que, até alguns anos atrás, o setor de mudança de uso do solo era o vilão do inventário brasileiro de emissão de gases estufa, devido a taxas muito altas de desmatamento”, afirma o pesquisador Marcelo Stabile, do IPAM.

A situação se inverteu com ações de comando e controle, no início da década, e com iniciativas de ampliação de governança, especialmente nos setores agropecuário e madeireiro. “É necessário que se reconheça a importância deste setor no controle da emissão de gases estufa, que a sociedade invista recursos para que o desmatamento acabe, que áreas protegidas continuem exercendo seu papel e que a restauração florestal ocorra conforme o Código Florestal”, diz Stabile.

Saiba mais sobre o trabalho do IPAM em www.ipam.org.br.

Mais informações para a impresa:

Cristina Amorim – cristina.amorim@ipam.org.br, (61) 2109-4150 e (61) 9127-6994

 

IPAM

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Comentário:  Capengando na direção certa.  Desflorestamento Zero Já teria prazo de 3 a 5 anos, mais tardar em 2020.

42.  Clima – como cumprir os compromissos de Paris?, pergunta José Goldenberg, em OESP, 16.04.2016, pág. A2.

Ora, o professor deve saber que os compromissos assinados pela ministra Izabella Teixeira são prova de Irresponsabilidade, pois conforme as próprias palavras por enquanto significam “business as usual”. Continuarão sendo destruídos mais de 5.000 km2 de Floresta Amazônica por ano com consentimento do governo! É uma triste verdade que as ONGs ambientalistas consentiram.Por que? O resto do texto está certo, mas deve-se acentuar, que a China é o país que maiores esforços empenha em reduzir as emissões de GEE, que lá perturbam as populações. Um comportamento Responsável do Brasil compreenderia um desflorestamento zero em no máximo 3 a 5 anos e outras medidas citadas por Goldenberg, através das quais em 10 a 15 anos o Brasil produziria emissões ZERO. Por que o professor não argumenta assim?

43.  04. 2116.  Assinatura do acordo de COP21

Assinou-se o acordo de COP 21.  Ele trata só das emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE.  E é um texto diplomático, baseado em contribuições voluntárias de países – sociedades – soberanas.  Pelo menos reconheceram-se necessidades de ações por um objetivo comum.  O grau de desempenho de Responsabilidade a que cada parte estaria disposta não foi examinado.  A Responsabilidade não constou, ou pelo menos não teve relevância nas tratativas.  Mas trata-se da Responsabilidade pelas Condições de Vida dem todas as espécies no futuro.  Então cada sociedade deveria estar comprometida a atingir um nível mínimo de emissões no prazo mais corto possível.

Este critério lógico (ainda?) não foi propagado.  O Brasil poderia com muita facilidade eliminar 30% das emissões em 3 a 5 anos, outros 30% com algum esforço em 10 anos e os restantes 30% em 20 anos, condicionando-se à qualidade de sumidouro de GEE em 2035.  Mas escondeu-se atrás das condições incomparavelmente mais difíceis de outros países, até da China.

 

44.  Ampliação das metas INDC – Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas – apresentadas em Paris.

Quando foi fechado o acordo, já se sabia que as contribuições postas em vista não seriam suficientes para conseguir manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Centigrados, mesmo que fossem executadas na íntegra. Esta verdade acaba de ser confirmada por novos estudos publicados na revista Nature. É incontestável também, que quanto mais cedo que medidas de efeito sejam executadas, melhores serão os resultados em termos de contenção do aquecimento.  A Responsabilidade de cada nação / sociedade é realizar os esforços possíveis nos prazos mais breves possíveis.

Atualmente o noticiário informa sobre avanços “surpreendentes” na geração eólica e solar mundo afora: China, Estados Unidos, Índia, Austrália, Europa etc. Os investimentos de geração elétrica com fontes renováveis superaram os investimentos de geração com energias fósseis. Algumas minerações de carvão foram terminadas. As emissões de gases causadores do efeito estufa – GEE pararam de aumentar. E a tecnologia automotiva com acionamentos elétricos e híbridos chega ao mercado, devendo ser dominante até 2025 ou 2030.

Mas qual seria a atuação do Brasil, caso pretendesse viver à altura de suas Responsabilidades diante da Humanidade?

Resposta: Minimizar as emissões de GEE, hoje num patamar de 1.500 GtCO2equiv por ano no prazo mais curto possível. Isto significa:

Eliminar as emissões por desflorestamento de ainda 500 GtCO2equiv por ano em 3 – no máximo 5 – anos, mediante uma política de Desflorestamento Zero Já.

– Intensificar os investimentos em geração eólica, solar e com biocombustíveis, terminando os investimentos em hidrelétricas na Região Amazônica e terminando a geração com combustíveis fósseis, salvo casos excepcionais.

– Incentivar a produção de etanol e biodiesel, e a mobilidade com acionamentos elétricos e híbridos com etanol (ou biodiesel).

Com estes dois conjuntos de medidas outros 500 GtCO2equiv de emissões por ano podem ser eliminados até 2025.

– Promover a eficiência energética no sistema elétrico e na indústria e comércio, promover a redução de emissões na agricultura e na pecuária, providenciar o tratamento adequado dos resíduos sólidos e líquidos e executar reflorestamentos intensivos.

Até 2030 o Brasil poderia se aproximar da condição de sumidouro de GEE e, simultaneamente, estaria progredindo no Desenvolvimento Sustentável Social e Econômico.

Por que ainda não se discute em público uma pauta com estes termos?